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- Entrevista com a Dra. Aline Okita sobre Inteligência Artificial aplicada à dermatologia
Transcrição da entrevista da Dra. Aline Okita para o Telix realizada no dia 13 de Setembro de 2024. Entrevistadora: Marina Ghisi (M) Convidada: Dra. Aline Okita (A) M: Você tem problema de pele? Você acha que alguém que você ama pode ter câncer de pele? Então essa live é para você. Estamos aqui com a doutora Aline Okita. Ela é CEO da Kintsu , que é uma empresa que aplica inteligência artificial para ajudar quem tem problemas de pele e ela também é médica e dermatologista, formada pela USP e é consultora do Hospital Israelita Albert Einstein . Doutora, bom dia, seja bem-vinda! A: Olá! Bom dia, obrigada pelo convite. Então, é um tema que eu adoro, então obrigada. Fico muito empolgada para poder ajudar muitos pacientes, muitas pessoas a olharem mais para essas questões de pele e de como a tecnologia, a inteligência artificial e todos esses recursos podem auxiliar no diagnóstico e no tratamento adequado dessas doenças. M: Que legal! Doutora, só para a gente entender melhor, quais são os problemas de pele mais graves e perigosos? Existem vários, né? Então é até difícil de comentar, então o câncer de pele, obviamente, principalmente o melanoma, é um dos mais graves, né? Então ele pode realmente espalhar e ir para outros lugares e tem uma taxa de letalidade, é o que tem maior taxa de letalidade comparado com outros cânceres de pele, mas existem várias outras doenças que também podem ter desfechos ruins. Então, por exemplo, existem doenças graves como a dermatite atópica, que é uma coisa super normal, então todo mundo tem um filho que tem uma dermatite, que tem uma alergia, e tem pessoas que ficam muito graves, crianças às vezes que ficam graves e precisam ficar internadas para fazer o seu tratamento, por causa de infecção secundária. Às vezes pode acabar precisando até de internação em UTI, podem ter complicações de infecções, assim como doenças bolhosas também. A psoríase pustulosa, que a gente tá falando muito agora também, podem ter quadros bem graves e o paciente precisar de internação. M: Nossa, nem imaginava que tinha essas outras doenças complicadas. Eu achava que parava no câncer de pele. Deixa eu perguntar pra vocês que estamos assistindo: algum de vocês tem ou teve algum problema de pele? Vou pedir para você contar para a gente nos comentários como é que foi a tua experiência com esse problema. E se vocês tiverem alguma pergunta para a doutora Aline, vocês podem fazer em qualquer momento da entrevista. A gente não vai na hora interromper a entrevista, mas no final da entrevista vai ter um momento para que a doutora vai responder as perguntas aí. E eu queria agradecer que já teve cinco pessoas que mandaram perguntas pela caixinha de perguntas que a gente colocou nos nossos stories do Insta. Então, obrigada! As perguntas de vocês vão ser respondidas! Voltando ao tema, doutora: nós vimos no seu perfil que você publicou um estudo sobre como reconhecer câncer de pele usando fotos tiradas por celular comum, é isso mesmo? A: Sim, exato. Esse é um trabalho que eu já venho fazendo há bastante tempo, em várias áreas, inclusive, e muito ali com o Hospital Israelita Albert Einstein. Então, em algumas pesquisas de como a gente poderia usar fotos que o paciente mesmo possa tirar para identificar qual é a urgência dele procurar um médico, um dermatologista, um especialista. Porque muitas vezes aquele paciente fica “será que é grave ou não é?” e na nossa rotina você fala “vou ter que ficar passando no médico toda hora”. Então a ideia é a gente poder democratizar o acesso a esse tipo de informação. Então que o paciente pelo menos possa fazer uma triagem, obviamente que isso não substitui a avaliação do médico, mas que ele possa fazer uma triagem e saber se ele precisa procurar com urgência um dermatologista, ou se ele pode, de repente, ficar um pouco mais tranquilo e passar num generalista e aguardar porque aquilo lá provavelmente não é uma lesão grave. Então, a gente fez um trabalho muito grande pensando em quais seriam os tipos de urgência para esse paciente procurar o médico. Então, por exemplo, casos mais leves, ele pode aguardar ou pode procurar um generalista. De repente pode ser uma mancha mais superficial, podem ser lesões: são infecções superficiais que estão menos graves. Existem doenças que têm um tratamento específico, e são doenças crônicas, como, por exemplo, a psoríase, a dermatite, a psoríase pustulosa, a hidradenite, lichen planus… tem várias outras doenças que precisam de um acompanhamento dermatológico e de um tratamento. Então, precisa ir procurar o dermatologista e acompanhar. Agora, tem outras, como, por exemplo, o melanoma, como eu comentei, que é o quanto antes tem que ir avaliar porque precisa tirar essa lesão o quanto antes. Então, esse é o tipo de classificação que a gente fez ali, baseado em imagens. M: Entendi. E como esse estudo pode impactar a vida das pessoas em geral? Por exemplo, a vida das pessoas que estão acompanhando a nossa live. A: Perfeito. Hoje a gente discute muito a medicina do futuro. Então, como que vai ser essa medicina? Ela vai ser mais proativa em vez de reativa. Então, a gente não pode ficar esperando dar um problema para procurar só ficar ali tratando o que deu problema. O ideal é que a gente seja o mais precoce possível na detecção e no tratamento. Aqui falando da dermatologia, mas de todas as doenças, né? Então, inclusive, por isso que a gente precisa comer bem, fazer atividade física porque a gente previne de ter obesidade, problemas cardíacos e na pele? O quê? A gente precisa passar protetor solar, a gente precisa olhar para as antecipadamente ver se elas não estão mudando e aquelas que estão mudando: que estão com uma característica esquisita? que elas estão sangrando? elas estão crescendo rápido? Então talvez o paciente pudesse tirar uma foto e essa inteligência artificial vai falar, olha “você precisa ir logo procurar uma avaliação especializada para fazer uma detecção precoce”. Essa detecção precoce evita que essa lesão se espalhe, cresça demais. Então, se ela cresce muito, você tem que fazer uma cirurgia. Às vezes, se for no rosto, ela é mutilante. E se ela espalhar para outros lugares do corpo, às vezes precisa fazer uma quimioterapia. Os tratamentos ficam caros e aumenta, claro, o risco de mortalidade. Então, essa tecnologia pode ajudar esses pacientes a detectarem precocemente, fazerem procedimentos menos agressivos. E, claro, aumentar a sua chance de sobrevida. M: Nossa, perfeito, doutora. É muito importante essa questão de fazer a detecção precoce. Que bom que vai ter essas ferramentas mais próximas dos usuários, né? E por que vocês decidiram usar a tecnologia de inteligência artificial especificamente nesse estudo? A: Perfeito. A área da dermatologia é uma área muito visual, né? Então, isso é interessante. Então, uma das áreas iniciais foi a radiologia, né? Então, a radiologia tem muitas imagens e, por isso, a inteligência artificial que identifica padrões, ela começou a ser muito aplicada na radiologia e, em segundo lugar, na dermatologia, porque também a gente tem padrões de imagens. Então, esses padrões, eles ajudam no caso da inteligência artificial, porque ela identifica ali que um determinado padrão de lesões, ela é associada a um diagnóstico. Então, é onde a gente tem muitos estudos, por exemplo, com lesões dermatoscópicas, que é um aparelhinho específico que olha bem de perto a lesão, tipo uma lupa, e isso estava sendo muito estudado, né? Tem muitos algoritmos, muitas pesquisas e publicações com análise de imagem dermatoscópica. Quando a gente começou a pensar em inteligência artificial para dermatologia, quando a gente pensou no contexto aqui do Brasil e muito focado ali em tentar ajudar o médico generalista a poder olhar essas lesões com mais acuracidade porque hoje você passa na UBS, no sistema de saúde, na atenção primária, e ele vai ter que encaminhar de todas as lesões para o dermatologista. Tem uma fila enorme, essa fila às vezes chega a mais de seis meses para passar com o especialista. Então, o ideal é que ele possa fazer uma pré-triagem e avaliar quem tem que ir primeiro, e aqueles que não precisam, ele pode acompanhar e rever daqui três meses, seis meses, um ano. Então essa é a nossa proposta. Quando a gente for estudar, ali o sistema de saúde mais a fundo, indo visitar até esses médicos nas unidades básicas de saúde, a gente viu que não era tão fácil ter um dermatoscópio, a gente até tentou colocar alguns aparelhos nessas unidades, mas assim, ele tem que ficar guardado ali num armário, né? Que todo mundo vai compartilhar, então na hora que tá lá na consulta, naquela correria, ele vai ter que ir lá buscar o aparelho pra tirar foto: não era tão factível. Então a gente começou a pensar em fazer um modelo de análise com a foto do próprio celular, que não é o melhor dos mundos, né? Então tirar a foto do celular e poder analisar se ele, qual a probabilidade, né? De ser uma lesão maligna e quanto, quão urgente ele tem que passar com o dermatologista. Então nós começamos a trabalhar nesse movimento de analisar imagens do próprio celular tiradas pelo médico. E aí, a partir disso, surgiu esse outro estudo que foi a última publicação, pensando em levar isso para a mão do paciente, que é um futuro. Então, vamos colocar na mão do paciente para eles poderem tirar a foto sozinhos e poderem se autotriar e tomar uma decisão mais assertiva em relação à sua saúde. E é esse próximo passo que agora nós estamos estudando. Então, esse modelo... Ele é um modelo teórico ali, à base de lesões. E agora, pra colocar ele na prática, têm próximos passos da gente fazer treinamento pros pacientes para poderem tirar fotos, né? Orientar como que deve ser a melhor forma de analisar essa lesão, como que ele deve se comportar. Então, agora a gente tá estudando esses próximos passos. M: Entendi. Doutora. Para esclarecer para a gente o que é a inteligência artificial, a doutora falou que a inteligência artificial foi usada em radiologia e tal para identificar padrões de imagens, mas para as pessoas que não estão muito familiarizadas com esse assunto, o que é a inteligência artificial? Como é que ela funciona para poder fazer esse serviço de identificar os padrões das imagens? A: Perfeito, ótima pergunta. A inteligência artificial, ela surgiu num conceito de substituir tarefas humanas que precisam de um conhecimento específico cognitivo, então, por exemplo, digamos, para fazer uma, limpar uma casa, então a gente tem lá os robôs, né? Que fazem a limpeza da casa, então é Ele precisa de certas funções ali para serem exercidas. Então, a inteligência artificial pode ser aplicada em várias coisas. Então, a gente tem vários subtipos, inclusive, de inteligência artificial. Então, a gente vê isso já, por exemplo, no Google Maps, que a gente usa no dia a dia, ou no Waze, que ele identifica ali qual que é o melhor caminho para você fazer para chegar em um determinado lugar. Na prática do dia a dia, a gente tem visto o chat GPT, por exemplo, que também é um subtipo de inteligência artificial, a inteligência artificial generativa, que a gente consegue conversar com ela compreende as informações e traz uma outra resposta para a gente. No caso da medicina, a gente tem a inteligência artificial aplicada a várias áreas, então, por exemplo, no diagnóstico, como a gente está falando, então ela pode tanto olhar pro padrão do paciente, então ele pode falar os sintomas, e ele olhar pra uma base de dados grande e falar, olha, o seu caso parece com esse caso, por exemplo. Então pode ser que seja esse diagnóstico, né? Ele pode olhar pras imagens, que é o que a gente tá fazendo, né? Então a gente pegou um montão de imagens, então imagina milhares e milhares de imagens, e eu posso falar pra ele, isso daqui é câncer? Isso não é. Isso é, isso não é, isso é, isso não é. Beleza. Ele vai olhando e vai aprendendo olhando naqueles detalhes. Assim como nós médicos. Nós olhamos e falamos, olha, quando tá mais assim irregular, é mais de câncer. Quando tá com uma determinada cor, mais escura, é mais de melanoma, é mais câncer. E assim não é. E a gente vai identificando esses padrões pra que quando chega uma nova lesão e a gente mostre pra essa inteligência artificial, ela possa olhar esses padrões e falar, olha, pelos padrões a probabilidade maior é que seja de câncer ou não. Então, isso no caso do diagnóstico. Outras coisas que a gente tem feito também é em relação à avaliação de gravidade de doença. Então, eu sou uma apaixonada aqui pelas doenças também imunomediadas, né? Então, por exemplo, a psoríase, a dermatiatópica, a hidradenite ou urticária crônica. Essas doenças, elas geralmente são crônicas e o paciente fica anos vivendo com essa doença, e você precisa avaliar qual é a gravidade da lesão, e ela determina qual o tipo de tratamento que esse paciente deve usar. E para avaliar a gravidade, existem determinados critérios, às vezes é muito baseado no tipo de lesão, então o que a gente desenvolveu também foi tirar uma foto de corpo inteiro do paciente e ele fala qual é a gravidade da extensão da lesão. Porque no dia a dia é difícil pra gente médico parar e ficar contando, olhar quantas lesões que tem, qual é a porcentagem do corpo acometido. Então a inteligência artificial diminui o tempo meu pra eu ficar gastando pra fazer uma coisa que ela pode fazer rapidinho. E aí isso sobra mais tempo pra eu falar com o paciente, pra eu entender quais as necessidades dele, pra eu explicar como faz um tratamento. Então, desse jeito, a inteligência artificial também ajuda muito o médico a atender melhor, a ter um atendimento de qualidade maior. M: Entendi. Doutora, então, depois que você ensinou a inteligência artificial, isso aqui é câncer, isso aqui não é câncer, como é que vocês conferiram se a inteligência artificial acertou ou errou nas suas conclusões? Deu para confiar, assim, na análise da inteligência artificial? A: Ótima, ótima pergunta. A gente sempre divide em etapas, né? Então, você tem uma etapa de treinamento. Então, a gente pega várias imagens e vai mostrando lá: É, não é? É, não é? Então, a gente vai mostrando lá pra inteligência artificial nesse treino. Então, é ensinar, né? Tipo, ensinar ela alguns conceitos. Beleza. Quando você vai ensinando, aí você vai mexendo em algumas coisas ali, né? Pra ir modulando esse aprendizado. E aí, modelando o aprendizado, e depois você vai fazer um teste. E aí você pega, separa uma quantidade de novas imagens e mostra para essa inteligência para ver se ela está acertando. E aí a gente tem várias métricas para avaliar essa quantidade de acerto. Então, por exemplo, a acurácia, enfim, aí são coisas específicas, sensibilidade, especificidade, a gente olha qual o nível de acerto dessa inteligência. Beleza. E depois a gente faz ainda uma validação, então a gente pega imagens, outras imagens que ele nunca tenha visto, pra validar o quanto que ela tá acertando. E aí isso é contínuo, porque esse aprendizado é contínuo, então quanto mais vezes ela for vendo e quanto mais a gente ensinar o que está certo e o que está errado, a gente pode ir melhorando esse modelo para ir elevando esse nível de acerto. Hoje em dia, a gente procura obter pelo menos acima de oitenta por cento de acurácia no modelo e diminuir ao máximo os erros em relação a falso negativo. O que significa isso? É, o paciente que tem, nesse caso, né? Nesse caso específico, quando a gente tá falando de câncer e não câncer, se eu falar pra um paciente que não tem câncer, a lesão dele é benigna, por exemplo, é só uma manchinha, e eu falar que é um câncer, ele vai ficar, claro: tenso. Vai ficar preocupado, né? Vai ter que ir lá tirar a lesão, vai fazer uma biópsia, vai ficar com uma cicatriz por causa dessa biópsia: esse é o impacto do erro. Quando a gente fala pra um paciente que é um câncer, e a gente fala para ele que não é, provavelmente, e ele não faz nada, esse é o pior caso. Porque se ele não fizer nada, ele vai ficar lá na vida dele, vai demorar, ele vai chegar, eu atrasei o diagnóstico dele, e aí ele pode chegar num grau mais elevado e ter mais complicação de não ter tratado. Então, o falso negativo, que ele era, na verdade, lesão, e eu falei que não era, esse é o pior dos casos. Então, o que eu preciso fazer nessa inteligência artificial, nesse modelo específico, é diminuir ao máximo o meu nível de erros desses falsos negativos. Então, para cada caso é um caso,. Porque se eu for falar de um outro modelo de inteligência artificial para, por exemplo, sei lá, fazer screening de câncer de mama, aí é outra situação, né? Então, para cada caso eu tenho que pensar no qual resultado principal que eu quero minimizar no impacto na vida real. E aí a gente faz esses testes e aí a gente vai fazer essa validação para ver o quanto que ele acerta e depois a gente vai implementando e sempre tendo ali uma avaliação ainda complementar, às vezes, com o médico, para ele ainda falar se está certo ou não, até a gente ganhar essa confiança. Então, hoje, para você colocar, por exemplo, esses modelos rodando na vida real mesmo, na mão do paciente, etc. existem muitos sistemas regulatórios. Então, a Anvisa, ela analisa esses algoritmos, esses softwares, qualquer tecnologia... pra ver a segurança que vai ter isso na mão do paciente, na mão do médico, do que for. Como se fosse uma vacina, como se fosse um medicamento. Porque eu não posso pegar e sair aplicando uma vacina em todo mundo e dar um monte de problema. Isso também, porque a tecnologia hoje, se eu coloco ela pra rodar e ela começa a causar prejuízo na saúde dos pacientes, é muito perigoso. Então existe todo um sistema regulatório por onde essas tecnologias, inteligência artificial, softwares, precisam ser avaliadas, para ver o grau de segurança que tem para elas serem usadas na prática. M: E no estudo de vocês, na conclusão de vocês, é que é seguro. A IA funciona. A previsão de vocês é que vai dar certo. Ou já deu certo nesse estudo. A: A gente fez esse estudo, então o que a gente fez? O algoritmo e o modelo de análise da inteligência artificial e testou com as imagens. O próximo passo que está sendo levantado agora é mais imagens, então esse é um grupo específico da inovação do Albert Einstein que está fazendo essa parte da continuidade, de ter mais imagens agora coletadas da vida real para melhorar mais ainda a performance disso. E depois tem que ir para a vida real ainda testar comparativamente o quanto que a inteligência acerta versus um dermatologista na vida real. E aí esse é o próximo passo de fazer o teste comparativo. Será que um dermatologista, daria esse mesmo diagnóstico do que a inteligência artificial, se der: tá ótimo. Porque aí a gente consegue realmente falar que ele porque é óbvio que o dermatologista também não acerta cem por cento, então, se ele se comparar, né? Com o resultado do que daria num dermatologista, então a gente consegue comprovar que não teria esse, teria um impacto positivo, né? Então ainda a gente tá neste momento antes de colocar na mão dos pacientes. M: Entendi, então ainda tá em evolução a ferramenta, vocês mesmos ainda não chegaram a uma conclusão, se ela vai… a conclusão definitiva, se ela vai ser positiva ou não? Ainda não foi, não se chegou ainda. A: Exato. Hoje, assim, acho que tem muitos poucos, menos assim, de talvez dez por cento das inteligências artificiais criadas na dermatologia, especificamente, vão rodar na vida real. Porque tem muita imagem, todo mundo desenvolve o modelo, mas pra colocar na prática, é bastante complicado por causa dos riscos. Então, assim, é... Esses projetos, inclusive dessa publicação e das outras que a gente já fez, lá pelo iPhone, eles estão indo muito bem, mas provavelmente ainda tem alguns passos ainda para eles irem para o ar na vida real. M: Legal, doutora. Eu vou contar para você uma história de uma pessoa bem querida na minha vida. Na pandemia, ela começou a ter uma secreção na mama. E o médico que atendeu achou que fosse alérgico: eu uma pomadinha e tal. Ela acabou voltando pro médico várias vezes. Dois anos depois, a secreção não tinha passado ainda. Aí eles acabaram fazendo uma biópsia e descobriram que era câncer. Se esse câncer tivesse sido descoberto lá no começo, ela talvez tivesse que ter extraído só a auréola, mas ela acabou tendo que extrair o seio inteiro. Graças a Deus, né? Extraiu o seio, ela tá viva, tá bem. Mas essas situações me deixam muito assustada. Imaginar que uns problemas, né? Aparentemente pequenos, né? ´Podem colocar nossa vida em risco, é muito perturbador. E eu imagino para os médicos, né? Como você falou no atendimento primário de saúde, que tem essa responsabilidade, né? De dizer para a pessoa o que fazer, então eu acho esse estudo que vocês fizeram muito importante, muito legal. Estou torcendo para ele avançar e dar certo, porque realmente pode trazer grandes benefícios pras pessoas, né? E evitar problemas graves. Super legal, doutora. A: Perfeito.Essas lesões, às vezes, é difícil, né? Então, assim, você vê o paciente passa e fica meio assim. Então, essa recidiva de, tipo, assim, não melhorou, recorrente, tá esquisito, é nesses casos, especificamente, que a gente precisa, né? Procurar o especialista, avançar, ter uma segunda opinião e é onde ele pode ajudar porque às vezes a gente fica na dúvida. Até tudo bem, a primeira vez você falou assim “acho que é só o mais comum”. Noventa por cento dos casos é uma alergia, beleza: passou uma pomada, ok. Voltou, não melhorou: tem que desconfiar. Então nesses casos poderia muito bem “vamos tirar uma foto” e ele vai falar assim: “olha, isso aí não tá bom, precisa realmente seguir pra uma biópsia antes, né, antes de esperar tanto tempo e a doença evoluir”. É nisso que a gente pode impactar, e a gente já vê impacto em muitas áreas, né? Nessa questão preventiva, né? Então assim, se o paciente… se a inteligência artificial tá ali olhando sempre pra esse paciente, né? Ela consegue dize “olha, ele não tá evoluindo bem, ele precisa de uma outra abordagem”, né? Mais precoce, precisa mudar o tratamento, ou dentro de hospital, às vezes a gente tem inteligência artificial que fala “esse paciente aqui tá monitorizando e vê que os parâmetros dele tão piorando, esse paciente aqui vai piorar”. Então a gente consegue abordar antes dele piorar, é esse o impacto final que a gente consegue com inteligência artificial. M: Legal. Doutora, se alguém aqui na nossa audiência estiver suspeitando, então, de uma mancha de pele, né? O que ele deve fazer? Qual que deve ser o procedimento da pessoa que está suspeitando de uma mancha? A: Perfeito. Então, quais que são as características, né? perigosas. Então, a gente, para o melanoma, por exemplo. Então, quando essa lesão, ela é, por exemplo, assimétrica, né? Então, ela tem um formato que ela não é uma bolinha, ela tem um lado e o outro lado é, tipo, todo estrelado, esquisito. Esse formato assimétrico é ruim. Se as bordas, ela não é uma bolinha, a borda, ela é toda irregular também, isso daí é um sinal ruim. Se ela tem muitas cores, então ela não é só uma cor: ela tá marrom, vermelho e preta, isso é estranho. Se ela é muito grande ou se ela começa a evoluir muito rapidamente, crescer muito rapidamente no diâmetro ou mesmo no lavar, ela começa a sair da pele, né? Isso são sinais que a gente deve se preocupar e deve procurar um dermatologista pra olhar essa lesão. Isso pro melanoma. Quando a gente tem outras lesões que são feridas, então às vezes as pessoas têm, né? As pessoas de pele mais clara que já tomaram muito sol a vida inteira, às vezes aparecem feridinhas, assim, nas áreas expostas ao sol, que ficam meio sangrando, cicatriz, volta, cicatriz, volta. Esses são sinais preocupantes também que a gente precisa procurar o dermatologista. Os homens às vezes têm na orelha, por exemplo, que é uma área que não cobre pelo cabelo, então acaba tendo. Quem não tem cabelo, às vezes tem muitas casquinhas no couro cabeludo. Tem gente que tem um monte de casquinha, né? Que a gente chama de ceratose actínica, fica meio áspera, meio grossa. Essas lesões, elas são pré-malignas, então elas podem, depois de um tempo, demora bastante, mas virar um câncer de pele, então elas precisam ser tratadas. A prevenção é o protetor solar, usar boné, etc. Por exemplo, assim, né? Enfim. Mas quando começa a evoluir pra essas casquinhas, essas feridinhas, dá pra gente tratar. Então tem que tratar precocemente antes que ela vire, né? Aí um câncer mesmo. E aí começa a ficar mais complicado. Tem áreas que são mais difíceis. Então, por exemplo, imagina uma lesão no nariz. Como é que você vai fazer uma cirurgia e tirar? Você nunca tira só ela. Você tem que tirar ao redor também. Então você tira, fica... fica um defeito que você tem que corrigir e é difícil ou perto do olho, né? Às vezes então, essa área do rosto também a gente tem que procurar o quanto antes porque ela é mais difícil. Tipo, é diferente de uma lesão no braço que você consegue tirar. Então é desse jeito que a gente tem que se preocupar os pacientes às vezes. Eu vejo muito preocupados com “ah, eu preciso tomar vitamina D, enfim, preciso, tipo assim, ficar ao sol”, né? E ficam muito tempo, também não precisa tanto tempo, assim, então uma área que você fica exposto, dependendo do tipo de pele. Claro, pessoas mais claras menos tempo, pessoas que bronzeiam menos podem ficar mais tempo, mas é suficiente. Então assim, não é pra torrar no sol, né? Então assim, essas são medidas importantes que a gente pode seguir para prevenir ter câncer de pele. M: Entendi. Então, é para tomar sol. Tomar sol é bom, porém tem que ser uma quantidade pequena de... de sol, não pode exagerar. Isso, antes de ficar a pele vermelha. A: Exato, vai variar muito de onde a pessoa mora, claro. Isso varia na incidência do sol, mas uma pequena quantidade é suficiente, então a gente não precisa ficar vermelho, ficar com marca, né? E principalmente quando as pessoas nunca vão pra praia, depois vai pra praia e vai de uma vez e queima e fica com aquela vermelhidão, sabe? Então fica queimado, vermelho, dolorido, às vezes formam até bolhas. Esse é o que dá o maior risco de estar associado ao melanoma. E o melanoma é aquele câncer que a gente falou que é letal. Então, essas queimaduras pontuais, elas são muito perigosas. M: Entendi. Não é o tomar sol normal, pouquinho. É a queimadura que contribui para ficar mais perigoso a tomada de sol, entendi. Doutora, a sua formação toda é na área médica, né? Você pode contar para a gente como que surgiu o seu interesse pela tecnologia de inteligência artificial e como que a doutora se sente como médica dentro desse mundo da tecnologia? A: Eu me formei totalmente na área médica e quando foi em 2011, eu acho… por aí. Já na dermatologia. Na residência, no hospital, eu lembro bem que eu ganhei um celular lá, enfim, tava com um celular novo lá. E eu adorava tirar foto. Aí eu falo, nossa, eu sempre gostei muito de foto, né? Sempre tive pequenas câmeras lá digitais, então eu gostava bastante de tirar foto. Veio uma professora minha que falou, nossa, por que você não faz um trabalho com teledermatologia, foto que você gosta, tecnologia? Falei, é verdade, então eu vou fazer isso. E aí o meu TCC na conclusão lá do curso foi em teledermatologia lá no Hospital das Clínicas. Então, o que a gente fez? A gente tinha que avaliar os pacientes no hospital inteiro, no complexo inteiro. Então, lá no Instituto do Câncer, no ICESP, no IOT, Instituto de Ortopedia, no Instituto de Psiquiatria, naquele complexo gigante. Quando os pacientes tinham alguma lesão dermatológica e estavam internados, eles pediam interconsulta da Dermato. E a gente ia lá avaliar. Então, o que a gente fez? A gente ia lá, tirava foto desses pacientes e aí mandava pra um professor avaliar e depois comparava com a avaliação presencial pra ver se dava compatível. Porque a minha hipótese era, eu acho que a distância a gente vai conseguir resolver muitos casos só tirando foto e mandando umas informações pro médico a distância. A gente não precisava ficar indo toda hora presencial lá. E o resultado foi incrível porque em oitenta por cento dos casos a gente conseguiu acertar só com uma foto e informação. E foi antes da pandemia, né? Que depois popularizou muito a teledermatologia, a telemedicina em si. E aí a gente... Essa foi a minha primeira iniciativa que eu vi que teria um grande potencial. Logo em seguida, depois de formada, eu fui trabalhar no Einstein com a telemedicina, depois comecei a trabalhar com uma área de inteligência artificial. Eles falaram “ah, você gosta de pensar em coisas diferentes, vem para cá para a gente pensar em inteligência artificial”, que é um PROAD, que é um projeto junto com o Ministério da Saúde. E a proposta era essa, né? Vamos fazer uma inteligência artificial para ajudar a detectar mais precoce alguns tipos de câncer de pele, para que os generalistas, né? Porque às vezes tem lugar no interior, sei lá, do Nordeste, por exemplo, tem paciente que tem que se deslocar trezentos quilômetros para passar no dermatologista. E ele vai se deslocar trezentos quilômetros, vai chegar lá pra fazer uma avaliação, às vezes que não é nada ou às vezes ele vai chegar lá pra fazer uma avaliação, às vezes tem que agendar outro dia pra fazer uma cirurgia. Então, assim, é muito complexo e a gente pode reduzir isso, né? Priorizar quem precisa mais, tirar da fila quem não precisa, já ir numa viagem única pra fazer já um procedimento direto. Então foi nisso que eu comecei a trabalhar, e aí eu adorei porque eu comecei a trabalhar com grupos multidisciplinares, engenheiros, biomédicos, foi muito legal, né? Muito legal, então ver outras áreas, pensar no service design, né? Como que eu vou entregar isso na mão do médico ou na mão do paciente? Como vai ser o uso da própria ferramenta, a usabilidade… e aí eu adorei. Paralela a isso, eu virei professora numa universidade, da minha cidade natal, que é a Universidade de Mogi das Cruzes, lá na Policlínica onde fica a dermatologia. E lá que eu comecei a cuidar, ensinar de outros, cuidar dos pacientes e ensinar outros médicos. E aí eu identifiquei também esse potencial de usar ferramentas de tecnologia pra que os médicos conseguissem aprender e fazer uma melhor prática na sua rotina. E assim vai, né? Então sempre as pessoas vão tendo ideias, a gente vai olhando, vai detectando oportunidades. Tudo que é processo repetitivo, a gente pode automatizar com tecnologia ou com inteligência artificial mesmo então tem muita possibilidade, a área médica ainda é muito analógica, tem muita coisa ainda no papel, né? Você fala “nossa, tem muito papel que tem que preencher, tem muita coisa que é fragmentada”. Então todas as horas que eu vejo essas oportunidades, eu falo “nossa, dá para ajudar, tem muita gente boa pensando em melhorar”. Então é legal, é legal ver, assim… pessoas boas pensando na melhoria do sistema como um todo, e aí na minha área eu estou sempre pensando nisso também para ajudar o paciente e o médico. M: Que legal, doutora! Que joia! então a entrada foi por câmera, hein. Câmera de celular, entrou a primeira foto da sua vida, e depois a teleconsulta e por último, o pedido de edição. Que legal! A: Foi! M: A doutora é diretora da Kintsu, né? Que é uma empresa de tecnologia na área de saúde. Doutora, pode nos explicar o que a Kintsu faz, ou se ela já está trabalhando, ou se ela ainda está sendo construída? Como é que é a Kintsu? A: Perfeito. A Kintsu foi fundada em 2021, então já tem um bom tempo, e foi a continuidade dessa história toda. Quando eu tava lá em Mogi, ainda, né? Ajudo lá, no dia a dia com esses pacientes de doenças graves, Eu fiquei responsável por um ambulatório de doenças imunomediadas, então são pacientes mais graves que têm psoríase e dermatiatópica, e, assim, acometimento do corpo inteiro. Às vezes falta no trabalho, com depressão, tem paciente que desiste de fazer faculdade por causa de uma doença muito extensa, sofrem preconceito… eu tinha uma paciente que fazia 8 anos, nunca fui à praia, teve um filho, e ela nunca levou o filho pra praia que é do lado, lá da cidade por causa das lesões que ela falou, não tenho coragem de me expor. E quando eu comecei a tratar esses pacientes com medicamentos mais avançados, é... eu me apaixonei, porque o paciente voltava e falava, “nossa, você mudou a minha vida, que maravilha! Eu voltei a trabalhar, eu tô feliz, eu tenho mais dinheiro, eu tô conseguindo fazer tudo que eu queria, eu tenho relação” então muda a vida da pessoa. E aí eu percebi que tinha, mas apesar de ser bom, tinha muita dificuldade de conseguir acesso a essa terapia, porque acesso é, você tem que fazer papel, tem que fazer um monte de processo, tem que escrever um monte de coisa, para você mandar para o SUS ou mesmo para o convênio para conseguir esse tipo de terapia, porque são terapias mais caras. Mas mesmo para o paciente que precisa, é tão difícil, ele está sofrendo tanto que às vezes ele desiste no meio do caminho e eles não são tratados. A gente tem muitos pacientes que estão subtratados, com tratamento que fica passando só pomada, e não só isso, não só na área da dermatologia, mas em outras doenças também. E aí que surgiu a ideia, eu falei, não, a gente tem que automatizar esse processo. Vamos ajudar o médico a preencher esses papéis. Então, a gente é simples, a gente sabe onde que tem que preencher. Vamos ajudar ele aqui a avaliar melhor o paciente. Então, eu ensinava os médicos como avaliar. Falava “ó, você precisa perguntar isso, isso, isso, isso, isso, isso”. Só que é muita informação. Então, essas informações eu coloquei dentro de um sistema, que é o Bioplaner. Falei “usa aqui que vocês não vão esquecer de perguntar nenhuma coisa para o seu paciente”. E aí o meu sistema indica qual que é o tratamento ideal para aquele paciente considerando a idade, o peso do paciente, a gravidade, etc., o perfil do paciente. E quando ele escolhe o medicamento, o sistema já preenche todos os documentos para o paciente levar, que seja na farmácia, de alto custo ou para o convênio, e aí não tem erro. E aí acelera para ele chegar e não desistir, para ele chegar até esse medicamento. Então, é isso que a gente faz na Kintsu. Começamos na dermatologia e aí evoluímos já pra outras áreas. Então, pra reumatologia, pra pneumologia. Hoje também tem outras doenças também de pacientes que não conseguem esses tratamentos. Então, a gente ajuda o médico a levar o paciente até esse ponto de bom tratamento. E... E hoje estamos na gastro também, com doença inflamatória intestinal. Então, hoje a gente tem trabalhado com todas essas doenças que são complexas e que precisam de um tratamento mais cuidadoso, mais detalhado e que tem essa dificuldade de conseguir o tratamento certo. Então, a Kintsu já tá operacional, tá funcionando normal, já tem clientes, tudo. M: E quem que é o cliente da Kintsu, então? É o médico? A: Hoje, atualmente, as indústrias farmacêuticas são os clientes da Kinz, que conseguem apoiar o desenvolvimento dessa ferramenta de educação. Porque, no final das contas, a gente está educando ali, ensinando, né? Colocando uma facilidade, é quase um serviço para o médico para que ele possa avaliar mais facilmente o seu paciente, elevar o seu nível de qualidade no atendimento e diminuir a carga do médico que é muito burocrática. Então, diminuir o tempo dele porque tinha médico que ficava trinta minutos depois da consulta, no final do dia, para fazer esses papéis. Então, imagina, depois que acabou todas as consultas, fica trinta minutos depois só para preencher papel. E é isso que a gente não precisa porque agora a gente consegue fazer durante a própria consulta. Então, hoje a indústria farmacêutica, ela apoia o meu projeto para entregar de graça para os médicos. E é assim, eu não preciso cobrar dos médicos. Então, sem conflito de interesse. E aí a indústria farmacêutica, a primeira coisa que eu falei foi sempre “eu não posso ter conflito de indicar um tratamento só”. Tem que ser bom para o médico e para o paciente. Vou colocar todos os tratamentos que podem ser bons, não só o seu, o dos outros também. E isso está muito alinhado com o que eles pretendem, né? De ajudar o médico, o paciente. Então, é dessa forma que a gente consegue trabalhar hoje. M: Que interessante. Então, é grátis. Qualquer médico que está nos assistindo agora ou que vai ver a live depois, né? Que a gente tem muita gente que assiste depois. O nosso melhor horário quando a gente faz live é à noite. Mas é ruim pra gente que faz, né? Então, a gente faz a live num horário que pouca gente acaba assistindo, mas depois, quando a gente publica a live, mais gente assiste, né? Então, o pessoal que assiste depois, os médicos, então, que nos assistirem, eles podem usar a ferramenta da Kintsu que já está disponível gratuitamente. A: Podem, exatamente. Então, é possível eles entrarem, se cadastrarem e usar gratuitamente a ferramenta Todos os médicos que estiverem em situação regular no CFM, hoje a gente faz um check direto numa base do CFM para ver se o médico está em situação regular. Se ele estiver em situação regular, ele já consegue aprovar e se cadastrar e usar gratuitamente. CFM ou CRM? Não era CRM? CFM é o que? O CFM é o Conselho Federal de Medicina. Ah, que legal. Porque o CRM é o regional, é. Ah, que legal. Então, espetáculo, doutora. Aí eu coloquei aqui, pessoal, o link do Instagram da Kintsu. E aí, se vocês se interessarem, entrem lá, se cadastrem gratuitamente, testem a ferramenta da doutora Aline, né? Que é uma coisa que é feita para ajudar. Ou até você que é paciente e o teu médico não usa ainda a ferramenta da Kintsu, pode indicar para ele também, porque de repente pode ajudá-lo, né? nessa questão tanto de conhecimento quanto na questão burocrática, para que você possa ter acesso ao tratamento que você precisa para melhorar rápido. Muito legal. E hoje a gente tem uma base de médicos muito específicos também, então eu vejo que os pacientes ficam pingando de médico em médico, médico em médico, médico em médico, nunca sabem... porque cada um tem uma especialidade. Na minha área, por exemplo, tem médico que é muito bom de tratamentos estéticos, mas tem outro que é muito bom de cabelo e tem outro que é muito bom de doença e de doenças específicas. Então hoje ali a gente tem uma segmentação também de médicos interessados em cada doença, eles se posicionam de cada doença e a gente consegue ajudar esses pacientes a escolherem o médico certo. se eles, às vezes, tem muitos, muitos, milhares de pacientes que entram em contato ali no Instagram e falam, ah, queria uma ajuda pra encontrar um médico, e a gente tem uma equipe super treinada aqui que fala, olha, como que é a sua doença, tal, vou te ajudar, escolhe um por um pra ajudar esse paciente a chegar no médico certo. M: Que legal! Que legal! Ah, então, por esse perfil do Instagram, vocês ajudam tanto o médico quanto o paciente a encontrar o médico que ele precisa. Que legal! Que legal! E como que vocês fazem na Kintsu para que a comunidade médica e as pessoas em geral conheçam as soluções que vocês oferecem, doutora? A: Perfeito. A gente tem dois caminhos, né? Então, a própria indústria, ela divulga bastante também a ferramenta, né? Como ela apoia e ela quer que o médico faça esse atendimento de excelência, que ele tenha menos desgaste: a indústria apresenta também para esses médicos, cadastra e convida esses médicos. E nós também temos toda a nossa participação na comunidade médica, nas sociedades médicas e com médicos referência. Então nós temos alguns parceiros aqui, então de outras áreas, da reumato, da pneumo, da gastro, que fazem também a divulgação para os seus colegas através dessas publicações, das próprias mídias digitais, convidando os médicos para entrarem nas ferramentas. E hoje, nesse momento que a gente está daqui, a gente está realmente selando algumas parcerias que em breve a gente vai comunicar. para poder ampliar o conhecimento da ferramenta. E já chegou... alguns médicos chegaram falando “nossa, mas por que nunca ninguém me falou?” Então, está faltando a gente divulgar um pouco aqui também. Então, eu vejo que tem médico que ainda... muitos ainda não conhecem. Nós estamos, apesar de estar há três anos... as coisas sempre vão evoluindo. Então hoje é esse momento que a gente tá de vamos divulgar mais, vamos chegar a ter mais médicos, porque tem muita gente que não tá podendo usar porque não conhece. Então essa ajuda que vocês estão fazendo agora, por exemplo, comunicar com o paciente, comunicar com médicos através da live, é uma das formas que a gente tem de ampliar acesso a essa ferramenta pra mais médicos. M: Que legal, doutora! Que bom, espero que a gente realmente contribua. Vamos fazer o nosso melhor aqui também pra ajudar vocês nisso! Aqui no Telix, a gente está montando uma plataforma para consulta de pesquisa na área de saúde, né? A ideia é apresentar o resultado das pesquisas de uma maneira que qualquer um que não é da área de saúde consiga entender. Por que? O que acontece? Às vezes a gente vê uma live ou vê no noticiário alguma notícia sobre alguma doença e aí naquele momento a gente não está precisando daquilo. E aí um tempo depois a gente precisa e às vezes a gente nem consegue achar, né? O que era, né? O que era aquilo que a gente tinha visto ou às vezes a gente realmente não viu a notícia sobre aquele tema que era bom. Então, no TELIX, a gente está tentando fazer essa plataforma. E um dos dados que aparece, geralmente, nessas pesquisas médicas, é a adesão aos tratamentos. Aí, vou explicar para quem está nos assistindo o que é a adesão. Adesão é a porcentagem das pessoas que realmente segue os tratamentos que os médicos indicam. Então, por exemplo, se o médico mandou você passar três vezes por dia a pomada, por dez dias, a quantidade de pessoas que consegue seguir realmente essa indicação por completo é a adesão. Não sei se eu expliquei certo, doutora. A: Perfeito, tá certo. A adesão ao tratamento é um fato super importante, porque, assim, às vezes a gente usa um pouco, depois para, né? Aí usa mais tratamento, aí depois não teve consulta, não teve receita. Isso é um dos problemas que a gente tem hoje na área da saúde, que é a adesão ao tratamento. Como é que a gente olha pra isso, né? Como é que a gente faz pra saber se os pacientes estão usando um medicamento ou não adequadamente, regularmente? E vocês aqui, se vocês medem a adesão dos pacientes aos tratamentos que são recomendados pelos médicos que utilizam o método de vocês ou não medem? Perfeito. Esse é um próximo passo. A gente está muito empenhado nisso. Provavelmente a gente tem um mapeamento para começo do ano a gente lançar essa página do paciente. Então, hoje a gente está trabalhando muito do lado do médico, como que ele faz a avaliação, ele tem ali o controle de quando que ele tratou um paciente, qual que foi o tratamento proposto e a continuidade desse tratamento. E o próximo passo que a gente está estruturando, fazendo muitas conversas e entrevistas com os pacientes e com os médicos também, para que os médicos deem acesso a uma área do paciente para determinadas informações, para ele acompanhar os resultados do que ele está tendo daquele tratamento e para que ele possa informar também se ele fez o tratamento, se ele está dando continuidade. No nosso caso, que os tratamentos são muito... de alto custo, né? Às vezes são injetáveis, ou mesmo medicamentos orais, a gente sabe que o paciente não usou porque são algumas vezes que ele, são vezes pontuais que ele usou, e quando ele não usa, ele piora demais. Então a gente consegue fazer essa monitoria, um pouco mais superficial ainda, e é um ponto que a gente quer sim se aprofundar, então vamos conversar mais com a Telix também, pra gente pensar... Como que a gente pode olhar com mais acurácia para esse resultado de adesão dos pacientes? Então, a gente precisa saber se esse paciente tomou o medicamento todos os dias, quantas vezes ele pulou desse tratamento porque isso impacta no resultado final desse tratamento. Então, queremos sim trabalhar nesse ponto de olhar para o paciente, como que ele está usando o medicamento. Mas o nosso primeiro passo, por enquanto, é trabalhar na correlação do médico com o paciente, para eles olharem juntos para esses resultados que a gente tem hoje dos tratamentos. M: Entendi, doutora. Espetáculo. No caso, quando um laboratório lança um medicamento, ele geralmente, no resultado, ele é obrigado a medir a adesão dos pacientes ao tratamento, e ele costuma publicar isso na mula, como resultado da pesquisa deles. Como é que vocês, como médicos, você como dermatologista e a Kintsu, que monta essas árvores decisórias para os médicos, como é que vocês levam em esses dados de adesão que as pesquisas trazem, né? Que o resultado dos fabricantes trazem. Vocês levam ele em conta na hora de decidir sobre a prescrição do tratamento ou não? Ou não levam? Como é que… A: É, e tem duas coisas. Tem uma questão de eficácia do tratamento. Então, geralmente nos estudos pivotais, estudos clínicos pivotais, que a gente chama. A indústria faz um estudo muito grande, é muito caro fazer esses estudos para ver a eficácia do tratamento. Então, a gente vai falar assim “olha, setenta por cento dos pacientes tiveram melhora com o tratamento”. Maravilha. E em quantas semanas? Em dezesseis semanas eles melhoraram. Então, em quatro meses o paciente melhorou Setenta por cento. Ótimo. Então, o outro tratamento, eles publicam lá e sai isso na bula, né? E tem vários estudos também, não é só um, por isso que é difícil às vezes de avaliar porque tem muitos. E um dos estudos teve noventa por cento de melhora em três meses. Então, olha só, isso aí foi uma melhora... acima e em menos tempo. Então, isso a gente usa pra comparar resultados de eficácia. Mas pode ser que naquele tratamento que teve melhora de noventa por cento em três meses, teve trinta por cento dos pacientes que tiveram o efeito adverso grave. Então, será que vale a pena? Mas os pacientes que tiveram efeito de adverso grave foram os pacientes que tinham mais de cem quilos. Ah, então, se for menos de cem quilos, não vai ter. Então, a gente leva tudo isso, sim, em consideração. Mas é difícil. Então, veja que é muita informação. E isso não é um estudo. Isso tem, tipo, milhares de estudos de milhares de medicamentos. Então, pra combinar todas essas informações na nossa cabeça médica e todo dia estar fazendo um upload aqui de todas essas informações, é difícil. Por isso que a gente trouxe ele na Kintsu: “Médico, fica tranquilo. Eu vou atualizar tudo aqui como é que você precisa pensar. Você só fala com o paciente, dá atenção pra ele e eu vou te falar o que vai ser melhor pro paciente que tem mais de cem quilos, pro paciente que tem uma outra doença, pro paciente que tem uma contraindicação a um determinado tratamento”. Essa parte a gente mantém atualizada. Então, a gente leva em consideração a questão da eficácia do tratamento e em relação à adesão mesmo de usar o medicamento em si regularmente. Então, será que esse paciente está aderindo ao tratamento? Porque quanto mais, por exemplo, for medicamento injetável, às vezes o paciente não quer ficar lá indo toda hora fazer a aplicação. Mas quando é oral também, ele esquece mais, né? Então é mais fácil de esquecer, porque se você aplicar um medicamento a cada dois meses, mas é diferente de você tomar todo dia. Tomar você esquece mais. Então essas informações são importantes também pra minha escolha do tratamento para o paciente. Então um paciente, por exemplo, eu tenho paciente às vezes, né? Que... enfim, tem mais ansiedade, ou um etilista, por exemplo, então tem muitas vezes que ele… eu não tô muito confiante de que ele vai tomar o remédio todo dia, tem dia que ele vai esquecer, tem dia que ele não vai querer, tem dia que vai acontecer várias coisas, mas eu prefiro dar uma injeção a cada dois, três meses. Enfim, o que for, porque eu sei que ele tomou, eu sei que ele vai e tomou. Agora, existem outros pacientes que falam assim: “eu viajo muito, e aí os meus horários são muito loucos, e eu tenho que sair”. Então talvez seja melhor um comprimido que ele vai usar e vai poder ter uma aderência maior a esse tratamento. Mas é bastante difícil de controlar isso, se o paciente está tomando medicamento ou não. Então eu vejo algumas iniciativas com tecnologia também de colocar um detector na tampinha do negócio para ver se ele abriu ou não o potinho e saber se ele tomou. É uma das formas da gente olhar a adesão ao tratamento. M: Legal, doutora. Que joia! Agora eu vou fazer uma pergunta aí pra vocês que estão nos assistindo: você seguiu cem por cento da última recomendação de tratamento que o seu médico te passou? Escreve aqui pra gente. Por exemplo, né? Se o médico mandou tomar as injeções, você foi tomar? E conta mesmo que você esteja assistindo a live depois, esse dado é interessante pra gente. Se você puder colocar nos comentários, se você aderiu ao último tratamento que você teve, vai ser legal para a gente saber. E é difícil, porque às vezes você fala na consulta, a gente está falando, é o tratamento, mas você fala assim: “também tem que tomar uma vacina, também tem que fazer dieta, também tem que fazer atividade física”, é difícil de aderir a tudo. Eu estou falando por mim, porque eu falo, às vezes a gente esquece, não dá para fazer todos, e mesmo só o medicamento para entrar numa rotina, já é difícil da gente lembrar. Eu mesma pulo vários dias do tratamento, às vezes esqueço. Eu tenho uma filhinha, né? Aí eu marco no meu celular. Eu ponho um alarme que toca nos horários. E eu realmente preciso do alarme, eu percebo que se eu não tivesse aquele alarme, ia ter passado batido o tratamento. É chato mesmo. Doutora, tem muitas inovações e pesquisas na área de dermatologia aqui no Brasil? A: Tem muito. Tem bastante coisa de pesquisa em inovação e em várias áreas, né? Então é o que a gente estava falando, na triagem, no diagnóstico, na própria indicação do tratamento, no serviço em si, no fluxo, né? Então, a otimizar esse fluxo, regulatório. Agora, de desenvolvimento de novos medicamentos em si, é um pouco mais raro. Então, geralmente é mais Estados Unidos e Europa, os estudos desses medicamentos, eles ficam muito mais fora do que aqui, tanto que várias vezes a gente tenta se candidatar para participar desses estudos. Assim como referência, os professores de serviços, universidades, costumam participar muito desses estudos, querem participar, a gente pede para participar, mas geralmente as indústrias fazem muito mais esses estudos fora do Brasil do que aqui. A gente está vendo chegar algumas coisas, até porque às vezes a população brasileira não é igual a uma população europeia, então será que o medicamento vai funcionar igual na nossa população brasileira do que funcionaria no europeu? Não sei. A gente é diferente. Então, é importante a gente ter estudos que sejam feitos aqui também. A gente quer saber: o brasileiro vai ficar bem? Vai ter um efeito adverso diferente? Mas a maioria dos estudos de pesquisas clínicas são feitas nos Estados Unidos e na Europa. Tem pouquíssima coisa que vem para cá. M: Entendi, doutora. A doutora pode compartilhar, a doutora que está atualizada com essas últimas novidades, a doutora pode compartilhar com a gente quais foram as últimas pesquisas ou inovações que tiveram mais impacto na área da dermatologia? A: Existem vários medicamentos novos, inovadores que chegaram no mercado. Então, uma das coisas muito interessantes é para alopecia areata, por exemplo. Então, né? Alopecia areata é aquela doença que deixa a pessoa sem cabelo, né? Então, tem muita gente que tem, às vezes, um buraco. Ah, meu Deus, caiu, fica um buraco lisinho, careca, assim, lisinho do cabelo e é horrível, né? Porque é desesperador. E tem gente, às vezes, que tem grave. Cai metade, cai tudo. Tem gente que cai sobrancelha, cai os cílios, cai o pelo do corpo inteiro. Então... E às vezes são pessoas jovens, assim, né? Então, às vezes tem criança, né? Mulher, né? Fica sem cabelo, é difícil. Então, pra alopeciariata, a gente não tinha tratamentos muito efetivos. Eram coisas mais, tipo... de corticoide, aí às vezes injeção, que dói pra caramba e tal, e agora nós temos um medicamento novo, um inibidor de jac, que funciona pra esse tratamento, então isso é muito legal. Na dermatite atópica também. Então dermatite também é uma doença que, cara, você vê, tipo assim, muitos pacientes, é muito comum. Então, dez por cento, praticamente, da população tem, e eles ficam grave. Tem criança que interna, que Eu tenho criança que chorava demais, não conseguia dormir a noite inteira, não conseguia tirar a meia porque ficava tudo grudado, a meia com crosta. Chegava no consultório e falava, não quero tirar porque arrancava e arrancava as cascas e doía, cheia de curativo. Eu tenho uma mãe que mudou de apartamento por causa da... Você começa a querer achar qualquer causa: “acho que é o ácaro, acho que é a umidade do apartamento. Eu vou mudar de casa pra ver se melhora”. A doença, começou a fazer ela mesma creme hidratante pra ver se funcionava o que ela fosse criar em casa… uma loucura, assim, sabe? De ansiedade na família inteira, e hoje a gente tem tratamentos que, assim, é questão de pouquíssimo tempo, às vezes um mês, o paciente já tá zerado de uma doença que ele tava sofrendo há oito anos. Então, é transformador, assim, quando você vê um tratamento desse na prática. E não é só pro paciente, é pra família dele, esse paciente vai voltar a estudar esse paciente vai poder se relacionar, ter amigos, vai poder ir pra casa dos amigos. Então, muda demais. Esses tratamentos inovadores, eles realmente têm impactado muito a vida dos pacientes, assim como na oncologia, né? A gente tinha câncer que você falava, câncer avançado já era. Não, agora a gente vê paciente que fala “nossa, eu tive um melanoma metastático e estou curado”. Caramba, né? É incrível você poder ver esse tipo de evolução. M: Nossa, que legal, né? Que bom saber que a área da medicina é uma área que está realmente avançando. Muito legal. Como é que um paciente que não é da área de saúde, por exemplo, que talvez esteja sendo submedicado, não saiba desses medicamentos, como é que ele pode se informar sobre essas pesquisas e inovações? A: Ótima pergunta. É difícil, né? Porque a gente tem muita coisa. Então, eu tenho uns canais que são bem bacanas para cada área. Por exemplo, na área da dermatologia, o site da Sociedade Brasileira de Dermatologia, eles trazem bastante informações. A gente, aqui no Instagram, a gente está sempre comentando sobre essas inovações que estão chegando. O que que tem de possibilidade, existe um grupo que é a Psoríase Brasil, eles começaram com Psoríase, mas já evoluíram para outras doenças dermatológicas. Então porque a gente tem muita coisa chegando, então lá eles informam sempre, falando quais as coisas novas que tem, que estão chegando para os pacientes, e alguns influencers. Eu vejo pessoas muito, isso ajuda demais, então, na [inaudível] Purativa, por exemplo, a Jessica Tawane, a Mavi Barrada, são dois perfis do Instagram que são muito ativas aí pra falar da hidradenite, são duas pacientes de hidradenite que sofreram muito tempo e elas compraram essa causa e estão falando pra todo mundo e muita gente está sendo diagnosticado através do perfil delas, então esses influencers. Eu também tenho o meu TikTok também e também eu falo bastante de várias doenças. Tem vários pacientes que falam “nossa, descobri no TikTok, descobri que eu tenho a doença no TikTok porque ninguém nunca tinha diagnosticado”. Tem uma paciente de Recife, ela falou “dez anos, e eu acho que eu tenho essa doença que você tá falando aí”. Pegou um avião, veio pra São Paulo, e eu falei “cara, você tem mesmo”. Ela se diagnosticou através de um impacto nas mídias sociais. Porque hoje a gente não tem realmente um lugar focado que vai falar ali. Então é isso, você passa de médico em médico, fica navegando, vendo informação na internet, aí de repente você bate com alguém e começa a perceber que talvez você tenha um diagnóstico e que talvez tenha possibilidades desse tratamento. Então acho que hoje ainda é muito segmentado, vejo dessa forma. M: Legal, doutora. Pessoal, é... Quem ainda não fez pergunta para a doutora Aline: a gente está quase terminando a live, dá tempo de fazer ainda. Doutora, qual é a sua visão para o futuro da dermatologia? A: Tem muita coisa acontecendo de inovação no mundo e na medicina. Eu sou uma pessoa super otimista, então eu sempre acho que a gente.. eu vejo pessoas tão boas fazendo tantas coisas, pensando em coisas melhores para os pacientes, melhores para os médicos, que eu vejo os dois lados. Pacientes sendo mais diagnosticados precocemente, tendo um certo grau de independência do médico, não é tudo, não tem, tudo que precisa passar no médico. Então, não que os médicos não vão ser necessários, mas que os pacientes vão poder ter mais autonomia para saber para onde ele precisa ir, saber o momento certo, saber ser um pouco mais independente de certas coisas menores. para que a gente possa estar focado nos casos que mais precisam. Porque ainda tem pouco dermatologista para a quantidade de pacientes que a gente tem. Então, por exemplo, no Brasil, só nove por cento dos municípios tem um dermatologista. É muito pouco. Então, muita gente tem que se deslocar para ir numa cidade central que é um dermatologista. Eles estão muito concentrados, sim, em algumas cidades. Então, em São Paulo, a gente tem muito, mas tem vários lugares que não tem. Então, a teledermatologia permite que a gente chegue em mais pacientes à distância. Então, isso é uma coisa que já está acontecendo muito por causa da pandemia e cada vez vai acontecer mais. A inteligência artificial vai permitir que os pacientes consigam ter mais autonomia de decidir pra onde que ele tem que ir, no momento que ele tem que ir, e trazer informação mais certeira pro médico também porque às vezes a gente pergunta alguma coisa e o paciente tá todo confuso lá. Se ele tiver mais conhecimento, ele traz informação mais acurada pra gente, né? Falando “olha, eu acho que eu não apliquei o medicamento três semanas depois a trazer e atrapalhou”. Pronto, já me ajuda, né? Pra gente não precisar ficar decifrando tantos enigmas e a gente poder pensar em coisas mais à frente. E pro médico, tá tendo, eu vejo assim, tem muita informação. A inovação é ótima, mas tem muita informação. Os médicos estão cansados, então algumas pesquisas mostram que quarenta por cento dos médicos estão com problemas de ansiedade, de depressão. Muita gente não quer mais fazer residência, não quer mais trabalhar dentro de um hospital porque o burden é enorme. A gente está super sendo massacrado por muita informação, muita inovação, pacientes com mais conhecimento que cada vez chegam para a gente exigindo mais coisas também. Então, como é que a gente se mantém atualizado nesse mundo de ansiedade? E um sistema também cobrando que a gente trabalhe mais ganhando menos em menos tempo e sendo mais efetivo. Então, esse outro lado, está difícil para o médico, e aí que entra muito a tecnologia. Eu acredito nisso, que a tecnologia vai ajudar os médicos terem um menor burden durante o seu atendimento pra que ele sempre se mantenha atualizado, mas sem tanta burocracia. Tem coisa que tem que otimizar, senão os médicos não vão aguentar e não vão querer mais ser médicos porque tá ficando difícil. Então assim, vamos tirar tanta papelada, vamos tirar tanto trabalho, vamos ajudar o médico a tomar melhores decisões pra que ele não fique com toda responsabilidade sozinho de ter que ficar tudo na cabeça dele. Não, tem tecnologia pra isso pra ajudar a gente a fazer melhores escolhas pra ajudar a cuidar do paciente, pra que os dois lados saiam ganhando. M: Nossa, que legal, doutora! A sua visão tá completamente alinhada com a nossa. Assim, a gente acredita bem nisso mesmo. Que recomendações de saúde a doutora daria pras pessoas que estão nos assistindo? A doutora já falou um pouquinho aqui do sol, que outras recomendações de saúde a doutora daria pra quem tá nos assistindo? A: Ótimo. Hoje, a gente tem que pensar mais em saúde e não em doença, né? Por muito tempo a gente fica “ai, doença, tô doente, eu vou fazer alguma coisa”: muito reativo em relação a tratar doença, mas a gente tem que pensar em ter saúde. E o que é ter saúde? É fazer atividade física, é evitar ansiedade, né? Claro que é super difícil evitar a ansiedade, mas a gente tem que procurar pensar nisso. Ter um tempo pra falar “eu preciso ter menos ansiedade: o que eu posso fazer em referência a isso? Então, cuidar da saúde é prevenir: é passar protetor solar, é fazer o check-up todo ano, passar com o dermatologista, fazer um check-up das pintas para ver se está tudo bem, é, na dúvida, se informar… Então olhar informação de pessoas que sabem o que estão falando. E com o negócio da tecnologia também é confuso porque tem tanta informação, tanto, né... gente falando muitas coisas, inteligência artificial, que a gente tem que começar a pensar o que é verdade ou não. Então, procurar referências de sociedade, pessoas que têm uma boa formação. Então, a gente começar a ter uma crítica em relação à informação que a gente consome também porque só ficar seguindo uma pessoa que tem milhares de seguidores, às vezes, não está certo. Às vezes, a pessoa é muito boa de marketing, mas não é boa cientificamente. Então, a gente tem que ter muita crítica, cada vez mais, por causa desse boom que a gente está agora de informações na mídia. Então, ser crítico, saber onde você procura a informação e procurar pessoas confiáveis para tirar a dúvida. Às vezes, mais de uma pessoa a gente vai precisar, a partir de agora, para olhar e se cuidar. Então, medidas gerais são muito importantes. Então, cuidar da saúde, prevenir e procurar um médico precocemente que tenha uma boa referência. M: Espetáculo, doutora! Obrigada! Nós recebemos aqui, então, algumas perguntas, recebemos aqui alguns comentários, ó. Um aqui comentou com a gente que ele nunca teve problemas de pele, mas que algumas pessoas na família dele tiraram manchas que poderiam virar câncer de pele. Teve uma pessoa aqui que não seguiu 100% das recomendações do médico, outro que falou que sempre segue, que dá sorte, mas aí agora as perguntas aqui. Uma pergunta: a popularidade do skincare está trazendo mais benefícios ou malefícios, considerando o seu uso indiscriminado? A: Pergunta interessante porque falei recentemente com uma colega que ela foi até trabalhando na Shiseido, em grandes marcas, na Sephora, e ela falou: “nossa, eu comecei com... três passos de skincare, fui pra cinco, fui pra sete, fui pra dez, cheguei em treze passos de skincare”. Falei: meu Deus, você ficou o dia inteiro passando coisa no rosto. Então, a gente tá tendo, né? Esse boom de, cara, quantas coisas que a gente tem que fazer, o quanto que a gente vai ter o desgaste, será que a gente não deveria pensar em mais, em minimizar isso pra trazer um conforto? Porque a gente tem um boom de consumo, né? De falar “olha, agora é esse”, aí depois o mesmo que você tava comprando, você fala: “não, isso aí já não funciona mais, tem que ser outro, e agora tem que ser outro, e agora tem que ser outro melhor”. E aí você vai aplicando milhares de coisas, né? Pra conseguir uma pele, né? Saudável, jovial, enfim, é... eu vejo uma mudança de algumas linhas de pensamento de minimização. Então, será que um produto não conseguiria ele sozinho já hidratar e já fazer um efeito anti-idade? Então, tem algumas linhas que estão pensando muito nesse sentido, e vou até indicar dessa colega, que é uma linha nova, chama We.all. Não tenho nenhum conflito de interesse para indicar aqui, mas eu comecei a usar e falei: cara, é muito mais prático porque eu aplico um negócio e pronto. Então, a gente fazer esses múltiplos steps... torna a nossa vida um pouco mais complicada, né? Então, enfim, tem várias linhas de raciocínio, eu acho que tem alguns dermatologistas que concordam em mais linhas, em menos linhas, e a gente tem que ver, na verdade, o que o paciente se adapta. Tem gente que tem tempo e gosta, né? De fazer ali uma esfoliação, fazer todos os passos e tal, e tudo bem: a gente pode fazer. Mas tem gente que também quer coisa mais simples, que é o meu caso, então isso pode funcionar também. M: Legal. Doutora, tem uma outra pergunta aqui. É... A minha pele é muito oleosa, qual é o melhor tipo de protetor solar? A: Os que são tipo seco, com certeza. A gente tem muitos tipos, muitas marcas de protetores solares, né? E o importante é você ver ali. Os que são Oil Control, então esses que têm o controle de oleosidade. Eu gosto bastante, por exemplo, dos protetores da La Roche-Posay. Eu gosto do Minesol Oil Control, também acho muito bom o protetor de ulcermin também, de toque seco, eu gosto bastante. Você tem que experimentar, e não tem problema, você experimenta um, na próxima você compra outro, que cada um vai se adaptar com um jeito, né? Então, tem gente que gosta de cobertura maior, com cor, né? Por exemplo. Então, o Minasol com cor, eu, por exemplo. Eu gosto bastante dele, eu acho que ele funciona bem pro meu caso. Tem alguns protetores que são mais fluidos, então, por exemplo, a linha da Adcos, eu gosto bastante também porque dá pra ir lá e experimentar. Então isso eu já acho que é uma coisa boa também, você vai lá na loja e experimenta qual a cor que você gosta, o que você sente melhor. Então os que são fluidos, você, tipo, joga, né? Um líquido fácil de passar, eu acho isso daí prático também. Então cada um tem que ver o seu jeito, mas tem alguns que são em bastão, por exemplo. Você passa, ele dá uma cobertura maior, mas dá um trabalhinho maior pra passar também, então depende do seu perfil, vale a pena experimentar. M: Legal. Tem uma pergunta aqui: qual é o maior causador de câncer de pele? E aí, junto com essa pergunta: qual é a porcentagem do câncer de pele ser genético? A: O sol é o maior associado a esse câncer, os cânceres de pele. Então, o câncer mais comum são os carcinomas, que não é o melanoma, que é aquele letal. Então, o melanoma é muito mais raro, mas ele é muito mais letal. O carcinoma, o carcinoma basocelular ou o espinocelular: esse é o câncer mais comum do mundo porque tem muito, uma pessoa às vezes entredez, entendeu? Então uma pessoa só pode ter vários, principalmente em áreas que são muito, tem muita exposição solar, pessoas que trabalham, né? Mais expostas, que tem a pele mais clara, então às vezes eles têm vários, mas esse, graças a Deus, não é o mais letal. Então, às vezes, só com uma cirurgia local, acabou e tá ok, né? Esses carcinomas. Então, esses são muito, muito comuns. E aí, o melanoma, ele já é bem mais raro, né? O melanoma tem, sim, uma associação de risco genético. Então, se você tem um parente que tem melanoma, você tem que tomar muito mais cuidado... em prevenção com o sol e fazer ali o check-up todo ano. Hoje em dia, a gente tem também um mapeamento fotográfico, então isso ajuda bastante, né? Que é fotografar ali as lesões e poder acompanhar ela com fotos porque às vezes só no olhar, a gente tá olhando e a gente não percebe que ela mudou ali, vinte por cento de uma lesão muito pequena, mas às vezes na comparação com esse tipo de tecnologia, a gente consegue detectar mudanças rápidas. E isso pode ajudar muito. Então, o que você tem que fazer é passar num dermatologista inicialmente, ele vai fazer uma análise das lesões e vai te indicar se você precisa ou não fazer o mapeamento fotográfico. E quem tiver oportunidade, vale sim, vale bastante a pena. M: Legal. Tem mais uma pergunta aqui, que é uma pergunta mais pessoal. Por que a senhora tem interesse em psoríase? E aí tem outra pergunta que é o que são imunobiológicos? A: Perguntas difíceis essas. Eu, quando eu fui para, quis voltar para a área acadêmica logo que eu me formei, esse ambulatório especificamente a titular, né? Que digamos que é a pessoa responsável de todo o serviço lá, ela falou: “olha, o pessoal ali da psoríase tá precisando de um professor ali”, né? Que a gente chama de preceptor ali. E eu gostava lá na USP da psoríase, eu achava prático, eu achava muito, assim, resolutivo de: caramba, se dá um tratamento e o paciente muda completamente e se cura, que são esses tratamentos imunobiológicos que o pessoal chama de vacina, que é um medicamento injetável, né? Então, a maioria passa pomada, pomada, e esses tratamentos para os casos mais graves, que você faz uma injeção, ele é muito efetivo, muito seguro: muda a vida do paciente. Mas ele é muito caro também, então por isso que não dá pra ser pra todo mundo, só pra quem realmente tá mais grave. E aí, foi quando eu fiquei nesse ambulatório lá em Mogi. Aí eu amei, falei: cara, muito legal, acho que é uma doença que impacta demais a qualidade de vida do paciente, mas tem resolutividade. E tinha muita gente, milhares de pessoas precisando dessa ajuda e cada vez que eu vou ajudando mais, eu falo: nossa, toda vez que eu me impressiono quando o paciente volta mudado. E esses tratamentos imunobiológicos, eles fazem parte do arsenal terapêutico que existe para tratar não só a psoríase, mas essas outras doenças que eu falei também, como dermatiatópica, hidratenite. É uma classe de tratamentos que é uma injeção, e hoje a gente tem também os inibidores de JAK que são medicamentos orais que também são bastante efetivos para essas doenças mais graves, como eu falei, que também estão muito populares agora por causa da eficácia que ele dá. Diferente dos tratamentos tradicionais que a gente tem. M: Legal, doutora! Que joia. Tem mais algumas perguntinhas aqui, mas a gente já terminou o tempo da live. Doutora, olha, muito obrigada! Foi fenomenal conversar com a senhora, abriu minha mente para muitas coisas. Assim, parabéns pelo trabalho aí na Kintsu, nesse ambulatório de psoríase, com esses estudos, muito, muito legal, viu? Foi uma honra, realmente. A: Obrigada a vocês, eu fico super feliz de poder trazer informação, principalmente para mais pacientes, mais médicos, e que vocês também possam ajudar muito mais pessoas, pacientes, médicos, a chegarem até esse tipo de informação, a chegarem até o controle das doenças. Então, eu fico feliz de colaborar. Sou uma entusiasta da saúde, da tecnologia e da inovação. Então, obrigada pelo convite! Fico à disposição. Quem quiser depois me mandar mensagem, tiver dúvida, pode me mandar lá no Instagram, eu sempre estou à disposição também para conversar! Obrigada! M: Esse aqui é o Instagram da doutora Aline, aqui embaixo, que está escrito na legenda, tá? Muito obrigada a vocês também que nos assistiram. Agora, durante a live, e os que vão assistir depois. É isso aí. Um abração! Bom dia a todos! Até mais! Bom dia, tchau! A: Tchau.
- Desvendando o RFC - Request For Comments
No post de hoje, vamos falar sobre um conceito que fará parte da nova proposta de atuação do Telix, o Request For Comments - RFC. Este conceito, embora não seja popularmente conhecido, é de extrema importância no universo online e nós vamos te explicar o porquê. O Request For Comments surgiu com o objetivo de padronizar os dados que temos na internet, com uma base global, atualizada e com informações verdadeiras. Sendo assim, todos os padrões da web, com serviços, protocolos e outras informações técnicas oficiais da rede mundial de computadores foram padronizados com números, códigos únicos criados para identificar comandos e informações de grande importância. E é exatamente essa a nossa proposta, com o Telix: Conhecimento para a saúde. Nosso objetivo é aplicar esse mesmo conceito na área da saúde. Com a precisão dos números, podemos padronizar as informações mais importantes da área médica, tornando o compartilhamento de pesquisas, diagnósticos e outras informações acessíveis a nível mundial. E para darmos forma a isso, faremos entrevistas com profissionais da saúde, para esclarecer algumas dúvidas frequentes da população mas acima de tudo, coletar informações sobre esse projeto tão significativo. Para saber mais sobre os nossos avanços, propostas e novidades, siga as nossas redes sociais e acompanhe de perto todas essas mudanças! Instagram Telix
- Entrevista com o Dr. Roberto Almeida sobre a Medicina do Estilo de Vida (MEV)
Transcrição da entrevista do Dr. Roberto Almeida para o Telix Entrevistadora: Marina Ghisi (M) Convidado: Roberto Almeida (R) M: Boa tarde, tudo bem? Hoje nós vamos ver como a medicina do estilo de vida pode melhorar a sua vida, através de uma entrevista com o doutor Roberto Almeida. A gente também vai falar um pouquinho do projeto que nós estamos desenvolvendo aqui no TELIX . O doutor Roberto Almeida é médico, ele é professor da Faculdade de Medicina da UNILA , ele é coordenador da UTI do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu e além disso, ele é diretor técnico de uma startup na área de saúde, a MEVIDA . Mas mais do que isso, doutor Roberto é uma grande inspiração pessoalmente pra mim e eu sinceramente acredito que se vocês assistirem essa entrevista, isso pode ser uma grande inspiração pra vocês também. Vamos lá então! doutor Roberto, seja bem-vindo! R: Oi! M: Vou fazer uma pergunta. Eu ou alguém que está nos assistindo deveria procurar um médico de estilo de vida se ficasse doente? R: É interessante, Marina. Eu queria agradecer para você a oportunidade e falar que é importante a gente entender que a medicina de estilo de vida é uma abordagem complementar hoje em dia, a gente pode dizer assim, integrada com a medicina de uma maneira geral. Porque quando você fica doente agudamente, por exemplo, você precisa às vezes fazer alguns exames, alguns diagnósticos para tratar aquela doença de uma maneira mais aguda. Mas a medicina do estilo de vida vai te auxiliar, complementar, por exemplo, se você fizer o diagnóstico de uma doença crônica que você vai conviver com ela. Como diabetes, hipertensão e algumas doenças cardíacas. Então, tem várias patologias que vão precisar de um acompanhamento para fazer uma mudança do estilo de vida. Como a intervenção médica, vamos dizer assim. Então essa é a grande diferença, de um tratamento agudo de um tratamento crônico. Acho que se nessa entrevista a gente conseguir que as pessoas entendam isso, vai ser muito legal porque vai permitir às pessoas entenderem que ela pode ter o médico da doença aguda. O médico que vai fazer o tratamento de qualquer problema, a gente vai dar alguns exemplos depois, mas ela vai também precisar entender de um acompanhamento, de uma equipe. Na realidade, na medicina do estilo de vida a gente trabalha muito com equipes de saúde para mudança de hábito, então é necessário em algum momento todos nós pensarmos em um acompanhamento de medicina do estilo de vida. Hoje em dia, com as doenças crônicas sendo a principal causa de doença nos países, quase todos os países a principal causa de adoecimento e morte são as doenças crônicas não transmissíveis. Então é por aí que a gente precisa entender o papel da medicina de estilo de vida. M: Entendi, doutor. Então deixa eu ver se eu entendi da maneira correta: então a medicina de estilo de vida é mais indicada para pessoas que têm doenças crônicas, como por exemplo, que tipo de doenças crônicas? R: Bom, ela é indicada para todas as pessoas porque ela funciona como se fosse um processo de manter a saúde. Então vamos começar por aí. Antes de ter a doença crônica, se a pessoa não tem nenhuma doença, uma pessoa jovem de 30, 40 anos que ainda não teve nenhuma doença, mas ela tem alguns estilos de vida. Eu estava vendo uma pesquisa agora feita com adolescentes que mostra que mais de 70% dos adolescentes no Brasil não praticam atividade física. Então eles já estão dentro da medicina do estilo de vida fazendo um comportamento, que é o hábito de não praticar atividade física regular, isso já está sendo fator de risco para doenças. Então ele vai ao longo do tempo ter um risco maior de desenvolvimento de doenças. Então de uma maneira geral começa avaliando, fazendo um diagnóstico do estilo de vida, da alimentação, do exercício, do sono, vários fatores e aí e a partir daí vai começando a se fazer os ajustes. Essa é a primeira abordagem e depois começam as doenças crônicas, então a pessoa tem diabetes, hipertensão arterial, tem doenças cardiovasculares, como já teve uma doença coronariana ou uma doença de insuficiência cardíaca ou já teve um AVC. Então aí começam a ser já doenças em estágios mais avançados, doenças crônicas, que ela pode se beneficiar da mudança de estilo de vida porque daí vai ajudar a controlar melhor, né? Essas doenças ficam melhor controladas com a mudança de estilo de vida. M: Entendi. Então, como que o médico que usa os conceitos de medicina do estilo de vida decide qual tratamento descrever para esses pacientes, então, de doenças crônicas? Porque a gente entende, então, esses pacientes de doenças crônicas vão se beneficiar mais de consultar o médico de estilo de vida. Por que isso vai beneficiar mais eles? E como que o médico decide o que vai prescrever para a pessoa fazer? R: Então como que funciona, né? Nessa avaliação, por exemplo, quando você faz uma avaliação do médico da medicina de estilo de vida, ele vai abordar o que a gente chama de pilares do estilo de vida: alimentação, exercício, sono, o manejo do estresse, os relacionamentos e o controle dos álcool, drogas e tabaco. Então quando você faz essa análise da pessoa, você pode já começar a orientar. Se a pessoa, por exemplo, ela é hipertensa, ela já vai ter um ajuste conforme a sua condição dos hábitos do estilo de vida e também em relação às suas patologias. E como que a gente escolhe essas orientações? Primeiro é interessante notar que a maior parte das orientações da medicina do estilo de vida vão ser assim como se fossem universais, né? Do ponto de vista que vale para as pessoas que todas as doenças crônicas: diabético, hipertenso. Então ele vai ter uma recomendação geral de mudar os hábitos, como por exemplo, começar a fazer atividade física é uma coisa geral. Qual que é a adaptação específica? É analisar as condições do paciente, cada paciente às vezes tem uma condição que exige, por exemplo, se já tem doenças cardíacas: uma monitorização diferente. Então a gente vai fazendo as adaptações, mas geralmente são orientações gerais. E aí que está o grande desafio da medicina estilo de vida, porque muitas pessoas já sabem disso, que elas precisam se organizar para ter um hábito com o návis. O problema é que sem o acompanhamento não tem essa, vamos dizer assim, esse ajuste fino do que cada um precisa fazer e como que vai fazer esse processo ao longo do tempo. M: Entendi, doutor. Então, por exemplo, no caso de um paciente que tenha dores na coluna, se ele for um médico de estilo de vida, pode ser que o médico prescreva medicamento e cirurgia para ele ou não? R: Como eu falei, é possível que quando vem com uma queixa específica como essa, o médico vai conduzir a entrevista e a anamnese e a investigação de uma maneira semelhante ao médico que faz clínica geral, por exemplo. E sem dúvida ele pode prescrever medicamentos, né? Numa fase aguda, ele pode recomendar cirurgia se ele achar que pelos exames que ele identifica tem alguma indicação de acompanhamento ou com ortopedista ou com neurocirurgião por conta de alguma hérnia de disco, por exemplo, que tenha na coluna. Então é possível que ele recomende também, só que o que vai ser o diferencial é que ele vai começar já com essa pessoa um trabalho simultâneo de trabalhar a mudança dos hábitos, porque provavelmente há coisas para serem feitas em termos de mudança nas causas desses problemas que estão afetando a coluna da pessoa. Então dependendo da gravidade: sim, o médico pode também prescrever remédios e cirurgia, orientar pelo menos. M: Entendi. Doutor, conta pra gente, como que a medicina do estilo de vida entrou na sua vida? R: Ah, isso é muito interessante. Eu sou médico intensivista, que eu trabalho em UTI. Então o que acontece? Eu recebo diariamente no meu trabalho pacientes em estágios avançados dessas doenças crônicas, diabéticos, infartados, com AVC, com doenças como câncer e tudo. Então a gente começa a ver que esses pacientes chegam nessa fase, às vezes, avançada de doença ou de idade e a gente conversa com familiares e com os próprios pacientes e eles têm uma longa história de hábitos que eles ou não sabiam ou não conseguiam um apoio para mudança. E aí a gente vê que nesse momento é difícil de fazer mudanças porque as coisas já estão avançadas. Então eu comecei em 2014 quando eu já estava com 20 anos de formado, esse ano eu estou com 30 anos de formado em 2024. Em 2014 eu comecei a dar aula na UNILA que é na Universidade Federal da Integração Latino-Americana em Foz do Iguaçu e eu ia dar aula no curso de medicina e eu estava querendo, o que tem mais de novidade na área da saúde, na área da medicina? E eu encontrei essa ideia da medicina do estilo de vida. E ela foi como se fosse uma explicação para a gente tentar melhorar esse resultado dos pacientes que a gente recebe na UTI, porque a gente consegue visualizar uma de mudança desse cenário. Tanto é que eu fui num congresso lá nos Estados Unidos em 2014 e lá eu encontrei uma imagem, até que se você puder compartilhar aí a tela, eu gostaria de mostrar, que eu achei muito significativa, essa imagem dos médicos trabalhando, como se representado numa analogia, a que os médicos enxugando a água é tratando os doentes que chegam no hospital. E aquela torneira atrás são comportamentos e estilos de vida que mantém esse fluxo de pacientes que chegam na minha UTI, que chegam nos hospitais, que chegam no ponto de socorro. E são as pessoas que estão agudamente adoecendo ao longo desse processo. Elas já vêm com a doença crônica, mas quando elas internam é porque ocorreu algum evento mais agudo. E aí, neste congresso, eu aprendi exatamente essa ideia de que a gente precisa atender essa situação das pessoas que chegam, mas aquela torneira atrás precisa ser desligada. E essa é a revolução que a medicina do estilo de vida propõe a fazer ajudar tanto os profissionais da saúde quanto a população, entender que a gente precisa buscar essa causa das doenças, entendeu? A causa dos problemas de saúde. Então isso pra mim foi, quando eu vi isso: eu falei é isso que eu quero trabalhar daqui pra frente. Já estou com 10 anos hoje trabalhando com isso e me sinto muito motivado porque a gente consegue, quando a gente consegue trabalhar com algumas pessoas e os pacientes entenderem isso, as mudanças e os resultados são muito bons. M: Legal, doutor, maravilha. Então o seu negócio é evitar que as pessoas cheguem na UTI, evitar que tenham que passar por cirurgia e viver essa experiência muito difícil, que é essa experiência de UTI, de hospital. Muito legal! Eu queria perguntar para vocês que estão nos assistindo, para vocês postarem nos comentários se vocês já conheciam esse conceito de medicina de estilo de vida ou não e o que vocês acharam dele. A primeira vez que eu ouvi esse conceito de medicina de estilo de vida foi justamente através do Dr. Roberto, ele que trouxe esse conceito para a minha vida pessoal, para a minha vida profissional também. A gente acabou tentando implementar isso no local de trabalho e tal, e foi uma coisa muito interessante, que trouxe muita esperança de qualidade de vida para as pessoas que convivem comigo. Então, foi muito legal! Obrigada, doutor Roberto, por ter trazido a medicina de estilo de vida para a minha vida! Existe uma plataforma em que os médicos consultam para decidir entre indicar um tratamento convencional ou baseado em estilo de vida? Existe alguma? R: Hoje, uma plataforma específica para isso não existe, mas o que a gente tem é que existem as plataformas, vamos dizer assim. O PubMed, o Google acadêmico também, que são locais onde existem artigos científicos sobre os estudos que são feitos de tratamentos, intervenções medicamentosas, cirúrgicas e as intervenções de estilo de vida. Então quando a gente está diante de uma situação, a gente sempre busca o que a gente chama das “evidências científicas”. O que as últimas pesquisas mostram sobre o assunto? Então essa plataforma do PubMed, que são as publicações médicas, elas têm informações que estão dispostas lá para a gente consultar as revistas, as pesquisas que foram feitas. E aí o médico consegue, dependendo dessa situação, ter então uma orientação bem atualizada sobre o que prescrever. Essa é uma forma de buscar as informações. Mas também existe, dentro do Colégio Brasileiro de Medicina Estilo e Vida, do Colégio Americano de Medicina Estilo e Vida, muitas recomendações que já estão sendo trabalhadas pelas diferentes pilares. Então, recomendações para a alimentação, recomendações para exercício físico, recomendações para o sono, para o controle e manejo do estresse. Então, cada um daqueles pilares que existem, a gente tem muitas recomendações muito boas. Então basicamente é isso, a gente tem essa fonte geral das pesquisas e nossas instituições da medicina do estilo de vida também trazem muita boa referência. M: Entendi, doutor. Por isso então que a gente quando vai no médico, a maior parte dos médicos já faz recomendação sobre estilo de vida, né? Eles mandam a gente comer menos, perder peso, fazer exercício físico, então esse conhecimento da medicina do estilo de vida, ela está incorporada nas plataformas que os médicos consultam para sugerir medicamentos. E por que o doutor acha que a adesão a essa mudança de estilo de vida é tão baixa? Por que o médico manda a gente fazer exercício e tomar remédio e a gente acaba só tomando remédio e não fazendo exercício, por exemplo? M: Tem muitos fatores, mas é interessante a gente falar sobre isso porque primeiro existe o que a gente poderia falar que os hábitos que as pessoas têm, os maus hábitos, eles têm um processo de enraizamento, ficam arraigados. É difícil mudar hábitos depois de muitos anos. Então, por mais que a pessoa saiba que faz mal ou que não é o ideal, ela tem uma adaptação, isso é um fator. Existem outros fatores, por exemplo, o ambiente que ela vive, seja o ambiente social das companhias, seja o ambiente físico das faltas de condições, por exemplo. Quando a gente fala de alimentação saudável, às vezes a pessoa mora num lugar que não tem quase acesso a alimentos saudáveis, eles chamam isso de desertos de comida, então a pessoa só tem alimentos industrializados disponíveis, mais acessíveis economicamente. Então, acaba que é um fator que impede muitas mudanças. Às vezes, falta ambientes, nessa pesquisa que eu estava lendo hoje sobre os adolescentes, muitos relatam que não têm ambientes adequados para a prática de esportes, para atividades físicas. Então, você pode faltar estímulos ambientes das políticas públicas dos municípios. Além disso, posso colocar mais fatores que acho que vale a pena a gente entender por que é tão difícil mudar. Às vezes tem problemas psicológicos, a pessoa tem problemas de depressão, ansiedade, e aí quando ela vai fazer mudanças, isso vai mexer também com o lado emocional. Então, a gente vai dizer que tem fatores psicológicos, fatores de hábito, fatores sociais, fatores ambientais que estão, vamos dizer assim, contra essa mudança. Então, por isso que é muito difícil. As pessoas, os médicos orientam, as nutricionistas, o educador físico, todo mundo tá falando o que precisa fazer e as pessoas encontram muita dificuldade. M: Eu vou compartilhar uma experiência minha. Eu tenho uma filhinha e lá no prédio que eu moro, as crianças não descem para brincar lá embaixo, não descem. Então, no verão até tem piscina, e aí todo mundo vai na piscina, então no verão rola uma interação social com atividade física no prédio, mas no inverno não. No inverno as crianças ficam no celular, ficam nas suas casas e não tem esse ambiente que ela possa se exercitar dentro do prédio, dentro de casa. E aí, para o pai que trabalha, para uma mãe que trabalha o dia inteiro, é difícil, é custoso fazer esse esforço de levar a criança para um outro ambiente para que ela possa fazer o exercício que ela precisa, né? Porque a escola, quando a criança é mais nova, até tem bastante oportunidade de exercício, mas vai ficando mais velha, a escola é um local de aprendizagem mesmo, né? O tempo de cada atividade física é muito pequeno, por exemplo, tem uma hora de aula de educação física por semana, que não é nem perto do necessário. Então, isso é muito frustrante. Por outro lado, eu como pessoa também, eu percebo que eu deveria ter hábitos alimentares mais saudáveis e eu tenho muita dificuldade em adotar esses, me dá muita frustração. Eu vou perguntar para vocês que estão assistindo aqui, vou pedir para vocês escreverem escrever nos comentários de vocês. Vocês enfrentam alguma dificuldade para adotar hábitos saudáveis? Como que vocês se sentem a respeito? E enquanto vocês escrevem, vou pedir para vocês escreverem mesmo, porque é uma pergunta importante, vou pedir para o Dr. Roberto também, como que o doutor como médico se sente em relação a essa dificuldade das pessoas de mudarem seus hábitos? R: É, a gente, como você falou, a gente se sente, eu me sinto desafiado, né? Porque a gente sabe que a gente, quando vai atender uma pessoa, a gente na hora que a gente faz a entrevista que a gente começa a conhecer a realidade da pessoa, a gente começa a perceber as dificuldades que ela vai enfrentar, que ela tem. Então, é um desafio, eu me sinto desafiado, porque a gente precisa descobrir com aquela pessoa, e cada pessoa vai ser uma estratégia. A gente descobrir uma forma de descobrir uma maneira motivadora. Por isso que existe uma ferramenta que a gente utiliza, chamada “entrevista motivacional”, que é uma busca de entender o que para essa pessoa vai fazer a motivação dela dar o clique, de ela começar a se dedicar a essa transformação. Então existe um processo, uma escala de avaliação que a gente vê para fazer as mudanças, que eu acho muito interessante, que a pessoa pode estar para certos hábitos, vamos dizer assim, mudança alimentar ou exercício físico, vamos dar esses exemplos. Por exemplo, para a atividade física, ela está numa fase que a gente chama de pré-contemplação. É uma fase que ela não quer nem pensar no assunto, não incomoda. E, às vezes para a alimentação, ela já está incomodada, ela já está frustrada, ela já está numa fase preocupada com isso, querendo fazer alguma coisa. Então, ela já está numa fase de contemplação da mudança. E aí, é necessário para cada uma dessas fases ter estratégias de conversa, de entrevista motivacional, para ela ir para as fases seguintes de preparação e de mudança efetivamente. Então, é um desafio. E é um desafio que não se encaixa muito bem, e aí é talvez o ponto mais frustrante do profissional da saúde e do estilo de vida, é que os convênios e a maneira de a gente atender as pessoas, prevê uma consulta muito rápida que é uma consulta que a gente escolta os problemas e pede os exames e dá as receitas. Isso é rapidinho, mas para uma mudança de estilo de vida, para você descobrir essas fases, para você entender, seria uma consulta mais demorada. E geralmente isso não é contemplado hoje nos planos de saúde e tudo. Então, na medicina de vida, a gente tem procurado descobrir estratégias de fazer isso. Uma das que está dando mais certo são consultas coletivas, incrível que pareça, agendar consultas de pessoas com problemas semelhantes e atender essas pessoas em grupo. Eu fui num congresso e a gente viu esse debate lá no exterior, aqui no Brasil a gente já está começando a fazer algumas experiências e é muito interessante. M: Nossa, seria parecido com os alcoólicos anônimos, esse tipo de conceito? Os vigilantes do peso, é mais ou menos esse conceito? R: Vamos dizer assim, considera que tem o valor desse trabalho, nesses dois exemplos que você deu, mas é como é uma consulta do profissional de saúde porque nesses aí geralmente é o próprio grupo que se reúne, das pessoas que têm os problemas semelhantes. É semelhante porque tem essas pessoas com a mesma demanda, vamos dizer assim, o mesmo objetivo, mas vai um profissional ou mais de um profissional ter encontros regulares com essa turma. E aí ele trabalha explicações e dúvidas, aí as pessoas compartilham suas experiências. Então isso se torna uma forma de trabalhar diferente, mas é como se fosse, como eu falei, uma consulta coletiva porque geralmente as consultas são individuais. Normalmente nessa estratégia faz-se uma consulta individual e aí se convida a pessoa “Você quer participar do grupo?” e a pessoa diz que quer participar. Daí depois que você fez várias consultas individuais, você faz uma consulta em grupo. É bem interessante. M: Que legal, que joia, doutor. E muito obrigada vocês que compartilharam com a gente aqui a experiência de vocês sobre essas dificuldades de aderir a hábitos saudáveis. Doutor, além dessa questão da reunião em grupo, que outras ferramentas e que outros recursos médicos de estilo de vida têm e recomendam para aumentar essa adesão aos estilos de vida mais saudáveis? R: Olha, a gente tem várias ferramentas. Uma das que geralmente se usa, por exemplo, quando se vai estabelecer metas de mudança é aquela história dos pequenos passos, que a gente chama de “passos de bebê” ou “baby steps”, que você começar qualquer processo de mudança, ser com metas específicas, mensuráveis, “metas smart” também. É uma ferramenta que às vezes a pessoa não tem essa noção, ela quer mudar, ela está muito motivada às vezes porque deu algum clique e ela começa a mudança e tenta fazer algumas mudanças. Mas ela às vezes se coloca num desafio muito grande que gera uma frustração, e essa frustração vai gerar o abandono daquele processo de mudança. Então, o início gradativo e o acompanhamento dessas metas é uma coisa que a gente faz junto com as pessoas quando a gente atende. Isso ajuda muito. Além disso, se você tem hoje muito estudo mostrando que se você faz um acompanhamento ou um monitoramento, e talvez isso com as tecnologias, a gente vai ter cada vez mais aparelhos medindo os passos e a gente ter o acompanhamento. Toda vez que a gente mede as mudanças, a gente meio que se motiva. E se você tiver que meio que, não é prestar contas, mas ter alguém te acompanhando. “Olha, como é que foi essa semana?” “Eu vi que você não deu tantos passos”. Isso geralmente cria uma relação da pessoa sentir que está sendo cuidada, que está em uma equipe com a equipe da saúde, entendeu? Essas são estratégias interessantes. E como a gente já tinha falado, os grupos de apoio, de suporte também porque um ajuda o outro, um puxa o outro quando não está tão motivado, então isso ajuda muito. Então nessa linha tem algumas ferramentas muito legais. M: Que jóia, doutor! Mudando um pouquinho de assunto, a gente aqui no TELIX está desenvolvendo um protocolo para facilitar a troca e comparação de informações na área da saúde. Posso te fazer uma pergunta sobre alguns parâmetros que a gente pensa em colocar nas tabelas desse protocolo? R:Sim, vamos lá! M: Legal! Um dos parâmetros que a gente pretende incluir é a eficácia do tratamento e a gente vê a eficácia relacionada a prazos determinados, né? A eficácia em um dia, em cinco dias, em dois meses, em um ano, né? É fácil para o médico ou gestor de saúde obter e comparar dados de eficácia de tratamento, tanto de tratamentos médicos como de tratamentos não médicos (acupuntura, odontológicos, fisioterápicos ou até esses tratamentos de estilo de vida que o doutor comentou)? R: Olha, quando a gente, como eu estava falando para vocês, a gente não é… a primeira resposta genérica assim.. não é fácil porque na realidade, como eu falei: dependendo de cada situação, cada tratamento, você tem diferentes opções hoje de tratamento, medicamentos, e eles… cada estudo, às vezes mostram estudos comparativos, e então a gente começa a ter estudos de eficácia de medicamentos, Por exemplo. Existem alguns estudos dessa maneira. Então você compara a pessoa tomando o remédio A, remédio B e um placebo, nenhum efeito de medicamento e aí você consegue ter resultados assim. Mas isso é muito utilizado na questão dos medicamentos. Quando você cai lá no contexto, por exemplo, de tratamentos não médicos, não medicamentosos, como terapias, como acupuntura, outras técnicas. é mais difícil também porque aí já não tem como comparar uma coisa com outra, Não tem muitos estudos, porque quem financia esses estudos dos medicamentos é a indústria farmacêutica porque ela está lá buscando uma boa droga para ter um bom resultado, uma boa eficácia. Então tem mais disso. Na área de cirurgia, que eu pulei essa parte, mas também tem estudos, né? Técnicas cirúrgicas, cirurgias abertas, cirurgias menos invasivas, tem muitos estudos comparando. Mas quando se chega nas práticas que estão não medicamentosas, já é mais difícil ter muitos estudos. E na medicina do estilo de vida, com essas intervenções de mudança de alimentação, exercício, existem estudos muito interessantes que já começam a ser feitos comparando tratamento. Por exemplo, de depressão com medicamento ou com atividade física, ambos tendo um acompanhamento psicoterápico, por exemplo. Então, você pega um grupo fazendo terapia e tomando remédio, e outro grupo fazendo terapia e orientando-os a ter feito uma atividade física com qualidade de acompanhamento. Já existem resultados, então começa a ser comparado isso, mas não são tanto quanto os medicamentos. Então eu acho que isso dá um panorama para vocês aí de como que está a situação nossa. M: Legal, doutor. Então esse dado de eficácia parece importante para o senhor, é um dado válido? R: Sim, a gente tem tanto a eficácia que é uma coisa que a gente estuda na medicina chama-se a “diferença de eficácia e eficiência” porque um medicamento pode ser eficaz. Vou dar um exemplo hipotético, só para ficar fácil de explicar. Você toma esse remédio de duas em duas horas que ele é extremamente eficaz, mas aí a pessoa “fala tem que tomar de duas em duas horas?” “É, de duas em duas horas”. Ele não é eficiente. Ele é eficaz, mas não é eficiente. Porque ninguém vai tomar de duas em duas horas. Agora, se você fala, “olha, esse remédio, ele é muito eficaz e tomando uma vez ao dia você vai ter o resultado”. Nossa, esse remédio vai ser eficaz e eficiente. Então isso para a gente muitas vezes, tanto é que muitas coisas que existem no mercado, novas drogas, novos medicamentos são feitos em cima dessa ideia de eficiência porque eles vão garantir a adesão ao tratamento. Que aí toma uma vez ao dia, “poxa, aí ficou fácil, agora eu tomo”. Então, muito dos medicamentos novos às vezes têm essa característica. M: Espetáculo, doutor! Outros parâmetros que a gente pensa em utilizar na plataforma do TELIX são “risco” e “efeitos colaterais". Tem parâmetros quantitativos para comparar risco e efeito colateral de tratamento? R: Olha, quando é feito o lançamento de uma droga nova, um medicamento, sempre tem os estudos dos riscos, efeitos colaterais e isso tem estatísticas. Eles procuram fazer esse trabalho sempre. Essas são aquelas famosas letrinhas miúdas da bula porque a bula tem para ser lançada no mercado, é uma exigência. Aqui no Brasil é a Anvisa, lá nos Estados Unidos é a FDA, que é a Food Drug Administration, que é um controle que existe para os critérios de segurança das drogas, dos procedimentos e tudo. Então isso existe. A gente normalmente quando o médico vai prescrever tem uma característica que é a experiência do médico com aquele remédio, novos medicamentos. Às vezes ele tem que consultar porque isso varia de medicamento para medicamento, mas à medida que o médico tem experiência ele já sabe que aquele remédio é mais seguro, nunca deu problema. Tem poucos problemas. Então é mais ou menos assim. Tabelas a gente encontra nos nossos livros médicos, a gente tem muitas referências, geralmente tem esse item como um item para ser consultado. M: Interessante, legal. Mas dos não médicos nada também? R: Dos não médicos é mais difícil porque como a gente falou, as pesquisas nessas questões não são. Nos casos das intervenções da medicina de estilo de vida, uma das grandes questões é que geralmente as recomendações de mudança de estilo de vida, elas não têm contraindicação. Você vai poder só fazer, por exemplo, atividade física, você vai poder prescrever atividade física para todos os pacientes, claro que você vai estudar algum outro que tenha alguma limitação mecânica, motora ou alguma limitação, por exemplo, cardíaca, que você vai fazer ajustes, mas não é contraindicado, entende? Então isso é interessante, porque em tese a hipnose é um medicamento, se fosse comparar, essa ideia de tratar o estilo de vida como uma intervenção é uma coisa bem segura e legal. M: Legal! Massa! Doutor, outra coisa que a gente pensou em colocar é o bem-estar geral do paciente, né? Acho que para a gente seria um parâmetro? R: Sim, a gente geralmente procura fazer o que a gente chama de questionários de qualidade de vida, questionários de bem-estar. Existem alguns questionários que são padronizados para fazer as pesquisas e na medicina do estilo de vida é uma ferramenta que às vezes o profissional pode usar para fazer como se fosse, sabe aquela fotografia antes e depois? A gente tem, inclusive é uma das coisas que a gente está desenvolvendo na MEVIDA, é colocar esses questionários disponíveis em uma plataforma para fazer essa medida do bem-estar. Porque o bem-estar pode ser uma coisa objetiva ou subjetiva, mas normalmente, quando a gente fala de bem-estar, tem um bem-estar subjetivo. Mas quando se fala dos diferentes aspectos, por exemplo, o sono, a qualidade do sono, você tem questionários específicos para a pessoa responder e ela tem como se fosse um diagnóstico do sono dela. E aí a gente propor mudanças e depois de um certo tempo ela fazer uma nova avaliação e ela vê o progresso dela. E ela, claro, além do bem-estar subjetivo, que ela vai estar se sentindo melhor, ter essa medida. Entendeu? M: Então isso é bem legal e isso existe em várias ferramentas nesse sentido. E essas ferramentas, elas são padronizadas e são internacionalmente aceitas? No sentido assim, por exemplo, se essa ferramenta for adotada por um cardiologista e a mesma ferramenta for adotada por um médico de outra especialidade, todos entendem essa linguagem e aceitam essa ferramenta como válida e também internacionalmente, tipo, entre países é a mesma ferramenta, são os mesmos números, é aceito internacionalmente ou não? Ou cada profissional usa o que acha melhor e não são, não é um parâmetro comparável tanto de maneira interdisciplinar como internacional? R: Então vamos começar pela questão internacional, que quando você tem um instrumento de uma escala, um instrumento de medida, ele geralmente, se for questionários que são feitos, existe toda uma fundamentação científica e são feitos testes e aí ele fica validado por uma determinada população, por exemplo, americana. Se a gente vai fazer aqui no Brasil, a gente não pode simplesmente traduzir e aplicar, a gente tem que fazer uma validação nacional desse. existe um trabalho de procurar fazer análise do ponto de vista da linguagem e testar se as pessoas estão entendendo bem o que está se perguntando. Então existe a necessidade de fazer uma validação de país para país conforme o questionário. Quanto aos profissionais, aí vem um grande ponto que eu acho importante que é o fato de você ter médicos, cardiologistas, dentro do que a gente poderia dizer assim, tem duas cabeças: a população, já que esse aí é uma live que a gente está fazendo para pessoas em geral, então é importante que as pessoas tenham, assim, tem médicos que estão trabalhando com o foco no tratamento da doença, a visão dele, o treinamento dele é para diagnosticar e tratar doenças. e existem esses médicos cada vez mais que estão entendendo essa visão da medicina do estilo de vida que vê a pessoa como um todo e ele quer ver o bem-estar, quer ver outras características. Então, quando você vai ao médico, você vai ter que saber se esse médico, ele é só de diagnóstico de tratamento da doença, ele não está aberto e não vai usar e não se interessa muito por essas questões. E existem os médicos que são mesmo de cardiologista, endocrinologista, vários profissionais que já estão se interessando por essa visão. Então é isso que a gente tem que ver. Então esses que se interessarem vão compartilhar as ferramentas. M: Entendi. Doutor, agora que tal a gente falar um pouquinho sobre a sua startup, a MEVIDA, que tem tudo a ver com esse assunto de ferramentas de medição de [inaudível]. O que o senhor gostaria de contar? O que o senhor gostaria que o público soubesse aqui sobre a MEVIDA? R: Olha, a gente começou durante a pandemia. A pandemia trouxe muitas situações desafiadoras, tanto na minha área da terapia intensiva, quanto ela trouxe uma perspectiva de as pessoas se alterou. E nessa discussão, uma das coisas que aconteceu na medicina foi a mudança da telemedicina. Que foi a questão de você poder começar a fazer as consultas, as pessoas em casa, como a gente está fazendo essa live, nós estamos conversando aqui. Então, nesse contexto, os estudantes de medicina da UNILA estavam fazendo apoio ao atendimento das pessoas com Covid. E eles já tinham passado pela disciplina de medicina do estilo de vida e aí surgiu uma ideia de a gente falar “olha, professor, o que você acha de a gente discutir, a gente sempre incentivando essa ideia de promover a medicina do estilo de vida, de começar a integrar a telemedicina com a medicina do estilo de vida”. E aí a MEVIDA nasceu dessa primeira ideia, que seria a ideia de a gente organizar porque o atendimento da medicina do estilo de vida, como a gente estava conversando, ele é baseado num diagnóstico do comportamento, de uma conversa um pouco mais detalhada, e que ela é perfeitamente adequada para fazer num ambiente de telemedicina. Diferente de, às vezes, algum procedimento que você tem que examinar, olhar, tudo. Mas a gente pode pedir os exames, a gente pode fazer uma série de coisas relacionadas com a medicina do estilo de vida. Então essa foi a primeira ideia, só que quando a gente está evoluindo, a MEVIDA nasceu com esse primeiro objetivo, ela continua tendo essa abordagem, mas a gente percebeu que as pessoas que trabalham com medicina do estilo de vida, tem muita, como a gente estava conversando, a utilização de ferramentas, questionários, acompanhamentos, ferramentas de coaching, que é esse treinamento da mudança de hábito, que são necessários ser utilizados. E são muitas informações e que organizar todas essas informações não era fácil, tanto para o lado da pessoa que está sendo atendida, quanto do médico, do profissional que está atendendo. Então a MEVIDA deu uma outra visão que é… passou a desenvolver uma plataforma chamada “MEVIDA Conecta" que é uma plataforma de medicina do estilo de vida para fazer o atendimento com todas essas ferramentas para que crie-se como se fosse um ambiente onde eu vou cuidar da minha saúde. Então eu entro na plataforma, eu tenho a possibilidade de conversar com o médico, fazer os testes, ver os questionários, fazer um monte de medidas e estudar os assuntos que eu preciso fazer mudança. Então essa está sendo a nossa fase agora. A gente está investindo mais nisso porque na realidade a gente pode dizer que a telemedicina hoje já não é um diferencial, já é uma coisa que todo mundo tem essa característica. O que a gente quer fazer o diferencial da MEVIDA agora é em relação a ajudar. A gente está em uma fase... A gente já fez uma versão protótipo, agora a gente já está desenvolvendo a primeira versão que a gente está para lançar essa versão essencial da MEVIDA Connect, agora em setembro. E a gente quer fazer as novas atualizações para colocá-la de uma maneira mais completa. Então, esse é o momento que a gente está. E a gente está muito feliz porque vê que é uma necessidade mesmo ter esse tipo de ferramenta. M: Parabéns, doutor! Muito legal isso! Inclusive, essa questão da autoajuda, da pessoa poder entrar e obter os dados e pesquisar no ritmo dela, é uma tendência na educação, é uma tendência em outros setores. E do meu ponto de vista, é uma tendência que o setor de saúde pode se beneficiar muito disso. Parabéns pela iniciativa! Estou torcendo em setembro então. R: Mas hoje se alguém quiser já consegue acessar o site da MEVIDA. A gente, nesse momento, como a gente direcionou para esse foco na plataforma, hoje o acesso da plataforma está para os profissionais, e a gente está... Essa questão da teleconsulta, os profissionais que estão trabalhando com essa ferramenta estão podendo atender, entende? Mas a gente tinha uma ideia inicial de trabalhar como se fosse uma clínica online, nós estamos com essa ideia de que a pessoa poderia lá marcar a consulta. Nós temos alguns colegas que estão trabalhando e eles poderiam agendar uma consulta de telemedicina. A gente, essa ideia ainda vai ser trabalhada ainda, mas o foco nosso está na plataforma, então os médicos que estão atendendo, os nossos parceiros que estão já usando a nossa ferramenta nessa versão inicial, eles já podem atender as pessoas. M: Entendi, legal. Mas essa do CT é para o usuário final ou é para os médicos também? R: A versão essencial ainda é para os médicos e essa que a pessoa vai entrar é uma versão que vai ser mais completa mais adiante. M: Ah, entendi, legal. Legal. Doutor, das suas diversas atividades profissionais, qual que é a mais motivadora para o senhor? M: Olha, eu estou numa fase, como eu estava falando no começo, eu estou com 30 anos de medicina, de formado, esse ano completou. E aí, na medicina, os desafios da medicina, quando eu estava lá em 2024, estava com 20 anos, eu já estava começando a despertar a necessidade de fazer mudanças mais sistêmicas. Uma das estratégias que eu achei interessante é a educação. Então, hoje, uma das coisas que mais me motivA é esse contato com os futuros médicos, esse processo deles descobrirem a parte profissional da medicina. Porque eu pego eles no terceiro, quarto ano, e que eles saíram daqueles dois anos iniciais, que eles estão conhecendo a anatomia, a fisiologia, os conceitos mais básicos, e eu começo a trabalhar com eles no momento que eles estão começando a atender os pacientes, fazer plantões, então eles começam a se sentir já dentro da profissão. E aí que surgem muitos desafios e aí a gente ter a oportunidade de compartilhar as experiências pessoais, as recomendações, as orientações, isso tem sido muito gratificante. Trabalhar com eles essa perspectiva e poder levar para eles essas novas ideias. Porque aí a gente começa a ver a mudança sistêmica que eu estava falando, que é mudar o sistema de saúde. A medicina de estilo de vida é uma das estratégias, porque se a gente continuar fazendo esse mesmo processo de só atender as doenças, isso não vai mudar nada, vai ficar sempre assim. Então com esses médicos, e eu já tenho visto isso e sabe o que é legal? Nós já estamos na turma 10, então já tivemos três turmas que se formaram, eles caminhando já com essas ideias da medicina de estilo de vida, buscando trabalhar com esses conceitos, então eu fico muito feliz por isso. M: Nossa, que legal, doutor! Muito legal! Vou perguntar para vocês, que estão aqui firmes ao nosso lado, e vocês, o que motivou vocês? Enquanto vocês escrevem, eu me sinto muito insegura em relação ao que fazer, fragilizadA até. E esse trabalho que a gente está desenvolvendo no TELIX que é aplicar conceitos de telecomunicações e engenharia na área da saúde, ele é muito motivador para mim porque justamente nesse momento em que a gente está fragilizado. Eu sou uma pessoa muito técnica, gosto muito de dados, de informações, então ter acesso a dados de qualidade apresentados de maneira fácil é uma coisa que me ajudaria a me sentir mais segura. E poder propiciar isso para mais gente é o que me motiva pessoalmente e eu sei que é o que motiva a equipe toda do TELIX que que estou dando o tênis e que está trabalhando nesse novo projeto, então compartilhar essa questão aí com vocês. Doutor, que recomendações de saúde o doutor daria para as pessoas que estão nos assistindo? R: Bom, baseado na medicina do estilo de vida, eu acho que a gente começa hoje em dia, eu falo assim: existem três pilares iniciais é a pessoa rever essa questão da alimentação, exercício e sono como se fosse a base da disposição, da energia que cada um tem no dia a dia. Então, eu sei que não é fácil porque cada um tem uma rotina de vida, mas se a pessoa começar a entender e fazer pequenas mudanças, pequenos ajustes nesses três elementos da alimentação, do exercício e do sono, isso transforma a energia, a vitalidade da pessoa. E aí uma coisa que é interessante que eu quero compartilhar também, é interessante porque os médicos e os profissionais, médicos, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos, esses profissionais que estão trabalhando com o estilo de vida, eles têm um grande desafio: que é aplicar essas intervenções, essas mudanças, nesses hábitos, em si mesmo. Então, eu comecei também com 2014, eu estava numa fase que eu também estava sedentário, não fazia exercício, a minha alimentação não era boa, meu sono muito irregular. E eu percebi ao longo desses anos que adaptando a minha vida, fazendo tomada de decisões, escolhas, e eu também tive a oportunidade de trabalhar com professores nesses últimos anos, ajudando mais de 800 professores a também pensarem sobre mudança de hábitos. E eu vi em mim e nessas pessoas que eu trabalhei, esses resultados, de mudar esses pilares de uma maneira gradativa, não é uma coisa de um dia para outro, mas é um investimento. Então a pessoa pensar assim que ela está investindo nela para ela ter o que ela acha importante, seja as questões familiares ou a longevidade, se ela acha isso importante, se ela ficar livre de doenças. Então vale a pena pensar dessa forma. Não tem pílula mágica, esse que é o ponto principal. Porque quando a pessoa ficar doente, vai ter que tomar a decisão se vai operar, se vai tomar o remédio X ou Y, mas o ideal não é chegar nesse ponto. Então a gente tem que trabalhar essa visão de mudar os hábitos enquanto ainda não tem grandes consequências. M: Sim, excelente conselho, doutor, faz muito sentido. É o melhor conselho de todos. Nós pedimos para a nossa audiência, antes da live, que elas enviassem perguntas, se elas queriam fazer alguma pergunta. E também recebemos algumas perguntas aqui durante a live. A primeira pergunta veio da Ildegard, que o senhor conhece, ela perguntou se o senhor tem algum argumento matador, um argumento que funcione melhor para fazer os pacientes saírem da zona de conforto. R: O que eu posso dizer é o seguinte: a zona de conforto é uma zona de... Se a pessoa começar a trabalhar essa ideia de que a zona de conforto é a zona de estagnação e que depois da zona de conforto, saindo, tem uma dor, tem um desconforto e que o potencial, tudo de bom que a pessoa quer. Vamos pensar assim: tudo que a pessoa acha que é o melhor que ela vai conseguir na vida dela, em todos os sentidos, está depois dessa passagem. Por esse processo do desconforto saindo da zona de conforto. Então, aceitar como... Isso não tem outra possibilidade. Dentro da zona de conforto, tudo o que você tem de potencial não se realiza. Pode ficar sonhando dentro da zona de conforto, de olhos abertos, sonhando, sonhando, não vai se realizar. Isso aí está baseado hoje em muitos estudos em que a gente tem que reverter o nosso desejo de ficar na zona de conforto. Quando a gente trabalha o ser humano, nós temos esse córtex que fica atrás da testa, ele permite a gente sonhar com coisas, com o futuro, e aí fazer planos. Todos esses planos dependem da saída da zona de conforto. Esse é o principal argumento, porque a pessoa pode falar, então eu não quero fazer nada, então aí a pessoa fecha para isso, entendeu? Então se ela não quer sonhar, se ela não quer planejar, se ela não quer pensar numa vida melhor. Se ela ficar na dor de conforto, nada se realiza, nada se realiza. M: Que duro, doutor! Que duro! R: Não se realiza, não se realiza, infelizmente. Então se a pessoa sonha, ela vai falar “eu vou sair”: ela reverte esse desejo. E aí ela passa a desejar fazer, é que nem aquela coisa, eu quero sentir essa dor. Ontem eu estava treinando na musculação e eu falei para a minha treinadora: agora eu estou sentindo as dorzinhas - porque ela começou, eu troquei de treinadora, ela começou de leve, só com treinos com pesos baixos, não estou sentindo nada. Aí agora eu falei: olha, hoje agora eu sentia aquela dorzinha muscular, de o músculo estar sendo trabalhado, né, pra ser estimulado. Então, se você passa a desejar esse desconfortinho, você vai ter mais resultado. Eu tenho objetivos de melhorar a minha postura, eu tenho várias coisas que eu quero com a minha postura, com a minha saúde, com a minha massa muscular. Então, eu tô motivado, entendeu? Mas tem que passar pela dor, pelo desconforto, entendeu? M: Entendi. Legal! Perfeito. Doutor, acho que era isso então que a gente tinha para conversar. Muito obrigada, foi excelente, excelente a live. Foi uma honra receber você aqui no canal do TELIX. Muito obrigada! Obrigado a vocês também que estão assistindo a live agora até o final! 52 minutos aí de live. Muito obrigada pela participação de vocês, pelos comentários, pela audiência e vamos em frente então! Vamos em frente, um abraço! [fim da gravação]
- Benefícios dos protocolos de saúde unificados
Como vocês já sabem, o Telix: Conhecimentos para a Saúde tem o objetivo de melhorar alguns aspectos da área da saúde, com a unificação de protocolos, através do sistema RFC - Request For Comments, que surgiu para padronizar os dados da internet, com uma base, atualizada e com informações verdadeiras. Dessa forma, os padrões são feitos em números, com códigos únicos, criados para identificar comandos e informações de grande importância. Nós queremos fazer a mesma coisa na área da saúde, unificando dados para que possam ser acessados e compreendidos em todos os lugares do mundo, mas qual será os benefícios disso? Se essa foi uma de suas dúvidas, nós estamos aqui para te trazer respostas, acompanhadas de alguns benefícios dessa padronização, como: > Os dados são globais, matemáticos e numéricos ou seja, de extrema precisão; > Pessoas de todas as línguas poderão utilizar, assim como os IPs da internet; > Toda a comunidade científica internacional poderá trabalhar junta, trocando informações precisas e confiáveis. > Empresa, Ongs e o Governo poderão utilizar da forma que quiserem, possibilitando a criação de um novo ecossistema e inovações no setor. Essa precisão dos números, irá permitir o compartilhamento de pesquisas, diagnósticos, fazendo dessas e outras informações, acessíveis e mundiais! Cidadãos comuns e profissionais da saúde terão acesso às mesmas informações, expandindo o conhecimento sobre o assunto e facilitando sua compreensão/análise. Para que alcancemos esse objetivo, faremos entrevistas com profissionais da saúde, para esclarecer algumas dúvidas frequentes da população mas acima de tudo, coletar informações sobre o projeto e a opinião de quem entende do assunto, analisando a viabilidade desta aplicação. Para saber mais sobre o assunto, nossas propostas e novidades, siga as nossas redes sociais e acompanhe de perto todos os nossos avanços! Instagram Telix
- Entrevista com o Dr. Alexandre Kawassaki sobre inovações no tratamento de doenças respiratórias raras
Transcrição da Entrevista com Dr. Alexandre Kawassaki para o Telix Entrevistadora: Marina Ghisi (M) Convidado: Dr. Alexandre Kawassaki (A) M: Você tem só a sua falta de ar? Você se preocupa com algum parente ou amigo que tem problema pulmonar? Então essa live é pra você. Nosso convidado de hoje é o doutor Alexandre Kawasaki. Ele é médico , PhD em Pneumologia e é coordenador do curso de Pós-Graduação em Pneumologia do Hospital Albert Einstein , que é um dos melhores hospitais do Brasil. A gente vai conversar sobre inovações no tratamento de doenças respiratórias e também como o público leigo, ou seja, eu e você, podemos nos informar sobre esse assunto. Doutor Alexandre, como que esse interesse em doenças respiratórias raras surgiu na sua vida? A: Bom, primeiro, bom dia a todos! Muito obrigado, Marina pelo convite! É um prazer! Faz tempo que eu não faço uma live no Instagram. Essa vida corrida, Faz isso com a gente, né? E essa vida termina sendo corrida muito por causa dessa pergunta que você acabou de me fazer “como é que doenças raras entraram na minha vida?” Isso remonta à época da faculdade. Na faculdade eu gostava muito de doenças estranhas. Inclusive, é um dos problemas, talvez, que existam na formação médica. A gente é formado a gostar de coisas estranhas. E eu sempre gostei, terminei focando muito da minha vida em aprofundar nesse tipo de problema, tanto por ser interessante, por sair um pouquinho do dia a dia, quanto porque eu notei que são pessoas que precisam muito de profissionais que se dedicam a isso, olhar pros raros, pros incomuns. E hoje em dia, eu me sinto muito realizado da forma como os pacientes terminam me vendo, como alguém que se preocupa não só com a doença, mas com o bem-estar deles e que estuda esses quadros mais incomuns e procura sempre fazer alguma coisa melhor para ele, que a gente consiga trazer um alívio a todo aquele sofrimento que ele tem. Então, não é só pelo interesse acadêmico, mas também porque eu acho importante ter pessoas que olhem para esses, que estão menos acostumados a um atendimento específico para seus problemas. M: Nossa, que legal! Doutor, pode dar um exemplo pra gente do que seria uma doença respiratória rara? Só pra gente entender. R: A gente tem, na verdade, vários tipos de doenças respiratórias raras. Não que eu trabalhe com todas, eu trabalho com um grupo específico. Esse grupo específico, ele é das doenças pulmonares intersticiais e que é muito mais comum ser falado em fibrose pulmonar. Esse termo fibrose pulmonar foi um pouco conhecido e falado na época da Covid, como sendo a sequela após Covid. Mas a fibrose já existe há muito tempo e é uma doença diferente da fibrose cística. Também é uma doença rara, é uma doença que acomete mais crianças, mas pode ter em adultos também, é uma doença genética. E eu trabalho com a fibrose pulmonar, que é essa doença aqui, ela é considerada rara e termina acontecendo de eu ver vários pacientes na semana. E não é só essa, tem outras várias doenças que eu trabalho que são raras. Então, sarcoidose é uma delas, doenças relacionadas ao tecido conjuntivo, doenças autoimunes, doenças relacionadas a algum tipo de exposição, a mais famosa é pneumonia de pertencialidade e daí tem outras que são até mais raras. M: Nossa, que interessante! E qual é o maior desafio para o tratamento dessas doenças raras que o senhor citou? A: O maior desafio é o fato de elas serem tão raras que é difícil a gente conseguir estudar. Porque na medicina, para a gente conseguir definir um tratamento que realmente esteja eficaz para determinadas doenças. A gente precisa fazer pesquisa clínica que é quando você pega uma quantidade grande de pessoas que estão expostas àquele problema, ou seja, ou tem a doença ou tem uma chance grande de ter essa doença e você faz algum tipo de tratamento ou intervenção com essas pessoas. Normalmente, você coloca um tratamento que a gente acredita que vai fazer bem e um placebo. E a partir daí os resultados vão me dizer que aquela doença realmente responde ao tratamento ou simplesmente o tratamento não faz diferença nenhuma e a melhora que muitas vezes a gente vê é o que a gente chama de placebo. Por isso que tem determinadas terapias que a gente não fala que não acredita, a gente fala que não tem estudo. Acreditar é uma coisa, acreditar é uma coisa subjetiva, é pessoal. Eu acredito que o Brasil vai ter a medalha de ouro no futebol feminino amanhã. A gente só vai saber isso depois do jogo, então a gente precisa de dados para poder afirmar determinadas coisas. Então, não é que eu não acredite em remédios que estão colocados, é que faltam dados que me digam que esse remédio funciona, são coisas diferentes. E em doença rara isso é a regra. Na maioria das doenças que são comuns, hipertensão, diabetes, colesterol alto, a regra é você ter dados que digam quais são os tratamentos que funcionam. O incomum é você ter terapias inovadoras e diferentes, nas doenças raras é o contrário. A gente tem muito poucos dados e muito mais evidências científicas que a gente chama de fracas, são pobres, a gente tem pouco estudo, são poucos pacientes estudados, a gente não consegue juntar o número mínimo de pacientes. M: Entendi. Então o principal desafio é realmente essa falta de dados, ou eventualmente a falta de acesso aos dados que podem existir em outros lugares talvez, mas a falta de dados. Entendi! Doutor, e o que geralmente acontece quando uma pessoa tem uma doença rara? O diagnóstico acontece adequadamente no tempo correto ou não? Como é que é essa parte para o paciente que tem uma doença rara? M: Infelizmente, o diagnóstico de uma doença rara é muito lento. E isso não é só no Brasil. A gente tem vários dados mundiais de determinadas doenças, que o tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico termina sendo muito lento, muito lento mesmo, é muito longo. O exemplo que eu falei sobre a fibrose pulmonar, a fibrose pulmonar mais estudada, chama fibrose pulmonar idiopática. O tempo médio entre o início dos sintomas, a procura de um médico e o diagnóstico final é em torno de um ano. Isso não só no Brasil, mas em outros lugares. E um ano sem tratamento é um ano de doença que progrediu e que não volta mais. Então, infelizmente, o fato de serem doenças raras, incomuns e que as pessoas não estão acostumadas a ver, termina trazendo esse atraso muito grande naquilo que é super importante pra gente poder definir o que fazer com o paciente, que é o diagnóstico. E eu, infelizmente, estou muito acostumado, é uma coisa que eu até luto nas aulas que eu dou, é de trazer conhecimento às pessoas, de ensinar e indicam que aquela doença que ela está vendo é uma doença rara e que a gente precisa fazer diagnóstico antes. M: Entendi. O que o doutor falou é muito interessante porque a minha mãe, ela teve uma doença autoimune rara e foi muito difícil pra gente como parente dela ver ela piorando. Ela levou dois anos pra receber o diagnóstico correto. E foram dois anos em que tentava um tratamento, não funcionava, tentava outro, não funcionava… foi assim desesperador. Mas felizmente, depois de dois anos, ela teve o tratamento correto e o tratamento dela durou 10 anos, mas graças a Deus ela melhorou. Ela ficou ótima! Hoje ela tem uma vida normal, se recuperou 100% dos sintomas. Então, eu queria lhe dizer que é muito importante esse trabalho que o doutor está fazendo com doenças raras, queria agradecer em nome de todos os parentes de pacientes de doenças essas áreas porque o que o estudo faz é muito importante. O que te motiva a seguir essa área tão desafiadora, que tem poucos dados, que demora o diagnóstico? O que te motiva para seguir nesse caminho? A: Olha, a gente tem vários motores, é óbvio, né? São combustíveis que fazem com que a gente continue seguindo em frente. A gente tem muitas derrotas, não vamos deixar também achar que a gente vive só no mar de flores. A gente tem muitas derrotas, tanto porque o fato de as doenças raras serem pouco estudadas, muitas vezes a gente não tem quase. Eu já perdi muitos assuntos para doença rara, porque a gente na verdade chega num ponto que a gente não sabe mais nem o que fazer. Tem poucos dados, poucas medicações. Esse é um dado que faz com que a gente pense: poxa, será que eu estou no caminho certo? Mas, ao mesmo tempo, sempre tem alguém que você sabe que você conseguiu agir de uma forma que modificou a vida dela, como você mesmo está falando, na sua mãe. E isso traz uma relação muito grande porque a gente sabe que aquela pessoa foi sofrida. Ela passou em vários médicos e ela chega em alguém e fala assim “olha, eu realmente consegui alguma coisa que eu não tinha esperança”. Até recentemente, publiquei a foto de uma paciente minha que tem um tipo de fibrosis pulmonar e ela fazendo um mergulho em Fernando de Noronha, uma foto linda dela. E a história é a seguinte, ela me mandou uma mensagem, perguntando, falando que estava em Fernando de Noronha, perguntando se ela poderia fazer um mergulho, que era um sonho da vida dela. E a minha resposta foi assim: pode! Claro! Desde que você me mande uma foto mostrando você mergulhando. E aí ela mandou a foto pra mim e foi ótimo! Esse tipo de coisa nos realiza. Na época da Covid, que eu acho que foi uma das partes mais difíceis da minha vida, eu pedia para os pacientes que conseguiam ir para casa depois de sair de um quadro super grave, sempre me mandarem fotos de como eles estavam. Então, algumas dessas eu até publiquei, que foram grandes realizações para eles e para mim também porque consegui dar a oportunidade de fazê-los chegarem naquilo, é extremamente recomendável. E isso aí que move a manter em frente. M: Que legal, doutor. Que joia. A comunidade médica fora dos grandes hospitais das capitais, ela está preparada para tratar doenças raras? O doutor já falou pra gente que é uma coisa difícil que o doutor até ensina nos cursos e tal, mas aí então vamos aproveitar esse momento. Qual que seria a conduta adequada então, se o senhor puder falar pra gente, então de um médico que está fora dos grandes hospitais: como é que ele identifica, então, essa questão que é uma doença rara e que, de repente, qual a conduta que ele deve ter quando ele suspeita que o paciente dele está com uma doença rara? A: Eu acho que o primeiro ponto é sempre desconfiar da possibilidade. Eu acho que, como médico, a gente tem que sempre pensar no mais comum. Olha, esse quadro provavelmente é um diagnóstico simples, mas a partir do momento que as coisas não funcionam do jeito que seria esperado para aquele diagnóstico, você começa a colocar uma pulga atrás da orelha. Olha, eu fiz um diagnóstico de X, ele não está se comportando como X: será que eu estou deixando passar alguma coisa? Então, eu acho que é um exercício para todos os médicos é sempre perguntar se a gente está certo no diagnóstico. Será que a gente está certo? Eu tenho muitos pacientes que muitas vezes eu gosto de comentar, olha, o seu melhor diagnóstico no momento é a salva. Por quê? Eu não consegui encontrar nada que pudesse justificar esse quadro e que encaixe um diagnóstico, mas que não está perfeito. Então, isso me ajuda e ajuda o paciente a sempre ficar se perguntando: será que tem algum exame novo? Será que há um teste novo disponível? Algo mais que eu possa fazer pelo paciente? Algo que eu esqueci de pedir? E que possa me ajudar a tentar esclarecer essa dúvida que eu tenho? Então, acho que essa é uma dica primordial. E a partir do momento que a gente tem uma dúvida e fica pensando se está no caminho certo. Pedir ajuda é sempre importante porque, querendo ou não, a gente termina se acostumando a ver determinado tipo de coisa e quando vem algo muito fora do padrão, não vejo problema algum e você fala, olha, eu acho que o seu quadro vai ser melhor conduzido por alguém que vê esse tipo de coisa com mais frequência do que eu. Eu coloquei um exemplo da fibrose cística que é uma doença e é muito confundida com fibrose pulmonar. E eu tenho uma pessoa do meu lado, meu sócio, que é o Rodrigo, que ele é super especialista, um dos maiores no Brasil, no mundo, em fibrose cística. Por que eu vou ficar sofrendo com fibrose cística se eu tenho alguém que atende do meu lado e fala, olha, tem um diagnóstico, um diagnóstico que de verdade tem alguém que consegue lidar muito melhor do que eu? E aí você passa. É óbvio que às vezes tem pacientes que até se identificam com você e falam assim não, mas eu quero manter o segmento com você. Mesmo que eu trate com outro médico, eu gosto da forma como você me trata, eu me identifiquei, porque tem essa parte pessoal, né? Medicina tem uma coisa muito pessoal, né? A Sociedade Brasileira de Pneumologia, ela tem um serviço de centros de referência em doença pulmonar intersticial que é esse tipo de doença pulmonar mais rara, centro de referência em fibrose cística, centro de referência em infecções pulmonares que são doenças respiratórias graves, incomuns, raras e que muitas vezes a gente precisa de ajuda assim para tratar. Eu acho que essa é a melhor forma que a gente pode agir. M: Então aí no caso seria o médico mesmo procurar essa Sociedade Brasileira de Pneumologia então? A: É uma forma. M: Outra que o doutor falou foi a teleconsulta, né? Eu vi que o senhor trabalha também numa clínica, a CDRA, que faz teleconsulta para médicos, né? Sobre coisas especialistas, eu entendi correto, é isso mesmo? A gente faz normalmente a teleconsulta para pacientes. Obviamente eu tenho contato com médicos que muitas vezes me procuram pelo próprio Instagram, por exemplo, mandam mensagem e falam que olha “estou com um caso que eu preciso de uma ajuda. Você pode ver e aí?” Eu falo: posso. Passo o contato, a gente agenda. Existem alguns tipos de caminhos onde você pode colocar um caso e esse caso ser discutido por profissionais através de uma plataforma. A Sociedade Brasileira tem uma plataforma que faz isso. Eu não faço parte da plataforma da Sociedade Brasileira, mas ela tem. E tem indústrias farmacêuticas que também disponibilizam uma plataforma de segunda opinião gratuitamente para o médico e para o paciente, que a gente opina sobre determinados casos de uma forma sem interferência dessa indústria em si. De uma forma geral, existe muita liberdade para a opinião dentro do que é, para ser o mais assertivo e proveitoso para o paciente e para o médico. M: Nossa, que interessante. Então, por exemplo, o médico pode colocar o caso dele e aí esse caso, ele recebe a opinião de outros médicos nessas plataformas. E o paciente também pode fazer isso? Ele também pode entrar nessa plataforma e colocar o caso dele e aí receber a opinião de outros médicos gratuitamente, é isso mesmo? A: Não, o paciente em si não pode. M: Ah, tá. Não é pro paciente. A: Porque tem outros médicos. M: Aham, entendo. A: O paciente, para poder fazer uma avaliação, ele tem que ou fazer uma consulta, uma teleconsulta com algum profissional. Ou existem determinados tipos de ação, muitos deles com iniciativa pública ou privada, onde médicos fazem teleconsultoria para outros médicos que estão em locais onde não tem tanto costume, tanto hábito de ver casos incomuns. Um dos mais famosos que teve recentemente foi a UTI respiratória lá da sala clínica. Os médicos da UTI da sala clínica prestavam teleconsultoria para médicos que estavam em outras UTIs no cuidado de pacientes com Covid, por exemplo. E esse tipo de iniciativa tem não só nas salas clínicas, mas tem, por exemplo, do Hospital Albert Einstein que você citou, onde eu também trabalho. M: Legal, interessante. E o doutor falou alguma coisa de empresas farmacêuticas, ou eu entendo errado? Tem empresas farmacêuticas que fazem isso? Tem indústrias farmacêuticas que fazem isso. Existe um… Como existem um problema sério, muitas vezes para diagnóstico e manejo de pacientes com doenças incomuns, e hoje em dia existe um direcionamento para tratamento de doenças raras como um todo. Existem medicações que estão sendo lançadas, voltadas para pacientes que tem doença rara. Existem iniciativas que ajudam a essas doenças raras serem diagnosticadas. Então eu vou dar um exemplo dentre vários que existem. Existem tratamentos em quimioterapia, para isso você precisa fazer, já que quimioterapia não, vamos falar que é uma terapia algo, uma terapia mais direcionada, e para isso você precisa definir melhor qual é o paciente que vai se beneficiar desse tratamento muitas vezes com testes genéticos. Esses testes são extremamente caros. O que é que acontece? Muitas vezes eu tenho um remédio X, vamos dizer um remédio A, ele serve para o câncer C. Só que para eu chegar no diagnóstico do câncer C, eu preciso fazer um teste que custa R$ 10 mil para o paciente. E o paciente vai falar que “bom, eu não tenho R$ 10 mil para pagar esse teste”. Se o paciente não paga esse R$ 10 mil, a gente não tira o diagnóstico, o remédio não é dado. A indústria, como ela tem essa possibilidade, fornece para os médicos o direito de pedir determinados exames e ela banca o exame. O risco de vir positivo ou negativo fica para a indústria. Veio positivo: ela tem um paciente para dar o remédio. Onde é que ela lucra nisso? Ela lucra no diagnóstico mais correto do paciente para usar o remédio que ela tem pra dar. Existe um lucro, não é uma coisa completamente fora de um objetivo. Mas por outro lado, é um lucro onde você tem ganha-ganha porque o paciente não ia conseguir fazer o exame. Não é todo mundo que tem 10 mil reais pra fazer o exame a qualquer momento. Então, ele ganha pelo fato de que ele tem acesso a um exame que ele não teria e ele vai ter acesso a um tratamento que é melhor do que todos os outros. M: Que ótimo! Isso dá uma liberdade para o médico também, né? Uma segurança para o médico, tipo, uma liberdade de poder pedir um exame que talvez o paciente não pudesse fazer, o médico que é parceiro dessas indústrias, né? E possibilita, de repente, salvar a vida, né? A: E essa parceria, só pra ficar muito claro, não é uma parceria que seja financeira. Ninguém recebe porque isso tem que ser. “Ah, mas ele tá ganhando alguma coisa por isso”. O médico não recebe nada pra poder fazer esse tipo de coisa. Quem ganha no final das contas é o paciente, pela possibilidade de ser tratado, e a indústria que vai receber os royalties pelo remédio que ela criou e tá ajudando a tratar. Eu acho que nesse ponto é um ganha-ganha dentro do final das contas, sabe? E como eu dei esse exemplo de um teste diagnóstico, existem várias formas que esse tipo de coisa acontece, e uma delas é com teleconsultoria. Então, existem casos onde um médico, sem dúvida de um diagnóstico, fala assim “olha, vou pegar a opinião de outros médicos, que estão mais acostumados com isso”. E jogam nessa plataforma e recebem opinião. “Olha, realmente alguma coisa que parece que vai se beneficiar de determinado tratamento, tratamento de X ou Y, ou não, não vai se beneficiar de nada. M: Legal, entendi! Doutor, o doutor falou de inovação no diagnóstico, esses tratamentos, esses exames genéticos, para o desenvolvimento de novas medicações. E tem muitas inovações hoje em dia nessa questão de tratamento de doenças respiratórias raras? Tá acontecendo, é um ramo que está acontecendo inovação? A: Existe muita. Quando a gente fala um termo, chamado pipeline, isso quer dizer as medicações que estão intercedidas para determinadas doenças. Então, essas medicações, o pipeline que a gente tem para doenças respiratórias raras é gigantesco. Existe recentemente um investimento muito alto na indústria farmacêutica, tanto no diagnóstico como no tratamento dessas condições. Porque são doenças muito difíceis, muito raras, e às vezes uma terapia muito específica a alvo consegue modificar o comportamento dessa doença. Por exemplo, eu falei sobre o câncer, a gente consegue identificar alterações genéticas e a gente já tem medicações que vão lá e bloqueiam essas alterações genéticas. É como se você simplesmente tirasse aquela atividade do câncer da vida da pessoa, então vira tratamento crônico. Então, por exemplo, eu tenho um exercício que eu tenho que tomar remédio para a pressão o resto da minha vida. Eu tenho melanoma, que é um câncer de pele super grave, eu vou ter que tomar um remédio para o resto da minha vida. É mais ou menos esse mesmo racional hoje em dia, para vários tipos de câncer. E existe um pipeline muito grande para doenças raras respiratórias. Nesse mesmo contexto, a gente identifica determinadas alterações genéticas, determinadas moléculas que são as causadoras de doenças. Existe pesquisa muito grande em identificar um tipo específico de molécula ou de anticorpo que bloqueie exatamente essa molécula defeituosa, essa proteína defeituosa no corpo e bloqueie a sua ação. Então a gente tem uma perspectiva muito boa de lançamento de novas medicações para as áreas respiratórias nos próximos anos. M: Que legal, doutor! Que incrível isso! Incrível mesmo! Agora eu vou perguntar pra vocês que estão nos assistindo, em cima desse assunto que o doutor falou: como é que vocês se sentiriam em relação a receber um tratamento inovador como esse que o doutor falou? Um tratamento novo, né? Vocês se sentiriam seguros ou inseguros? Eu vou pedir pra vocês responderem nos comentários. Se vocês tiverem também algum caso que aconteceu com vocês ou com algum familiar ou conhecido envolvendo tratamentos inovadores, se vocês puderem escrever. Enquanto isso, eu queria só tirar uma dúvida em relação a esse tratamento inovador que o doutor falou de câncer. Então, identifica essa molécula que está [inaudível] e daí a pessoa tem o remédio que ela toma para o resto da vida, mas aí ela vive sem câncer. O câncer para de progredir, esse que é o conceito? Um exemplo de um tratamento inovador que o doutor falou ou eu entendi errado? A: Não, existem vários tipos diferentes de tratamento. É que é tudo muito mais complexo do que a gente possa imaginar. Então, eu vou explicar. Existem determinados marcadores, que a gente chama, que são alterações genéticas, que foram mutações que aconteceram dentro das células subterígenas, e que a gente consegue bloquear essas alterações genéticas. Então é como se você pegasse aquele câncer e você, vamos dizer que seja uma massa, um módulo, uma bola. Você consegue reduzir essa bola de 95% do tamanho. É quase como se ele sumisse. E aí existem várias possibilidades: Tem casos onde essa redução ela fica perene, persistente e dura anos, como se a pessoa tivesse sido curada. Só que se ela suspende a medicação, ele volta a crescer. Existem também casos onde você tem essa resposta fantástica, mas tem algumas células cancerígenas no meio daquele câncer e tem um outro tipo de mutação ou desenvolve algum tipo de resistência aquele tratamento, voltam a se proliferar e o câncer volta. Então, existem as duas possibilidades. Então, falar em cura do câncer ou invencível do câncer ainda é um horizonte muito mais visível hoje do que era. M: Nossa! Que legal, doutor. Isso é fenomenal, né? Nossa, incrível mesmo! Vamos ver se alguém fez algum comentário aqui. Aqui, a gente recebeu uma resposta do André: que se o tratamento tivesse sido discutido em alguma plataforma, ele se sentiria seguro, né, a fazer o tratamento inovador. E como que o doutor, como médico, se sente quando prescreve um tratamento inovador pouco utilizado no Brasil? Isso acontece na sua prática e como que o senhor se sente quando isso acontece? M: Isso acontece. É que, na verdade, a gente quando fala em tratamento inovador, na verdade, para chegar na linha de tratamento, ele já foi extremamente estudado. Então, não é nada, nenhum de nós descobriu algo que é mágico. Todos os tratamentos que são novos foram especialmente estudados antes de chegarem até a distribuição aos pacientes. Quando a gente prescreve, a gente obviamente tem uma expectativa muito boa. Tem uma das medicações usadas para asma grave que eu tive o prazer de ser o primeiro a prescrever a medicação em São Paulo. Ficou muito legal isso que você está falando. É uma medicação nova ainda, e a paciente em questão, ela teve uma mudança na vida dela, uma coisa que foi fenomenal! Ela tinha um asma onde ela usava muita medicação por dia: ela dependia de corticoide, ela tinha falta de ar para fazer poucas coisas, e com o tratamento inovador, ela passou a andar de bicicleta na praia, coisa que para ela era impensável. Então, esse tipo de coisa é excepcional! Você saber que existem medicações que estão sendo pesquisadas e que podem trazer realmente respostas clínicas extremamente satisfatórias. E é engraçado que eu até brinco, assim, ela passava em consulta comigo a cada três meses, então ela vivia no consultório. Depois que chegou essa medicação, agora eu vejo ela uma vez por ano, né? Então ela mal virou minha paciente de quase nunca, né? Eu brinco até que eu perdi paciente, mas não, isso é o melhor possível, ela não precisa mais de mim. Eu acho que esse tem que ser o nosso objetivo como médico, é fazer com que o paciente não precise mais de você. É óbvio, tem doenças que a gente não consegue livrar o paciente por todo, né? Mas quando tem alguma coisa que é nova, que foi bem indicada e que a gente consegue mudar a vida do paciente, é extremamente recompensador. M: Nossa, que legal, doutor. Então é empolgante poder prescrever essas medicações novas, que bom. E o doutor já contou pra gente, estão no tratamento que o doutor aplicou para asma e asma é uma coisa tão comum, né? Legal. Quais são os países em que há mais inovações e pesquisas sobre doenças respiratórias, doutor? M: Como um todo, isso é muito cultural. No Brasil, infelizmente, a gente ainda tem muito aquela mentalidade de cobaia. Muitas vezes os pacientes falam assim “eu não quero porque eu não quero ser cobaia”. Isso tem mudado, mas ainda é muito comum ouvir esse tipo de argumento. E uma forma que eu gostaria de trazer para quebrar isso é o seguinte: já tem estudos que mostram que aqueles que estão sendo pedidos por algum tipo de pesquisa clínica, de ensaio clínico, de alguma terapia nova. Mesmo aqueles pacientes que recebem o placebo, ou seja, não recebem a medicação do estudo, esses pacientes vão melhor do que aqueles pacientes que não entram em estudo e ficam só com o tratamento habitual. E por que isso? Porque o estudo fica sendo visto por um profissional de saúde com frequência muito grande, tem várias pessoas que estão preocupadas com os cuidados dele. Se tiver qualquer efeito colateral estranho, qualquer novidade, ele tem o telefone para ligar, para tirar dúvidas, ele vai ser atendido, você não precisa estar atrás. Então, participar de um estudo clínico melhora o que vai acontecer em relação à sua doença, no grupo medicação inovadora ou no grupo placebo: Tanto faz. M: Nossa, que interessante, doutor. Que interessante saber que mesmo quem recebe o placebo tem melhora. E faz sentido, né? Por causa dessa atenção toda. Fenomenal! Fenomenal! Nunca tinha visto isso, nunca tinha ouvido esse conceito, essa ideia. Que legal! A: E aí, respondendo a sua pergunta, os locais onde se faz muita pesquisa são os locais clássico. Estados Unidos é uma potência em pesquisa clínica, acho que a maior parte das medicações como um todo vêm de lá, mas a Europa em si também é um celeiro, vamos falar assim, de pesquisa clínica. Em dezembro eu tive a oportunidade de conhecer um hospital em Barcelona, passamos uma semana, e 90% da população espanhola é atendida em serviços públicos. Então, eles estão muito acostumados a fazer pesquisa. É interessante porque eles são super, mas muito abertos à possibilidade de entrar em pesquisa. Eles até gostam. Então, é muito diferente no Brasil a mentalidade, a cultura brasileira, da mentalidade e cultura de locais. Então, Europa, Estados Unidos, Japão são locais onde fazem muita pesquisa clínica. E tem aqueles emergentes, a China está chegando forte nisso, por exemplo. M: Interessante, legal! No caso, como que os pacientes ou parentes de pacientes, o pessoal que está nos assistindo no Instagram, como é que eles podem se informar sobre doenças respiratórias raras e seus tratamentos? Por exemplo, esse tratamento para asma inovador que o doutor aplicou na sua paciente. Qual que é o melhor caminho para eles se informarem? Tem algum app, site, plataforma que eles possam pesquisar o paciente mesmo? Ou parentes do paciente? A: Existem alguns caminhos. É óbvio que no fim termina no médico. O médico e o paciente que vão decidir qual é o melhor caminho para ele tomar. Mas se o paciente quiser procurar ele mesmo, que eu acho que é super válido, informação, existem várias formas. Existem Associação Brasileira de Asma Grave, que é da Raíssa Cipriano, acho ela ótima nisso, ela ajuda bastante o atento com asma, mas tem associação de fibroses, de várias outras doenças que podem ajudar. A própria internet é um centro onde você consegue ter informações. Você falou do nosso site, o site da nossa clínica tem bastante informação sobre diferentes doenças, doenças raras também, então é forma de você se atualizar. E a gente vai lançar agora, na verdade já está em beta, um assistente plasmático, um assistente virtual, onde ele pode conversar com esse assistente e tirar algumas dúvidas sobre a sua doença e sobre tratamentos inovadores também. M: Legal, doutor. Eu vou compartilhar com o doutor uma experiência minha também. Uma vez a minha filha teve um problema de dor de cabeça e a gente passou por vários médicos até descobrir um tratamento que não tivesse efeitos colaterais, que o problema dos tratamentos que estavam sendo indicados era o efeito colateral. Na época eu achei muito difícil conseguir informações mais aprofundadas. Eu nem pensei em procurar uma associação para mãe de criança com dor de cabeça, nem se existe, mas eu não tive essa ideia. E como eu sou engenheira, para mim era muito importante ter acesso a números, estatísticas, para me dar segurança em relação ao que fazer. E eu vasculhei a internet e eu acabei encontrando as informações que eu precisava só em livros de medicina que tinha lá “o tratamento A, tem tanto de eficácia, tratamento B, tem tanto de eficácia”. Acabei comprando esses livros e lendo. E eu fiquei chateada com isso, porque eu pensei em outras pessoas que talvez não iam ter essa paciência de comprar um livro de medicina, ler até o dinheiro para fazer isso. E fiquei pensando que tinha que ter uma forma melhor para ter essas informações porque é um caminho que as pessoas podem seguir e ter esse apoio de uma maneira mais fácil. Que critérios, quando o doutor vai prescrever um tratamento… qual critério que o médico deve utilizar para decidir qual tratamento prescrever? Por exemplo, entre um tradicional ou um inovador, qual é o critério que o doutor usa? No caso da minha filha, eu estava querendo eficácia, mas qual é o critério adequado? E eu não sou médica também, então não conta, mas qual é o critério que o médico deveria utilizar? A: Na verdade, não é um critério. Um critério é impossível: primeiro ponto. Quando a gente faz uma pesquisa científica, a gente junta pacientes entre aspas ideais, muitas vezes até difíceis de serem encontrados na prática clínica diária. Então a gente tenta se cercar de várias coisas. Então a gente tem os critérios de inclusão para eles se encaixarem melhor e a gente conseguir avaliar a eficácia da medicação de uma forma perfeita. Quando a gente joga isso para a vida real, a gente vai ver que o paciente que está na nossa frente não é exatamente aquele que entrou na pesquisa. Então a primeira coisa que a gente tem que fazer é tentar colocar aquele paciente e encaixá-lo no melhor estudo que tem. Então ele talvez não se encaixe nenhum, mas olha, ele tem um perfil muito semelhante ao perfil que foi estudado para droga tal. Acho que esse é o primeiro ponto. Outro ponto importante é saber quais são as doenças que esse paciente tem em conjunto com aquela doença que eu vou tratar: as comorbidades. Ele tem alguma comorbidade que contraindica o tratamento que eu vou passar? Às vezes acontece. Então: olha, eu queria dar tratamento X, mas ele tem uma contraindicação absoluta a Y, esse X tá fora. Então eu vou ver quais são outras alternativas. E não só isso, tem medicações que não tem contraindicação para determinadas doenças, mas elas podem trazer doenças novas. Será que essas doenças novas vão ser limitantes frente às doenças que ele já tem? Ou será que vai atrapalhar tanto a qualidade de vida do paciente que não vale a pena colocar? Então, não é uma decisão pura e simples baseada em um critério, a gente tem que colocar tudo isso. E muitas vezes a gente precisa trazer a parte da intimidade do paciente na decisão. E é falar assim: olha, esse remédio aqui dá muita diarreia. E aí, o que você pensa sobre isso? “Pô, doutor, eu passo o tempo inteiro fora de casa, não dá. Eu trabalho não sei aonde, lá não tem banheiro, não posso mais ter remédio”. Então não pode. Então, não é simplesmente chegar, ó, esse é o melhor remédio pra você e pronto, né? A gente tem que colocar uma balança, dizer os prós e contras de cada uma delas e a partir daí a gente define com o paciente qual o melhor tratamento pra ele. M: Legal, doutor! Nossa, perfeito! Perfeito, obrigada! Eu consegui entender bem isso. No caso, agora mudando um pouco de assunto, vamos falar um pouquinho sobre tratamentos alternativos para problemas respiratórios. Por exemplo, hoje está na moda os tratamentos, não está muito na moda aqui no Brasil, mas está na moda na mídia, tratamentos digitais. A pessoa instala um aplicativo, usa um gadget que fala para treinar a respiração e tal. Tem também tratamentos fisioterápicos, homeopáticos e de acupuntura. Qual que é a sua opinião sobre esses tratamentos alternativos para problemas respiratórios? A: Eu acho que faltam dados. Ele volta àquilo que a gente conversou no começo da live. Existem coisas que a gente acredita ou não, e o fato de acreditar ou não é subjetivo. Esse tipo de tratamento precisa de dado objetivo para você dizer se ele é eficaz ou não. Então, antes de dizer que eu gosto ou não gosto, eu quero ter dados que me digam se funciona. Se funcionar, eu vou gostar. Se ele não tiver dado que mostra eficácia, é algo que provavelmente eu não vou usar. Então, esses tratamentos baseados em gadgets e outras coisas ainda está muito no começo. Na parte expiratória em si, a gente não tem nenhuma resposta que mostre algum tipo de benefício. Um dos exemplos maiores que eu gosto de dar é o canábis. É muito comum na consulta de pneumologia as pessoas perguntarem sobre o cannabis como algum tratamento que pode aliviar falta de ar, alguma outra coisa. Olha, não é o fato de eu gostar ou não gostar de canábis, mas não tem estudo. Se não tem estudo, ou os poucos que tem não mostram benefício, eu acho que não tem porquê querer pensar em usar isso. A gente tem outras coisas que já foram estudadas e que mostram benefício. Por que eu vou usar algo que ninguém sabe que funciona realmente? E que se a pessoa fala assim “ah, eu usei, estou me sentindo muito melhor”, será que na verdade isso é um efeito placebo? É muito comum o efeito placebo. É o fato da pessoa usar e querer melhorar. E tem outro detalhe também importante que eu vi recentemente: é aquela pessoa que disse que fez um determinado tratamento e melhorou horrores, é a mesma pessoa que traz, que vende aquele tratamento. Então existe um conflito de interesse muito grande. “Olha, eu usei isso, deu muito bem em mim. Eu tenho ele aqui pra você por módicos mil reais”. Será que funciona mesmo? Então, eu... Todas as escolhas delas precisam ser baseadas em dados. “Ah, tem uma tecnologia inovadora aqui, eu quero te mostrar se funciona pra você ver se é legal ou não”: tá bom, manda o estudo que mostra que ela tem dados que estão funcionando. Ah não, tem estudo que mostra que os dados funcionam. Beleza, então deixa eu ver se é realmente fácil de usar, se é legal, se realmente é algo que me parece ser útil. Então, esse é o caminho. M: Perfeito, doutor. E nesse caso, quando é que o doutor consulta? Tem alguma base de dados para consultar a eficácia desses tratamentos alternativos, fisioterápicos, homeopáticos. Está acessível isso para o médico pneumologista, por exemplo? A: Tem acesso em várias formas, tem muitos acessos. Quando eu quero um arquivo científico onde eu consigo me aprofundar mais sobre determinado assunto a gente usa a plataforma americana chamada PubMed. Acho que todo médico conhece. O PubMed me dá uma quantidade quase infinita de artigos. O grande trabalho do PubMed é você identificar aqueles que realmente são bons, que têm boa qualidade técnica, qualidade científica, fácil leitura e entendimento para você usar na sua prática clínica, mas talvez seja o local mais raiz para você conseguir chegar numa resposta para uma pergunta que você tenha. O problema é que lá tem muitos artigos que precisam ser pagos. Então eu tenho a sorte de trabalhar em algumas instituições que dão acesso a várias revistas médicas, que fazem uma assinatura, e elas me dão acesso a várias revistas médicas onde conseguem me atualizar. Existem formas de você conseguir esses artigos também pela própria indústria farmacêutica. Algumas indústrias dão a possibilidade de você, de uma pesquisa bibliográfica, e fala “olha, eu queria esses artigos” e eles compram esses artigos e mandam para você. Não é impossível. Olha, tem como pedir para um colega que tem acesso à revista e você pede a ele. Tem também algumas plataformas de médicos. Eu uso muito a UpToDate que é americana e agora estou usando também o Dynamedic americano. São duas plataformas em literatura médica que também dão acesso a uma quantidade muito grande de informações. É como se fossem livros digitais de medicina online. Nossa capacidade de acesso, de uso é gigantesca. Tem aplicativo de celular. Nos hospitais que eu trabalho, a gente tem acesso gratuito a isso. Por exemplo, no Einstein, a gente tem acesso gratuito a todo o UpToDate. Outro lugar que eu trabalho, em [inaudível] , me dá acesso gratuito ao Dynamedic, de onde eu estiver. Então, eu tenho uma facilidade grande de acessar literatura sempre que eu consigo. M: Interessante, legal doutor! Então, para o doutor é fácil, mas para outros médicos que não estão associados a essas instituições, o trabalho é um pouquinho mais trabalhoso, mais caro, mais complicado de chegar na informação. A: É, mas não é tão assim difícil. Eu não vou saber dizer, mas eu lembro que eu já acessei sites de indústria que você, pelo site da indústria, tem acesso ao UpToDate. Se você quiser só fazer um cadastro na indústria, você acessa a área médica e sem nenhum tipo de obrigação de prescrição de medicação, nada desse tipo. Você acessa e eles te dão acesso ao UpToDate. Salvo engano, a Sociedade Brasileira de Pneumologia também dá acesso aos associados ao UpToDate. Eu não vou falar, assinar embaixo porque faz tempo que eu não acesso, mas eu lembro que eu vi isso em algum momento no passado. Eu acho que eles ainda continuam fazendo isso também. M: Entendi, legal! Doutor, voltando à questão dos tratamentos alternativos, o doutor já viu algum tratamento alternativo que seja mais eficaz do que o convencional? Tem algum tratamento alternativo que o senhor já recomendou e não funcionou? A: Não. Veja, Tratamento alternativo termina sendo um termo que a gente fala sobre medicações pouco estudadas ou formas de ação que tem pouca evidência na literatura. E esse tipo de tratamento é algo que eu não faço e também não sou muito afeito porque a medicina, ela parte de um pressuposto muito importante, que é: antes de tudo, não fazer mal. Então, antes de qualquer tipo de conduta, tratamento que eu venha prescrever para um paciente, eu tenho que me assegurar que a chance disso ter um efeito colateral que vai fazer mais mal para o paciente seja muito menor do que o efeito benéfico que esse tratamento venha fazendo. Quando a gente fala de terapias alternativas de lato sensu como um todo, que são coisas pouco estudadas, essa certeza de que aquilo vai fazer, de que aquilo não vai fazer o mal, eu não tenho porque isso não foi estudado. Quando a gente faz uma pesquisa de medicação, ele tem que passar por duas fases. E a primeira fase, antes de saber a sua eficácia, é a segurança. Eu tenho que ter certeza da segurança de determinado tratamento. Se eu não tenho certeza de uma segurança de tratamento, esse tratamento alternativo, eu acho que ele não deve ser usado. Eu não tenho experiência com terapias alternativas. M: Doutor, e se vamos pegar, por exemplo, o tratamento fisioterápico. Ele é considerado alternativo, se enquadra nesse critério que o doutor colocou ou não? Ele é considerado um tratamento válido e em alguns casos ele pode ser melhor do que a medicação, no caso de fisioterapia? A: Falar em fisioterapia, a gente está sendo muito amplo, fisioterapia é uma especialidade gigante. Então, o médico faz diferença e fisioterapeuta faz diferença. Aí o ponto é: que tipo de fisioterapia faz diferença? A gente tem vários tipos diferentes de fisioterapia. E eu acho que os fisioterapeutas que eu confio no trabalho, que a gente tem pacientes juntos e que eu sei que a ação deles modifica o custo da doença. E isso é muito importante em doenças respiratórias. Uma coisa que eu gostaria de colocar é que as pessoas muitas vezes falam assim que fisioterapia respiratória melhora o pulmão: isso não é uma verdade 100%, depende da doença. Tem doenças que eu não quero focar na fisioterapia respiratória. eu quero focar na fisioterapia motora, na reabilitação. Às vezes eu não preciso fazer esforço da musculatura porque a fisioterapia respiratória muitas vezes mexe na musculatura e não no pulmão em si. De novo: depende da doença, depende do que eu tô fazendo. Mas tem determinadas coisas que não vão agir tanto, não vão agir na musculatura. Eu quero melhorar a força do quadril, isso assim eu vou melhorar. Eu quero melhorar a força do ombro, pra ele conseguir pegar o neto no colo, entendeu? Depende muito do objetivo que eu quero. M: Entendi, perfeito! E esses dados, então, sobre esse tratamento, por exemplo, de fisioterapia é um que pode ser encontrado na UpToDate ou nessas ferramentas que o doutor citou também? Ou não? Ou esses tratamentos não podem ser encontrados? A: Não, existem tratamentos fisioterapêuticos de reabilitação. Uma larga experiência de estudos clínicos, científicos que mostram uma resposta bastante expressiva em várias doenças. Então a reabilitação, por exemplo, é algo que é um trabalho fantástico e excepcional feito pelo fisioterapeuta para pacientes que têm doenças pulmonares crônicas. São pacientes que, às vezes, eles estão na cadeira de rodas usando oxigênio e voltam a ter uma vida normal, onde conseguem andar de sua própria, sair do oxigênio, isso acontece. Isso é para todos os casos, mas para paciente que não consegue sair do oxigênio, vai ser paciente que não vai conseguir voltar a andar como estava. E muitas vezes melhorar. Pode ser que ele não consiga sair da cadeira, mas também depende muito da doença e do paciente. Tem doenças que infelizmente são incuráveis e progressivas. Tem doenças que a gente consegue modificar o curso dela. M: Legal! Perfeito, doutor! Agora eu vou perguntar pra vocês que estão nos assistindo novamente: vocês já usaram algum tratamento alternativo para tratar alguma doença? E eu vou considerar aqui como tratamento alternativo não só a cannabis, vou considerar fisioterapia, acupuntura, homeopatia e eu queria perguntar para vocês outra coisa: como que vocês ficaram sabendo desse tratamento e se ele deu certo? Se vocês puderem escrever nos comentários aqui um pouquinho. Enquanto vocês escrevem, doutor, e a acupuntura? É o mesmo caso da fisioterapia ou é outra abordagem, outra visão? A: A acupuntura é um tratamento que para a doença respiratória como um todo, a gente não tem muito dado, mas não que a acupuntura não funcione. De novo, a gente teve dados. Então, a gente tem dados de acupuntura, por exemplo, para tratamento de dores crônicas, de problemas ortopédicos. Então, isso a gente tem dados e elas têm benefícios. Então, de novo: terapia alternativa termina criando algo que você pensa “poxa, é que não foi estudado”. Precisa ter sido estudado e a partir do momento que foi estudado e mostrou benefício, é ótimo. E aí a gente para de chamar de terapia alternativa. M: Legal, perfeito. Aí não é mais terapia alternativa, legal. Vamos ver aqui, eu não vi nenhum comentário ainda, ninguém respondeu sobre essa questão de... ninguém usou aqui, ninguém usou o tratamento alternativo aqui das pessoas que responderam, ok. Vamos lá então. Doutor, é verdade, o senhor falou dessas plataformas, UpToDate, WebMed, é verdade que a maior parte das pesquisas em centro e área médica não estão em português? A: Ah, isso sim. A maior parte da literatura mundial é em inglês. Inclusive, várias revistas brasileiras, elas publicam em inglês antes de português. Isso porque quando a pessoa ganhar autoridade, relevância e, querendo ou não, na hora que ela ganha uma autoridade/ relevância, ela ganha mais incentivos para ser mais estudada, a pesquisa precisa ter um financiamento. Se você faz pesquisa que não tem impacto, elas vão perdendo financiamento. Se tem impacto, vão ganhando mais financiamento. Para você identificar impacto no mundo científico, você tem que publicar em revistas que têm alto impacto, e as revistas de alto impacto são aquelas que são mais acessíveis a todo mundo. E a língua mais falada é a inglês, por isso que a China publica em inglês, o Brasil em inglês, a Alemanha em inglês, porque a chance de você fazer um estudo com relevância no mundo científico aumenta muito. E aí o que a gente tem em português, tem algumas plataformas de atualização científica em português, mas pelo próprio uso que nós fazemos. A gente ainda está acostumado a acessar a maior parte em inglês. E hoje em dia o que facilita bastante é que a gente tem várias ferramentas de tradução, o próprio Google ou o chat GPT ou a inteligência artificial, conseguem fazer traduções de textos. Então, se você hoje em dia tem dificuldade num determinado texto e eu quero um texto em chinês, eu posso prestar um texto jornal numa plataforma de inteligência artificial e traduzir em português para mim com uma boa curatividade. M: Legal, perfeito! Agora vou contar para o doutor um pouquinho de uma coisa que a gente está desenvolvendo aqui. A Linca, que é a dona do Telix, é uma empresa de telecomunicações. A gente trabalha há 25 anos em telecomunicações. E o que acontece, a realidade da internet hoje, é que quando alguém na Austrália ou na Índia publica um site de internet, um site novo na internet, em 24 horas esse site já está disponível indexado no mundo inteiro, qualquer um do mundo inteiro consegue acessar de maneira fácil, ver e classificar. Isso é possível porque a internet inteira trabalha com um protocolo, que é o TCP e IP e o DNS. O que me angustia é que em relação à pesquisa sobre tratamento de saúde, eu pelo menos não vi um patrão, não vi um protocolo. Então, cada ferramenta usa uma forma diferente. Em relação a doenças médicas, a gente tem, tem a CID-11, então você consegue ter estatísticas sobre doença entre os países, é uma coisa que você consegue os dados de qualquer país sobre as doenças. Porém sobre os tratamentos médicos, como não tem um padrão para comparação, um padrão para entrada de dados que seja universal e aceito por todos os países. A gente ainda usa esse caminho de revista, de congresso e cada um é um padrão de espécie ainda, não é um padrão fácil, visual, acessível, como é, por exemplo, o padrão de buscas na internet. Então, a gente está propondo aqui para o doutor, e estamos tentando desenvolver aqui na Linca, um projeto, de criar um padrão para unificação de input de dados de tratamento de saúde. E aí, qual que é a ideia? A ideia seria que, vamos supor, assim como funciona a internet. Tem diversos data centers no mundo que conversam por que a gente consegue acessar um dado longe porque todo mundo usa o mesmo padrão, é só isso que permite. A nossa ideia era ter, estabelecer, usar um padrão para tratamento de doenças também, assim como existe um padrão para doenças, um padrão para tratamento de doenças em centros de dados que seriam dos centros atuais de conhecimento médico, por exemplo, o Einstein, um centro na China, centros nos Estados Unidos, eles todos usando o mesmo padrão, interligados. Isso permitiria, por exemplo, que o doutor, vamos supor que o remédio é bom: o doutor poderia lançar nesse banco de dados imediatamente ali o resultado da sua pesquisa e ela estaria acessível para qualquer um acessar no mundo inteiro, com os dados numéricos também, dados numéricos padronizados. Então, por exemplo, eu quero ver uma eficácia de um tratamento para fibrose cística: o doutor entraria numa base de dados, digitaria lá fibrose física e estaria os tratamentos tabelados por eficácia, fácil de ver. E aí, isso aqui não me interessa, eficácia não é boa, isso aqui interessa, deixa eu ver a confiabilidade. De uma maneira fácil de acessar. A gente acha que isso é uma coisa que seria legal ter. E a gente está trabalhando, desenvolvendo um pouquinho essa ideia. O que o doutor acha dessa ideia? Faz sentido ou não? A: Olha, eu acho que é um desafio. Primeiro ponto, antes de tudo. O primeiro desafio que eu vejo nisso daí é: como é que você teria um acesso aos dados protegidos? Porque tem um ponto importante que é a proteção de dados. Toda vez que você tem uma pesquisa clínica, e eu participo de pesquisas clínicas, a gente assina um contrato de sigilo. E os dados que estão produzidos têm um dono. E esse dono normalmente não é o hospital, o dono é o financiador. Então, por exemplo, a gente vai falar que são dados que o governo chinês financiou e o dado que o governo brasileiro financiou. Será que é possível a gente colocar isso tudo no banco de dados? Mesmo que eu tire a identificação do paciente, o primeiro desafio é você conseguir acesso aos dados. O segundo é que existem estudos que a gente consegue fazer que os autores pedem acesso aos dados, são liberados e eles fazem uma análise desses dados de estatística, metanálise e revisão sistemática. E a partir daí que você consegue ter dados melhores para poder pegar aquela confusão de dados e ser um racional. E esse cálculo estatístico é muito difícil. Então, assim, eu acho que se a gente tivesse uma possibilidade de fazer isso em tempo real e contínuo seria muito bom, mas eu acho que é muito difícil, esse desafio é muito grande. A BIREME é uma coisa, ele tem muito dado, é brasileiro e a Cochrane é uma biblioteca internacional que ela trabalha exatamente com esse tipo de coisa e talvez se você alguém pra você olhar com carinho. M: Legal, doutor. Obrigada pela dica. Em relação a essa questão do dono do dado, na internet é assim também, né? O caso é que todo mundo usa o mesmo protocolo. Então, por exemplo, tem lives que são gratuitas e a gente está usando o protocolo TCP e IP para transmitir essa live. A pessoa não tem que pagar nada e tem os cursos que são pagos e que a pessoa daí paga para acessar. Mas tanto faz o conteúdo pago ou o conteúdo gratuito, a infraestrutura que todo mundo está usando é o protocolo TCP IP, tem um padrão normal que é o mesmo padrão. Então a ideia seria desenvolver um padrão de troca de informações na área de saúde, um padrão que seria universal, que todo mundo concordaria, desenvolveria em conjunto e combinaria de usar junto porque a internet foi uma construção que cada órgão foi aderindo. Algumas universidades se implementaram, os órgãos de defesa, e aí o que fazia a pessoa entrar na internet era justamente ela concordar em usar o mesmo padrão e aí se criou todo um ecossistema em cima disso. E a ideia nossa é criar esse ecossistema também. Não criar, contribuir para o surgimento dessa ideia, que se todo mundo usar o mesmo padrão. Só esse conceito, usar o mesmo padrão para tratar esses dados sobre tratamentos de saúde. A: Entendo. Eu não tenho conhecimento técnico para isso. O que eu posso falar é o seguinte: visão existe, por exemplo, em imagem. Então, as tomografias, as radiografias, os ultrassons hoje em dia todos usam o formato DICOM no mundo inteiro. Então, as diferentes indústrias que fazem seus tomógrafos, todas elas criam dados em DICOM. E aí o DICOM é acessível para todo mundo. Pelo que eu entendo, seria mais ou menos isso. E aí entra uma parte técnica, que para mim é meio complexa de falar. M: Legal. Não, mas perfeito. O doutor entendeu perfeitamente o conceito. É isso que a gente acha que devia ter na saúde. A gente, como empresa de telecomunicações e comunicação, a gente acha que ia facilitar bastante. Doutor, o doutor trabalha em diversas frentes, o curso de pós-graduação, sua atuação na CDRA e na Optimus Intelligence , gostaria de contar pra gente um pouquinho mais de algum desses projetos que o doutor está trabalhando? A: Olha, tem o consultório, o consultório a gente tem discutido muito em como melhorar a parte educacional. A gente tem lançado novos vídeos, gravações em estúdio com uma equipe dedicada. Isso é uma forma de trazer mais informação de qualidade. Temos, pós-graduação, uma parceria junto com o Hospital Albert Einstein que é um local de excelência, todo mundo conhece bem. Então, a gente está organizando um curso muito, mas muito didático para melhorar o conhecimento de quem vai participar. E existem também essas iniciativas tecnológicas, como, por exemplo, essa empresa do qual eu sou consultor, que é a Optimus, onde temos aí essa beta de assistente virtual para asmáticos. É uma coisa que a gente acha que vai ser muito útil aí nos próximos meses, anos. Faz um pouquinho de cada. M: Que legal doutor! E como que é o nome dessa empresa que tem esse assistente virtual para asmáticos? A: É Optimus. M: Legal pessoal, fiquem de olho então na Optimus aí, quem tem asma, para a gente acompanhar as novidades aí que eles vão lançar. Já caminhando para o final, qual que é a sua visão para o futuro da saúde, doutor Alexandre? A: Eu acho que cada vez mais a gente vai ter uma medicina personalizada que é a medicina de precisão. Como eu falei antes, quando a gente faz um estudo clínico, a gente coloca um monte de critério para o paciente se encaixar naquele estudo. Mas esse paciente muitas vezes não é o real que a gente vê no dia a dia do consultório. E eu acredito que a gente vai conseguir personalizar a medicina do ponto de vista de você conseguir dados que antes eram impossíveis de serem coletados e isso vamos juntar inteligência artificial, dados clínicos, genéticos, de forma que a gente vai conseguir personalizar o melhor tratamento possível para cada um deles. Então, eu posso chegar num grau de falar: olha, o seu caso, a dipirona, vai ser melhor do que o paracetamol porque eu vou ter uma capacidade de definir como é a resposta orgânica daquela pessoa a determinados tratamentos. M: Nossa! Que legal, doutor! Muito joia! Que recomendações de saúde o doutor daria para as pessoas que estão nos assistindo? A: O que a gente já sabe que faz a gente viver melhor é ter uma alimentação boa: balanceada, frutas, verduras. A melhor dieta em estudos é a tal da dieta do Mediterrâneo que é uma dieta difícil, mas de uma forma geral é menos carne vermelha, mais frutos do mar, mais grãos, verduras e legumes. Atividade física é essencial. A gente sabe que quem vive mais, quem vive melhor, está associado a uma atividade física, a manter uma atividade intelectual, a ter boas noites de sono. Uma coisa que é muito pessoal, acho que a gente precisa de um propósito: se a gente tem um propósito, alguma coisa com que mantermos vivos e ativos ajuda muito em todas as outras coisas. M: Que legal, doutor! Obrigada. Agora a gente vai abrir para perguntas. Um monte de gente comentou aqui comigo que queria fazer perguntas pro doutor, gente que tem pai que tem enfisema, mulher que tem asma. Agora é o momento da pergunta, pessoal! Quem quiser colocar uma pergunta aqui para o doutor Alexandre, ele vai responder para a gente. Enquanto o pessoal escreve aqui as perguntas, doutor, tem mais alguma coisa que o doutor gostaria de dizer para o pessoal que está nos assistindo? A: Poxa, a gente falou de tanto assunto aqui… eu acho que se a gente quiser melhorar, como um todo, a gente tem muita saúde, né? Se a gente quiser ter o melhor cuidado possível. A gente precisa ter muita atenção no que é que a gente vai procurar. Eu acho que se criou muito achismo, existem muitos negacionistas, sempre pensando que pode ser alguma teoria da conspiração ou alguém que está querendo lucrar indevidamente. É óbvio que esse tipo de coisa existe no mundo, os seres humanos são assim, mas no mundo científico quem participa dele tenta ser aqueles que mostram um desvio de conduta, eles são banidos. Então é uma coisa realmente muito forte. As pessoas que vieram com tratamentos inovadores, que tinham um bom currículo, eles terminam sendo excluídos desse mundo científico. A credibilidade deles termina sumindo porque na verdade ninguém quer que haja manchas nesse mundo. Então, eu acho que a gente tem que ter muito cuidado com pessoas ou tratamentos que dizem ser milagrosos, que são capazes de mudar completamente tudo. Eu acho que procurem sempre profissionais conscientes que estão realmente preocupados com bem-estar e não exatamente querem empurrar alguma coisa nova ou traduzir como milagrosa e ver se aquilo na verdade. Quanto mais consensual é determinada recomendação, provavelmente é porque tem mais evidência científica. Então se tem alguém que fala muito contra tudo, que vê que a voz é muito diferente da média da comunidade científica, daqueles que realmente se preocupam com o rigor científico das coisas, eu acho que precisa ter um pouco de cuidado. Em um período com caminhos mais obscuros, que na verdade podem trazer até mais mal do que a venda de algo milagroso, na verdade, que pode se mostrar muito pior do que um tratamento convencional. M: Perfeito, doutor. Muito obrigada pela dica. Obrigada, pessoal. Prestem bastante atenção aqui. Não apareceu nenhuma pergunta aqui, não tô vendo pelo menos perguntas, doutor. Então, ai, deixa eu chegar aqui… três perguntas aqui: quais são os exames de rotina para cuidar da saúde respiratória? Uma pessoa perguntou das consequências do uso dos cigarros eletrônicos para o pulmão e uma pessoa perguntou sobre inovações para o tratamento de enfisema. Doutor, gostaria de responder alguma dessas perguntas? A: Eu posso responder as três. Sobre quais exames ou procedimentos que a gente faz de acordo com as características das pessoas. Então, um exemplo é o tabagista. Eu não vou fazer tomografia para procurar um câncer de pulmão em todo mundo, mas grandes tabagistas que tiveram a carga muito alta que tem mais de 50 anos, eles merecem fazer tomografia de rastreio de câncer de pulmão, por exemplo. Assim como fazer a espirometria para avaliar se existe algum tipo de alteração na função pulmonar. Então, muito direcionado. E do ponto de vista geral, isso não é só para a epidemiologia. Existem muitos exames que são feitos como, entre aspas, rotina, mas que do ponto de vista de benefício clínico são extremamente duvidosos. Não vou ficar citando porque eu acho que não é meu papel, mas do ponto de vista de saúde geral, que todo mundo merece fazer, o número de exames é muito pequeno. É muito mais importante a avaliação clínica. A outra pergunta foi sobre tratamentos inovadores para DPOC né? O que está vindo, né? M: Não. Inovações no tratamento de enfisema. A: Enfisema, aham. DPOC e enfisema terminam sendo sinônimos na maior parte das vezes. Existem medicações, injetáveis que são terapias-alvo, como eu tinha comentado, que a gente tem alguns marcadores que indicam que o paciente tem que ter tratamento. Então, isso está chegando. Assim como tem terapias locais, como por exemplo válvulas, que a gente pode colocar dentro do pulmão para melhorar a mecânica respiratória como um todo. Essas válvulas já existem, essas medicações injetáveis estão chegando, mas também temos aí perspectivas futuras muito boas para o tratamento de enfisema.E acho que tinha mais outra pergunta aqui. M: A próxima pergunta foi sobre consequências do uso dos cigarros eletrônicos para o pulmão. Essa pergunta é muito importante porque na minha equipe tem um monte de jovens e eu fico transtornada como eles usam o vape. Eu não sei, essa pergunta eu gostei muito. Qual que é a consequência do uso de cigarros eletrônicos para o pulmão, doutor? A: Olha, as consequências tem várias e várias que a gente ainda não conhece. De uma forma geral, eu posso falar. As pessoas que estão fumando hoje em dia, elas estão sendo realmente as cobaias do que vai acontecer lá na frente. Então, a gente vai ter uma resposta melhor daqui a alguns anos, mas já tem várias doenças que estão relacionadas ao cigarro eletrônico. Então, a pior delas é uma que se chama Evali, que pode até matar. Eu tenho um vídeo no meu Instagram que é exatamente sobre vapes. Como é um tema extenso, eu sugiro para quem estiver nos assistindo acessar o vídeo e ter resposta a essa pergunta. M: Legal. Mas em resumo, o uso de vape pode até, em alguns casos, desenvolver uma doença que mata, é isso? A: Sim, em 2019 nos Estados Unidos teve até uma epidemia grande, foi muito falado, de vários jovens que vieram a falecer por causa dos efeitos e infelizmente já tem casos no Brasil disso daí. M: Que pena, doutor. Perfeito! Olha, muito obrigada pela sua participação nessa entrevista, foi muito ótima! Foi muito melhor do que eu imaginava. Contribuiu pessoalmente para mim de várias maneiras, abriu muitos horizontes para a gente. Tem algumas pessoas que eu conheço que eu já vou pedir para procurarem o senhor, que tem asma crônica. Fiquei muito feliz de saber dessa novidade, que a pessoa pode ficar curada e parar de usar corticóide e tal. Fico muito feliz mesmo em saber dessas novidades. Obrigada por estar aqui à sua disposição e boa sorte aí no seu trabalho! Parabéns, e nos seus projetos também! Eu vou estar acompanhando o desenvolvimento da Optimus. Boa sorte no seu curso de pós-graduação, no trabalho da CDRA e é isso. A: Muito obrigado! Eu também torço aí pelo projeto. Que se realmente vocês conseguirem colocar um tijolo nesse projeto que é gigantesco, vai ser muito bom para todo mundo porque conseguir unificar dados de uma linguagem única é algo gigantesco! Vai ser muito bom para todo mundo porque conseguir unificar dados de uma linguagem única é algo que realmente pode facilitar para a gente. M: Que bom! Que bom que o senhor gostou da ideia. Fico muito feliz com isso! Espetáculo! Um abração! A: Tchau! [fim da gravação]
- Boas novas para o Telix: estamos mudando para melhor!
O post de hoje é diferente de tudo que já trouxemos por aqui. Como tudo neste mundo passa por mudanças, o Telix Canais de Notícias também vai mudar. Este passo, significa para nós um novo começo, com novos propósitos e um importante significado. A partir de agora, seremos “Telix - Conhecimento para a saúde”. É importante reforçar que as informações de qualidade não vão acabar, muito pelo contrário, elas continuarão presentes em tudo que fizermos, no entanto, nosso foco será outro. Para nós, as mudanças são muito bem vindas! Com essa transição, acreditamos que poderemos melhor contribuir com a população e desempenhar nossa missão de informar com qualidade. A saúde é um dos principais temas de busca em todo o mundo! O acesso a informações precisas, confiáveis e de qualidade sobre o assunto, é uma necessidade para todas as pessoas. Por isso, dedicaremos nossos esforços nessa área, contribuindo positivamente com toda a sociedade. Acreditamos que trazer conceitos de engenharia, telecomunicações, internet, didática e o ponto de vista dos usuários pode contribuir significativamente no ecossistema da saúde para conseguirmos uma sociedade mais saudável! Queremos que este seja um ponto de partida promissor no desenvolvimento de algo grande, com grande valor para todas as pessoas, que buscam saber mais sobre sua saúde ou a de seus familiares todos os dias. Neste sentido, nosso papel é facilitar o acesso a essas informações, com a contribuição de experts no assunto, profissionais renomados e com propriedade de fala, promovendo a segurança de nossos usuários. Siga nossas redes sociais para acompanhar de perto todas essas mudanças! Instagram Telix
- Menos mulheres ocupam cargos no Parlamento Europeu
Ao vivo | Acompanhe a programação do Telix Canais de Notícias e se mantenha informado(a) sobre tudo. A recente eleição para o Parlamento Europeu trouxe uma surpresa: pela primeira vez em 45 anos, a percentagem de mulheres entre os eurodeputados diminuiu. A 10.ª legislatura do Parlamento terá 720 deputados, 15 a mais do que na anterior, mas com uma menor representação feminina. Apenas 38,7% dos membros são mulheres, uma queda de 1% em comparação com o mandato anterior. Em uma entrevista exclusiva com a Euronews, Doru Frantescu, fundador e CEO do centro de estudos EU.Matrix, analisou os dados e suas implicações. “É, de fato, a primeira vez desde que se realizaram eleições para o Parlamento Europeu, em 1979, que a proporção de mulheres diminuiu em comparação com o mandato anterior. Não é uma grande diminuição, apenas 1%. Mas ainda assim, é a primeira vez que a tendência de aumento com vista à paridade não se verificou.” afirma. Essa redução na percentagem de mulheres no Parlamento Europeu destaca a necessidade contínua de esforços para promover a igualdade de gênero na política. Apesar do progresso significativo ao longo das décadas, esta mudança demonstra que a paridade de gênero ainda não é garantida e pode ser afetada por variáveis políticas e sociais. Para mais informações como essa, siga o perfil do Telix Canais de Notícias e se mantenha bem informado(a)! Instagram: Telix: Canais de notícias
- Senado aprova lei que regulamenta Atividades Espaciais
Ao vivo | Acompanhe a programação do Telix Canais de Notícias e se mantenha informado(a) sobre tudo. O Senado aprovou nesta quinta-feira (11), o projeto de lei que regulamenta as atividades espaciais no Brasil. A proposta, que agora segue para sanção presidencial, tem o potencial de transformar o país em um novo player no setor aeroespacial global, abrindo portas para a exploração espacial e investimentos privados no setor. O novo marco regulatório estabelece uma série de diretrizes para a exploração espacial. Entre os pontos mais destacados, está a permissão para o transporte de materiais e o turismo de pessoas no espaço. Esta medida visa não apenas fomentar a curiosidade científica e a inovação tecnológica, mas também criar um novo mercado que pode atrair bilhões em investimentos. O projeto também abrange o desenvolvimento de tecnologias e equipamentos espaciais, como satélites e foguetes. Isso significa que empresas brasileiras poderão desenvolver e lançar seus próprios satélites, além de colaborar em missões internacionais. A regulamentação inclui ainda normas de segurança e diretrizes ambientais para garantir que as atividades espaciais sejam conduzidas de maneira responsável e sustentável. A aprovação desta lei pode ter implicações econômicas significativas. Com o mercado espacial global avaliado em cerca de US$ 400 bilhões e crescendo rapidamente, o Brasil está posicionado para atrair investimentos estrangeiros e estimular a economia local. Empresas nacionais poderão se beneficiar de parcerias internacionais, transferências de tecnologia e criação de empregos altamente qualificados. Para mais informações como essa, siga o perfil do Telix Canais de Notícias e se mantenha bem informado(a)! Instagram: Telix: Canais de notícias
- Mais de 20 casos de envenenamento de cães denunciados na Tijuca
Ao vivo | Acompanhe a programação do Telix Canais de Notícias e se mantenha informado(a) sobre tudo. Os moradores da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, estão em alerta após mais de 20 casos de envenenamento de cães serem denunciados. Apenas no último mês, a Barra da Tijuca, na zona oeste, registrou mais de 40 casos, resultando na morte de seis cães. Nos últimos dias, 23 cães apresentaram sinais de envenenamento após passeios na Praça Afonso Pena. Donos e adestradores procuraram atendimento em veterinárias e shoppings, onde foi confirmada a suspeita de envenenamento. A polícia está investigando os casos, enquanto o vereador Luís Ramos Filho, presidente da comissão de defesa dos animais da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, lidera as investigações. Ainda não se sabe se os envenenamentos foram acidentais ou intencionais. Para mais informações como essa, siga o perfil do Telix Canais de Notícias e se mantenha bem informado(a)! Instagram: Telix: Canais de notícias
- Reforma Tributária: relatório não prevê isenção de imposto para carnes
Ao vivo | Acompanhe a programação do Telix Canais de Notícias e se mantenha informado(a) sobre tudo. O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados apresentou o relatório sobre a regulamentação da reforma tributária, destacando a exclusão das carnes da alíquota zerada do novo IVA. Os parlamentares debateram entre duas opções: zerar a alíquota para carnes, elevando a alíquota padrão para 27,1%, ou mantê-las com um redutor de 60%, resultando em uma alíquota de 10,6% e uma alíquota padrão de 26,5%. O deputado Claudio Cajado (PP-BA) explicou que a inclusão da carne na cesta básica com alíquota zero aumentaria a alíquota geral em 0,57 ponto percentual. Segundo ele, o item nunca foi considerado na cesta básica e os cálculos foram baseados em dados do Ministério da Fazenda. O deputado Augusto Coutinho (REPUBLICANOS-PE) acrescentou que o impacto seria significativo, mas que os técnicos da Fazenda aprovaram o trabalho realizado. Outros Pontos Importantes O prazo para ressarcimento de créditos acumulados será reduzido de 60 para 30 dias para contribuintes em programas de conformidade. O texto prevê um regime especial de entreposto industrial sob controle aduaneiro (Recof). Novas hipóteses de desoneração de capital por ato de receita e comitê gestor estão incluídas. Produtos sujeitos ao imposto seletivo devido a danos à saúde incluem veículos, embarcações, aeronaves, produtos fumígenos, bebidas alcoólicas, bebidas açucaradas, bens minerais e jogos de azar. Para mais informações como essa, siga o perfil do Telix Canais de Notícias e se mantenha bem informado(a)! Instagram: Telix: Canais de notícias
- Exportação de carne bovina para os EUA aumenta 123,4%
Ao vivo | Acompanhe a programação do Telix Canais de Notícias e se mantenha informado(a) sobre tudo. Segundo o canal Terra Viva, as exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos registraram um aumento significativo no mês de maio, totalizando 10,17 mil toneladas, um crescimento de 123,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa recuperação se deve principalmente à redução do rebanho norte-americano, o menor da história, que aumentou a demanda por carne bovina importada. Além disso, a alta do dólar em relação ao real e a queda no valor da arroba do gado brasileiro tornaram o produto nacional mais competitivo no mercado internacional. A estratégia norte-americana envolve a importação de carne mais barata do Brasil para produção de hambúrgueres, enquanto exportam os cortes nobres e mais caros de sua própria produção. Para mais informações como essa, siga o perfil do Telix Canais de Notícias e se mantenha bem informado(a)! Instagram: Telix: Canais de notícias
- Novo Plano Nacional de Educação é enviado ao Congresso
Ao vivo | Acompanhe a programação do Telix Canais de Notícias e se mantenha informado(a) sobre tudo. De acordo com informações divulgadas pelo canal Band News, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (26) o projeto de lei que estabelece o novo Plano Nacional de Educação (PNE) para o período de 2024 a 2034. O documento, agora em análise pelo Congresso Nacional, apresenta 18 objetivos e 58 metas abrangendo diversas áreas da educação, como educação infantil, alfabetização, ensino fundamental e médio, educação integral, diversidade e inclusão, educação profissional e tecnológica, educação superior, e estrutura e funcionamento da educação básica. O PNE propõe estratégias detalhadas para alcançar essas metas, com a participação da União, estados e municípios. Dentre as inovações, destaca-se a ênfase na qualidade do ensino, com metas específicas para educação infantil, profissional e tecnológica, ensino superior e formação de docentes. Além disso, o plano contempla a ampliação do acesso à educação escolar indígena, do campo e quilombola, e mantém metas para a educação especial e educação bilíngue de surdos. Para mais informações como essa, siga o perfil do Telix Canais de Notícias e se mantenha bem informado(a)! Instagram: Telix: Canais de notícias