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Entrevista com a neuropsicóloga Dra. Talita Perboni | Como a psicologia pode ajudar na enxaqueca

  • Foto do escritor: Telix
    Telix
  • 9 de out.
  • 16 min de leitura

Atualizado: 16 de out.

Laura: Hoje você vai entender a relação entre depressão, ansiedade e enxaqueca, e o que você pode fazer para lidar melhor com isso. Por isso, a gente vai conversar com a neuropsicóloga do setor de cefaleia e dor orofacial do Instituto de Neurologia e Cardiologia de Curitiba, a Talita Perboni. Tudo bem, Talita?

Talita: Tudo bom, Laura e você? Laura: Tô bem também. Tô muito feliz que você topou estar aqui com a gente hoje para a gente falar sobre TCC e enxaqueca, como isso pode ajudar. Então, Talita, qual é a importância de uma pessoa que sofre de enxaqueca ter apoio psicológico? Talita: Então, por que é importante a pessoa que sofre de enxaqueca ir ao psicólogo? É uma pergunta bem importante, né? A gente fica pensando: poxa, enxaqueca é uma dor de cabeça, né? E o psicólogo entra onde nisso? O psicólogo entra dentro desse contexto da dor de cabeça, da enxaqueca, porque, na verdade, a enxaqueca é uma doença bastante prevalente no mundo. A gente estima que ela atinge até cerca de 15% da população mundial, principalmente mulheres, chegando a até 20%. Ou seja, um pouquinho mais do que a média da população geral.

Ela tem uma correlação muito grande com vários transtornos psicológicos e psiquiátricos, especialmente com a depressão, o transtorno bipolar, a ansiedade e o estresse pós-traumático. A gente já sabe que essas comorbidades psiquiátricas que acabei de citar, e algumas outras, aumentam o risco da cronificação da enxaqueca.

O que é a cronificação da enxaqueca? É quando a enxaqueca começa a aparecer em vários dias do mês. Ela pode vir uma vez no mês, uma vez no ano, uma vez a cada 15 dias ou até uma vez a cada 5 anos. Mas, se ela vem mais do que 15 dias no mês, a gente já começa a pensar em enxaqueca crônica. Ter comorbidades psiquiátricas aumenta muito o risco de a enxaqueca se tornar crônica. Por isso, o psicólogo tem um papel importante nesse tratamento.

Além do risco aumentado de a enxaqueca ficar crônica, ou seja, de termos mais dias de dor de cabeça e mais dias de enxaqueca no mês, essas comorbidades também intensificam a incapacidade funcional. Isso significa mais dificuldade no dia a dia relacionada à dor, pior qualidade de vida e aumento dos custos com tratamento de saúde. Além do custo relacionado ao tratamento da enxaqueca em si, há também o custo do tratamento psiquiátrico e psicológico.

Então, existem grandes correlações entre a enxaqueca e os transtornos psiquiátricos e psicológicos. É por isso que o psicólogo é tão importante para esse público.


Laura: Então, a abordagem da psicologia que tem parecido ser eficaz para enxaqueca seria a TCC. E por que a TCC e não essas outras abordagens da psicologia? Por que a TCC? Talita: Então, por que a TCC? Diferente das outras abordagens, ela tem um diferencial importante. Assim como as demais, o grande objetivo é melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Igual a todas as abordagens psicológicas, nós queremos melhorar a vida da pessoa.

Mas, diferente das outras, a TCC é um grupo de várias terapias, e todas elas têm um grande objetivo em comum: a estruturação de um método de trabalho baseado em comprovação científica. Ou seja, ela parte de um método científico que busca provar que a psicoterapia funciona.

Não se trata apenas de trazer bem-estar psicológico ao paciente, mas de demonstrar que esse bem-estar é realmente efetivo para determinadas condições. A TCC é muito eficaz para enxaqueca e para depressão, por exemplo, mas determinados tipos de TCC funcionam melhor para tipos específicos de condições. Isso é diferente das outras abordagens, que não têm essa subdivisão tão detalhada. Laura: A TCC caminha junto com a neurociência. Os avanços da neurociência vão acontecendo, e a TCC está acompanhando, né? Isso é muito importante.

Então, na entrevista que eu estava assistindo sua, para preparar até um pouco aqui a nossa conversa, você falou que existe de 2 a 10 vezes mais chances de um paciente com enxaqueca desenvolver um transtorno de ansiedade ou depressão. Como seria essa relação? Queria que você me explicasse. Talita: Então, na verdade, essa chance aumentada vai de 2 a 5 vezes. Um paciente com enxaqueca tem de 2 a 5 vezes mais chance de desenvolver alguma comorbidade, ou seja, alguma doença psiquiátrica junto com a enxaqueca. Isso em termos gerais. A enxaqueca pode estar associada a qualquer condição psiquiátrica com um risco de 2 a 5 vezes maior do que em pessoas que não têm enxaqueca.

Se a gente pensar em pessoas que têm enxaqueca com aura, que é um grupo específico da doença, a chance é ainda maior do que em pessoas com enxaqueca sem aura. Além disso, se olharmos para condições psiquiátricas específicas, teremos números mais detalhados.

A depressão, por exemplo, é encontrada em cerca de 40% dos pacientes com enxaqueca. Pacientes com enxaqueca têm até 5 vezes mais chance de desenvolver depressão, enquanto pacientes que já têm depressão têm 3 vezes mais chance de desenvolver enxaqueca. Ou seja, uma condição aumenta a chance de desenvolvimento da outra. Essa é uma relação que chamamos de bidirecional: uma condição pode causar a outra.

Também sabemos que a associação entre enxaqueca e depressão aumenta muito o risco de suicídio. E acabamos de sair do Setembro Amarelo, que é o mês de prevenção ao suicídio. Por isso, é fundamental ter atenção especial a essas duas condições associadas.


Laura: Você tá me dizendo que, se eu tenho algum familiar que sofre com enxaqueca, isso já é um alerta, tipo: “ah, essa pessoa realmente pode desenvolver”. Por exemplo, se for um filho meu, já tenho que levar na psicóloga porque eu sei que é bidirecional? Talita: Isso. Se você tem um filho que tem enxaqueca, ele tem mais chance de desenvolver algum transtorno psiquiátrico, sim, como depressão, ansiedade que eu vou falar daqui a pouquinho, e transtorno bipolar. É importante cuidar da saúde emocional dessa pessoa.

No caso do transtorno bipolar, por exemplo, a gente sabe que cerca de 30% das pessoas que têm esse transtorno também têm enxaqueca, principalmente mulheres. De novo, isso mostra como essa relação está presente de forma muito mais ampliada do que na população geral.

Com a ansiedade também há esse risco aumentado, podendo chegar a até 5 vezes mais do que em pessoas sem enxaqueca. Quando falamos de ansiedade, podemos pensar tanto na ansiedade generalizada, a mais comum no dia a dia, quanto no transtorno do pânico, que é um tipo específico de ansiedade e gera sensação de morte iminente, muito incômodo e pode paralisar a pessoa. O transtorno obsessivo compulsivo e o estresse pós traumático também estão entre essas condições.

Todos esses tipos de ansiedade tendem a estar mais presentes em pacientes com enxaqueca. Da mesma forma que a depressão, essa relação também é bidirecional. Pessoas com enxaqueca têm mais chance de ter ansiedade e pessoas ansiosas têm mais chance de desenvolver enxaqueca.

Além disso, pessoas que têm transtornos psiquiátricos ou psicológicos e enxaqueca costumam ter crises com mais frequência, precisam de mais medicação para controlar a dor, têm mais chance de desenvolver enxaqueca crônica, apresentam mais incapacidade por conta da dor, faltam mais ao trabalho, têm produtividade menor, pior qualidade de vida e custo de tratamento muito mais elevado.

Esse custo é estimado em até cerca de 90 mil dólares por ano por paciente. É muito alto, realmente muito alto. Por isso, é essencial cuidar da saúde emocional de quem tem enxaqueca. E, se a pessoa já tem uma saúde emocional mais vulnerável, também é importante cuidar para que não desenvolva enxaqueca. Laura: Com certeza, o emocional hoje é o que mais está tirando as pessoas do mercado de trabalho. Esses transtornos emocionais são muito frequentes. Muito legal e muito interessante esse dado que você trouxe.

Esses dias eu estava conversando com uma paciente de enxaqueca que sofre com a doença há 12 anos. Eu, como leiga, não sabia que a enxaqueca tinha esse fator genético, essa carga genética tão forte. Ela comentou que, quando era pequena, a avó ficava, depois de fazer as atividades domésticas, deitada na rede com uma folha de baleira na testa, sofrendo com dor.

E pergunta se ela se queixava para alguém naquela época. Meu Deus, as pessoas diziam “você é fresca, você está com dor”. Ninguém falava sobre isso, até porque, pensa, que pessoa sente dor todo dia? Ou então as pessoas ao redor acabam criando um certo preconceito.

Que bom que agora a gente pode contar com a TCC e com terapias em que a pessoa tem esse apoio.


Talita: Sim, infelizmente, antigamente era muito comum as pessoas sofrerem pela dor. E o mais triste é que, infelizmente, hoje isso ainda acontece.

Quem nunca foi a um profissional de saúde, por exemplo, por conta de dor de cabeça, e não ouviu o médico ou outro profissional de saúde, às vezes até um psicólogo, falar “ah não, mas isso é normal”? Ou ouviu de um parente, de um familiar, do marido, da esposa, “ah não, você vive se queixando, isso deve ser psicológico, para de reclamar”?

Quem nunca passou por uma situação dessas? Infelizmente, o estigma associado à dor de cabeça ainda é muito presente e muito forte. Laura: Então, a gente veio com a Telix com esse foco de falar que não, a dor de cabeça é uma doença e a gente tem que aprender a viver melhor com ela, buscando qualidade de vida.

Mas voltando para a TCC, vamos falar de coisa boa. Quais são as técnicas que a TCC tem que se mostram eficazes? Eu quero que você fale agora das técnicas para a gente melhorar. Talita: Então, a TCC se divide, como eu falei, em várias TCCs. A gente chama de TCC, mas hoje ela é um grande guarda-chuva, digamos assim. Dentro desse guarda-chuva existem várias técnicas diferentes e vários braços.

Uma das técnicas que podemos trabalhar dentro desse grupo para pacientes com enxaqueca é a técnica específica para controle do estresse, porque sabemos que pessoas que sofrem de enxaqueca também costumam ter níveis mais elevados de estresse. Existem protocolos desenvolvidos para o manejo do estresse.

Outra modalidade é a TCCi, que é a terapia cognitivo-comportamental para insônia. Ela foi desenvolvida especialmente para pacientes com transtornos do sono. Não se aplica apenas à insônia, mas esse é o foco principal. Alterações do sono são extremamente comuns em pessoas com enxaqueca, então essa é uma forma de terapia bastante indicada.

Aqui vale uma ressalva importante: no caso da insônia, a TCCi é hoje considerada o padrão ouro de tratamento, sendo mais recomendada e apresentando melhores resultados do que o tratamento medicamentoso. As recomendações clínicas internacionais mostram que, muitas vezes, a terapia cognitivo-comportamental para insônia é mais importante do que a medicação. Para pacientes com enxaqueca e alterações do sono, a TCCi é uma excelente opção.

Além disso, existe a TCC específica para o tratamento da depressão e da ansiedade, com peculiaridades para cada condição. Para um paciente depressivo, a abordagem é diferente da utilizada para um paciente ansioso. No caso da depressão, temos mais evidência de boa resposta à medicação, então geralmente se associa a TCC ao tratamento farmacológico. O foco principal da TCC para depressão é a ativação comportamental, ajudando o paciente a retomar atividades no dia a dia e a sair do estado de apatia. Também são realizados ensaios comportamentais para identificar o que funciona para cada pessoa.

No caso da ansiedade, o tratamento com TCC pode, muitas vezes, ser suficiente, embora em alguns casos seja necessário associar medicação. A TCC para ansiedade investiga quais são os gatilhos que provocam ansiedade, trabalha o treino de habilidades para lidar com eles e realiza exposições graduais para que o paciente aprenda a enfrentá-los na prática. Também envolve a prevenção de respostas, ou seja, identificar o que pode ser feito para evitar que o gatilho volte a causar problemas.

Além dessas modalidades, existem outras técnicas derivadas da TCC com bons resultados para enxaqueca, como a ACT, que é a terapia de aceitação e compromisso. Ela apresenta excelentes resultados científicos e, quando associada ao tratamento farmacológico, tem boa resposta para pacientes com contraindicações a determinados tipos de medicamentos ou que têm comorbidades como ansiedade e depressão. Também mostra bons resultados em casos de estresse elevado, uso excessivo de medicamentos e grande incapacidade funcional no dia a dia.

Técnicas específicas de relaxamento, como o biofeedback, também ajudam na redução da dor e na melhora da incapacidade relacionada à enxaqueca, apresentando bons resultados em até 50% dos pacientes.

Outra possibilidade é o Mindfulness, que muitas pessoas já ouviram falar. No caso da enxaqueca, o Mindfulness aumenta a tolerância à dor. Pode parecer estranho, já que as pessoas desejam não sentir dor, mas sabemos que a enxaqueca é uma condição crônica para muitas pessoas. O objetivo é aprender a manejar a dor, mesmo que ela não desapareça completamente. Aprender a tolerar crises que acontecem de forma eventual é uma habilidade importante. O Mindfulness contribui para essa tolerância, reduz a incapacidade relacionada à enxaqueca e melhora sintomas de depressão e ansiedade.

Essas são as principais técnicas da TCC com estudos científicos que comprovam sua eficácia no tratamento da enxaqueca. Laura: Legal, Talita. Então, pelo que eu entendi, na depressão os estudos têm mostrado que a TCC aliada à medicação tem se mostrado mais eficaz. E, para a ansiedade, a TCC por si só já tem se mostrado… Talita: É, ela se basta. Para a maioria dos pacientes, a TCC por si só já é suficiente. Laura: Nossa, muito bom, muito bom saber disso. Eu tenho enxaqueca e comecei a fazer terapia TCC. Em quantas sessões eu vou sentir que as minhas crises vão diminuir de intensidade? Quantas sessões, mais ou menos, para eu ver resultado? Talita: Ah, só fazendo um adendo na tua última fala. A TCC se basta para o tratamento da ansiedade, não para o tratamento da enxaqueca. O tratamento da enxaqueca continua com a medicação. É só para quem está em casa não confundir e achar que não precisa tratar a enxaqueca. Não é isso.

Mas agora, respondendo à sua segunda pergunta, sobre quantas sessões são necessárias. Veja, o tempo de resposta é individual, então cada pessoa vai ter o seu próprio tempo.

A boa notícia é que a TCC espera respostas rápidas. O processo de tratamento começa desde o primeiro momento, com o autoconhecimento e a psicoeducação sobre si mesmo, sobre a doença, sobre a enxaqueca e sobre o tratamento. A partir do momento em que a pessoa começa a entender o que está acontecendo com ela, o que é a dor, como a dor funciona, e passa a se conhecer melhor, já surgem resultados positivos.

Nas primeiras consultas já é esperado que haja respostas positivas ao tratamento. Não é uma terapia que vai levar semanas, meses ou anos para apresentar resultados. O paciente já deve perceber algum avanço nas primeiras sessões, sem sombra de dúvidas. Laura: E essa é a diferença, eu acho, da TCC. Ela não tem esse caráter de ser uma coisa longa, ela é focada realmente em resultados. Talita: Sim, ela é focada em resultados. No Brasil, a gente ainda tem um período de tratamento um pouquinho mais estendido, digamos assim, se comparado à criação original, já que muitas das TCCs vieram dos Estados Unidos ou da Europa.

Lá, eles são bem mais rigorosos com os protocolos de tratamento. Os tratamentos de TCC costumam ter de 15 a 20 sessões, então são bem mais reduzidos do que aqui. Aqui a gente costuma sentir um pouco mais de diferença no tempo total, mas a resposta também é bastante rápida, porque sabemos que ela funciona de forma eficaz desde o início. Laura: E, Talita, o que te levou a ir para a área da neuropsicologia? Talita: Então, inicialmente eu fui para a neuropsicologia a convite de uma amiga que me conhecia muito bem. Ela disse “Talita, neuropsicologia tem muito a ver com você, vamos conhecer essa área juntas, venha entender o que é neuropsicologia”. Eu conhecia muito pouco, não tinha grande conhecimento sobre essa área, então fui para conhecer o que era. Sou uma pessoa bastante curiosa pelo novo.

Quando entendi melhor o que é a neuropsicologia, que estuda a interface entre cérebro, mente e funcionamento do corpo, eu falei: gente, isso é sensacional. Essa conexão me fascinou, e nunca mais saí desse estudo do sistema cérebro, mente e corpo unificado. Achei uma integração que fez todo sentido na minha vida.Laura: Não, sim, é fascinante mesmo. Eu também acredito que, assim, eu gosto muito de ler sobre psicologia e vejo que, em outras áreas, essa relação da força do pensamento é muito clara.

Naquela entrevista da Sociedade Brasileira, você deu uma breve aulinha antes e falou sobre os pensamentos catastróficos, que muitas vezes fazem a gente ter uma leitura totalmente errada da realidade. E o mais impressionante é que a gente nem se dá conta disso. A TCC mostra que precisamos cultivar bons pensamentos, porque o pensamento modula o nosso comportamento. Talita: Sim, infelizmente todos nós temos pensamentos que chamamos de distorcidos. Esses pensamentos acabam trazendo sintomas no nosso dia a dia. O pensamento catastrófico é bastante comum, principalmente na enxaqueca. Chamamos isso de catastrofização da dor.

A TCC vem justamente com o objetivo de ajudar o paciente a lidar com esse padrão, a descatastrofizar a dor e entender que ela não é esse monstro de sete cabeças que parece ser. É importante compreender que ela é um visitante indesejado, um visitante ruim. Ninguém gosta de sentir dor, eu também tenho enxaqueca e sei o quanto ela é difícil, mas é possível aprender a lidar com ela de uma forma mais saudável.

A gente pode conviver com a dor de um jeito que ela incomode o mínimo possível a nossa vida. Isso é possível. Laura: É importante, né? A gente não vai curar, porque não existe cura, mas a gente aprende a lidar com aquilo. Hoje em dia existe muito essa ideia de que ninguém nasce pronto, é a primeira vez de todo mundo vivendo. E é muito bom que agora temos profissionais da psicologia a quem podemos recorrer, porque precisamos de ajuda para lidar com as coisas. Ninguém nasce preparado.

Eu fico muito feliz que hoje as pessoas podem contar com esse tipo de suporte. Eu sempre faço esse gancho porque as doenças sempre existiram, mas hoje, com informação e com essa multidisciplinaridade da medicina, as pessoas estão tendo mais qualidade de vida. Isso é muito importante.

Essa é a base do nosso projeto aqui no Telix: multidisciplinaridade e integração para tratamentos com foco em bem-estar e saúde, promovendo qualidade de vida para todo mundo.

Talita, você é neuropsicóloga no Instituto. Eu queria que você falasse quais são os profissionais com quem você mais tem interações no Instituto e como essas interações acontecem. Talita: Então, de forma geral, eu trabalho em contato direto com o neurologista, obviamente. O médico neurologista é um profissional com quem tenho um contato bastante frequente no tratamento de pacientes com enxaqueca. Também tenho uma relação próxima com nutricionistas, fisioterapeutas e odontólogos, principalmente dentistas. Esses são os profissionais com quem mantenho um diálogo mais constante no cuidado com os pacientes.

Por que temos esse contato tão próximo? Porque existe uma interface muito grande entre as condições que o paciente apresenta e os sintomas que aparecem de forma interligada. Vou te dar alguns exemplos.

Quando o paciente está ansioso, pode acabar tendo uma alimentação mais desregrada ou consumindo alimentos que são gatilhos para dor. Nesse caso, entram o psicólogo, o nutricionista e o neurologista para lidar com a dor associada à alimentação desequilibrada e à ansiedade.

Essa mesma ansiedade ou a alimentação desregulada podem levar ao aumento do apertamento dentário, então o odontólogo também se torna necessário nesse cenário, porque o apertamento e o bruxismo podem gerar dor.

Todo esse mecanismo também pode estar relacionado ao aumento da tensão corporal, principalmente em pescoço, ombros e cabeça, o que exige a atuação do fisioterapeuta para desativação de pontos gatilhos.

Todos esses sintomas estão interligados, por isso a equipe multidisciplinar é tão importante. Precisamos manter comunicação constante, porque muitas vezes o paciente relata uma informação para mim e, na consulta com outro profissional, esquece de mencionar aquela parte. Quando estamos em diálogo, conseguimos integrar todas essas informações e oferecer um tratamento muito mais completo e eficaz. Laura: E tem algum paciente, assim, um case de sucesso lá no Instituto que você gostaria de compartilhar com a gente? Vocês atendem muita criança? Eu fiquei com essa dúvida. Talita: O meu atendimento é apenas para adultos, eu não atendo crianças. Mas existe uma parte da equipe que faz o atendimento infantil, então provavelmente há algumas histórias bem interessantes com crianças, eu só não saberia te contar em detalhes.

Agora, casos de sucesso, sim, existem vários. Temos muitos pacientes que chegaram com dores crônicas diárias, aquelas dores que estavam presentes todos os dias, o dia inteiro, e que, com o tratamento, passaram a não sentir mais dor ou a ter crises muito mais espaçadas, como uma vez por ano.

Esse resultado acontece porque o paciente é parte fundamental do tratamento. Ele precisa assumir o próprio cuidado e estar disposto a fazer a sua parte. Isso inclui mudar o estilo de vida, cuidar da saúde mental, da alimentação, tomar corretamente as medicações e praticar atividade física.

É um processo de transformação que depende principalmente do paciente. Nós, profissionais, somos coadjuvantes nessa jornada, ajudando e orientando, mas quem faz a mudança de fato é a própria pessoa. Laura: A adesão ao tratamento é essencial para o sucesso, e Talita, já indo para o final da nossa conversa, eu queria que você deixasse um conselho para quem sofre de enxaqueca e foi diagnosticado com transtorno depressivo ou de ansiedade. O que você deixaria de conselho? Talita: Então, acho que o meu principal conselho é lembrar que a enxaqueca é uma doença. Não deixe de buscar tratamento e de procurar um bom profissional especialista em dor. Principalmente as mulheres, que são mais suscetíveis a essa condição, precisam estar atentas.

A correlação com os transtornos de humor é real, mas isso não significa que a dor é psicológica. Significa que os aspectos psicológicos podem aumentar a intensidade, a frequência e outros fatores relacionados à dor, como a qualidade de vida e os custos com tratamento. Mas não é a sua cabeça que está inventando a dor.

Um tratamento integrado, com uma equipe multidisciplinar que envolva medicação, psicólogo e outros profissionais, além de educação sobre a dor, é fundamental. Sentir dor de cabeça pode ser comum, mas não é normal.

Se você sente mais de três dores no mês, esse já é um sinal de alerta. Mais de três episódios mensais indica a necessidade de procurar um médico ou outro profissional de saúde para investigar se é hora de iniciar um tratamento, evitando que a dor se torne crônica.

A dor crônica é aquela que começa a aparecer em mais da metade dos dias do mês e, daí para ser diária, é um passo curto. Três dias ou mais no mês já é um ponto de corte importante. Quando isso acontecer, pense: “opa, minha dor está começando a ficar frequente, vou procurar um profissional”.

Pode ser um médico, um psicólogo que entenda do assunto ou outro profissional de saúde que saiba lidar com dor de cabeça. E, se você ouvir que “dor de cabeça é normal” e “não precisa se preocupar”, procure outro profissional. Não se acanhe em buscar alguém que realmente entenda do que está fazendo. Laura: Com certeza, quem sofre de dor de cabeça não está sozinho. A gente tem uma comunidade que enxerga que é uma dor real e que é possível buscar qualidade de vida. Não é algo limitante. O Instituto onde a Talita trabalha está aí para mostrar esses casos de sucesso.

Ah, Talita, eu tô muito feliz que você tenha aceitado ter essa conversa com a gente aqui no Telix. E poxa, a gente é paranaense, sabia? Eu sou aqui de Foz do Iguaçu. Você é de Curitiba? Talita: Que legal, estamos no mesmo estado. Laura: E falar para o pessoal que segue a gente aqui que o Telix tem um compromisso de trazer informação e conversas com especialistas. No nosso site, tudo é baseado em evidências científicas, e aqui a gente traz as melhores autoridades.

A Talita é palestrante, falou na Sociedade de Cefaleia e no IHC. Eu vi seu nominho lá na lista. Isso é incrível.

Eu queria te agradecer e também lembrar o pessoal: gente, vocês não estão sozinhos. Dor de cabeça não é brincadeira. O nosso projeto começou focado em dor de cabeça, mas temos planos de estender para outras doenças.

A gente tem esse compromisso de trazer as melhores referências da saúde para vocês. Muito obrigada!



Talita: Eu adorei o projeto, parabéns para vocês. É um projeto maravilhoso.


Laura: E você tá aqui no começo, hein. Quando a gente crescer, você vai falar “nossa, eu já falei com eles”. Isso aí. Muito obrigada, Talita.


Talita: Que orgulho. Muito obrigada pela oportunidade de estar aqui.


Laura: Obrigada a você, Talita. Um beijo, muito obrigada.


Talita: Obrigada, pessoal que assistiu, tchau tchau.





 
 
 

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